Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

reflexão INDIOS

Missão Indígena - Respeito á vida e cultura

A tribo dos suruwahás ganhou destaque da mídia desde o final do ano passado, graças a uma polêmica que envolveu dois missionários da JOCUM - Jovens com uma Missão, organização missionária interdenominacional - e duas indiazinhas doentes. Os suruwahás, que habitam a região do médio Purus, no meio da Amazônia, têm, como traço cultural, o sacrifício de crianças portadoras de deficiências físicas ou mentais. Os missionários da JOCUM levaram duas crianças para tratamento médico em São Paulo e foram alvo de críticas: eles estariam interferindo na cultura suruwahá. Como levar ao campo missionário palavras e ações de defesa à vida sem ofender a cultura dos povos indígenas? Abaixo, você lê uma carta enviada ao Expositor por Márcia Suzuki, metodista da Igreja de Cascadura e missionária da JOCUM.

"esta menina está com os olhos tristes, mas eu não! Eu tenho esperança!"


Essa frase foi parte da fala emocionada de um índio Kaingang, estudante de medicina, que esteve presente no manifesto que fizemos pelas crianças indígenas na Conferência da ONU em Curitiba, o COP8 (8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica). Ele se referia a esta menina suruwahá da foto, que tomada por depressão e desesperança, suicidou-se no ano passado. Como ela, muitas outras crianças indígenas têm sido sacrificadas no Brasil. (...)

Na Oitava Conferência das Partes (COP8), que aconteceu no final de março em Curitiba, de 13 a 31 de março, lançamos o movimento ATINI. Atini significa VOZ na língua suruwahá. Nosso objetivo é levantar a voz a favor das crianças indígenas que correm risco de serem sacrificadas. Queremos dar visibilidade a esse problema, declarando que o direito à vida é garantido por lei a cada criança, independente da etnia. (...).

Suzuki e eu estamos em Brasília há quase um mês como intérpretes da família suruwahá. Depois de muita luta, muito choro e muita coragem, Muwaji conseguiu garantir um tratamento adequado para sua filha Iganani, que sofre de paralisia cerebral. Depois de escapar de ser morta várias vezes, Iganani encontra-se agora fazendo tratamento no Hospital Sarah Kubistcheck. O progresso e a alegria dela são perceptíveis. Ela já senta, dá beijinhos, entende tudo o que se fala e é muito curiosa. Mas ainda precisamos resolver o problema do alojamento dessa família suruwahá. Eles estão morando na casa de saúde indígena da Funasa em péssimas condições e Suzuki está lá junto com eles. (...) Se forem forçados a ficar nesse local os suruwahá não vão suportar e vão acabar desistindo do tratamento, colocando a vida de Iganani em risco novamente.


E a outra bebê? Tititu, uma menina que escapou de ser morta por ter uma má formação no órgão genital, está muito bem. Tivemos um grande desgaste nesses últimos dias para garantir que a Funasa providenciasse o hormônio que ela precisa para continuar viva - um remédio que custa menos de 10 reais e que pode ser comprado em qualquer farmácia. A Funasa não providenciou o remédio a tempo e a menina corria o risco de entrar em processo de desidratação e morrer. Tivemos que fazer pressão através das autoridades aqui em Brasília para que fosse feito um vôo de emergência com o lançamento do medicamento.  A Funasa cedeu à pressão e o lançou o remédio. Tititu continua gordinha e alegre.


Estamos planejando incluir mais duas crianças no projeto ATINI. Maitá, uma Yanomami que escapou da morte e de muitos maltratos, mas que devido ao trauma não fala até hoje, com 12 anos. E um bebê indígena que foi enterrado pela mãe logo ao nascer e desenterrado algumas horas depois pela tia. Eles estão em Brasília no momento. O menino tem sérios problemas de saúde, em decorrência do abandono e enterramento nas primeiras horas de vida. Ele está precisando muito de nossa ajuda. 


Continuem conosco, precisamos do seu apoio para o projeto ATINI. Ajude-nos a dar voz a essa mulheres indígenas, que como a Muwaji, tomaram posição contra  a morte - a favor da vida. Vamos fazer com que essa palavra de vida chegue a todos os cantos desse país.

Márcia e Edson Suzuki


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