Publicado por Herbert em Expositor Cristão - 13/04/2014

Missão integral nas aldeias

Desde 1928 a serviço dos povos indígenas

 

TEXTO: PR. MARCELO RAMIRO

Agosto de 1928. Igreja Metodista em festa. Era o início do trabalho missionário com os povos indígenas. A notícia da ação no antigo Mato Grosso se espalhou rápido pelo Brasil. O Expositor Cristão na época estampou a foto do médico Nelson Araújo, o metodista brasileiro enviado para atuar ao lado dos índios.

Na primeira página do jornal uma honrosa apresentação: "Da Igreja de Juiz de Fora-MG, apresenta-se o dr. Nelson Araújo, que, recém formado, fecha os olhos aos lucros de uma carreira que facilmente exerceria, prontificando-se, com verdadeiro espírito de serviço, a se consagrar à obra missionária como o representante metodista entre os filhos das selvas mato-grossenses".

O médico Nelson Araújo começou o trabalho ao lado do metodista e técnico agrícola Francisco Brianezi. Eles integravam uma equipe da Associação Evangélica de Catequese aos Índios, em parceria com as Igrejas Presbiteriana Independente e do Brasil. Trabalho cheio de altos e baixos. A participação metodista teve de ser interrompida em 1946. Com outra estratégia, a missão foi retomada 25 anos depois pelo bispo Scilla Franco.
 


Compromisso

Durante todo o trabalho entre os índios kaiuás, a Igreja Metodista se comprometeu a não fazer proselitismo entre os índios e a buscar uma conversão da própria Igreja para a causa indígena. "Se você não puder apresentar Jesus aos indígenas com seus atos, é melhor ficar calado", dizia o bispo Scilla Franco.

A Igreja Metodista criou uma equipe de apoio, formada pelos pastores Francisco Antônio Correia, Sérgio Marcus Lopes, Thimóteo Campos dos Santos e a professora Lídia dos Santos. A partir das reuniões foi criado o Grupo de Trabalho Indigenista e, posteriormente, uma pastoral para tratar especificamente da causa indígena.
Em 1983, o Colégio Episcopal da Igreja Metodista aprovou o documento "Bases para uma Política Indigenista". Nesse mesmo ano, o agrônomo Áureo Brianezi foi substituído pelo casal de pastores Paulo Silva Costa e Maria Imaculada Costa, na chamada Missão Tapeporã, nas aldeias de Dourados, Mato Grosso do Sul.

Missão

Com esse direcionamento outras iniciativas de missão indígena surgiram na Igreja Metodista. Em 1989 o metodismo se aproximou dos macuxis na aldeia Bala, agora conhecida como Maruwai. "Passamos a dar assistência espiritual e apoio quando vinham doentes ou com problemas para a cidade", conta a pastora Maria Madalena Freitas, que participou do início do projeto. Hoje, toda a comunidade, mais de 200 pessoas, é metodista.

A partir de 1992 começou a reunir-se um grupo mais amplo de pessoas e verificou-se que ações de serviço e solidariedade já vinham se expandindo para vários povos indígenas do ­Brasil. Também foram alcançados os povos Krenak (MG), Guarani Mbya (ES), Tapeba (CE), Pataxó (MG), Kaingang (RS), Guarani-Kaiowá, Terena, Guarani-Nãndeva (MS), Kiriri (BA) e Kanamari (AM).

Diretrizes

Com mais maturidade para lidar com questão indígena, a Igreja Metodista lançou, em 1999, o documento – Diretrizes Pastorais para a Ação Missionária Indigenista. O texto é um norteador das ações com os povos indígenas e é contra o proselitismo. "O Evangelho só constitui boas novas aos povos indígenas à medida que os ajuda a fortalecer as suas próprias culturas, a refazer os seus direitos sobre a terra e a recobrar a dignidade que os filhos e filhas de Deus possuem", afirma o documento.

Ainda hoje o trabalho indigenista é um desafio. De acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), no Brasil são cerca de 220 diferentes povos com uma população que ultrapassa os 800 mil. A língua também é uma barreira para o trabalho. Estima-se que no país há mais de 200 línguas indígenas, dificultando o trabalho de tradução da Bíblia e divulgação entre os povos indígenas.


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