Palavra Episcopal junho 2009

Considera?es sobre o episcopado
Atos 20.28 








 


Luiz Verg?lio B. da Rosa – Bispo na 2? Regi?o Eclesi?stica


Uma das primeiras manifesta?es feitas aos colegas pastores e pastoras por ocasi?o da realiza??o do Ministerial Regional, como Bispo eleito para assumir o episcopado na Segunda Regi?o Eclesi?stica no ano de 2001, foi a de reafirmar o entendimento pr?prio de que o Episcopado Metodista brasileiro ? a forma de governo da Igreja, representativo da Ordem Presbiteral. E esta ? a guardi? zelosa do magist?rio pastoral institu?do pelas doutrinas, pr?ticas, documentos e heran?a hist?rica do Metodismo Wesleyano; ou seja, ? a respons?vel pela identidade da confiss?o de f? metodista.

Portanto, se por um lado o carisma do minist?rio pastoral consagrado e ordenado ? fruto do reconhecimento da comunidade de leigos e leigas que, conciliarmente, o acolhe e o legitimam, por outro lado, ? na depend?ncia e un??o do Esp?rito que este minist?rio deve ser exercido. Conforme preconizava John Wesley, no santo minist?rio da Palavra h? que ter o Dom, h? que ter a Gra?a e, h? que ter os Frutos.
Assim, o exerc?cio do episcopado metodista implica na administra??o do poder institucional, a partir de conceitos estabelecidos comunitariamente, ou, conciliarmente; a despeito da natureza limitada da pessoa que o ocupa, e das injun?es hist?ricas que concorrem ou confrontam-se nos meandros das articula?es pol?ticas que envolvem nossos Conc?lios, em suas diferentes inst?ncias. Neste sentido, trata-se da express?o das co-rela?es de for?as, id?ias e prop?sitos estabelecidos pela comunidade de f?, reunida em Assembl?ia.
E, como n?o existem rela?es humanas ou institucionais que n?o envolvam rela?es de poder, a pr?tica do episcopado implica, tamb?m, em administrar uma inst?ncia de autoridade, que se espera ser representativa do poder moderador e referencial do carisma pastoral e presbiteral de toda a Igreja.
Entretanto, em nossa sociedade e nas rela?es por ela estabelecidas socialmente, o poder ? algo que requer sempre uma aproxima??o cuidadosa. Como tratou sobre este assunto o fil?sofo Michael Foucault, o problema n?o ? o poder em si, mas a forma como este ? exercido, pois ele perpassa todas rela?es humanas.
Em nosso caso, a dificuldade n?o est? na compreens?o da espiritualidade ou carisma presente no homem ou mulher com tal investidura, mas nas nossas humanidades que afloram a partir de concep?es secularizadas de poder que transitam entre n?s.
Em nosso contexto social, poder ? compreendido como algo que algu?m possui em rela??o aos demais, distinguindo-o(a) hierarquicamente. Algo exercido individualmente, geralmente de cima para baixo. Logo, poder ? algo sempre impositivo, posto que arbitr?rios, sem oferecer possibilidades diferentes para aqueles e aquelas que a este modelo est?o submetidas, ou t?m suas rela?es institucionais por ele determinadas. Creio que olhar o episcopado metodista nesta perspectiva tem sido um equ?voco.
O Poder precisa ser compreendido numa dimens?o teol?gica, como algo concebido, concedido e consentido comunitariamente. Algo que nasce da convic??o do servi?o e se processa no n?vel da confiabilidade e do zelo sobre os consensos que se estabelecem em torno dele. Por isso, desejar o Episcopado, como carisma de servi?o ? algo bom de desejar, como Paulo, o ap?stolo, reconhece ao dizer que quem o aspira, excelente obra almeja.
Contudo, ? necess?rio lembrar que o modelo de exerc?cio de poder que assimilamos historicamente da modernidade e ainda presentes na chamada p?s-modernidade, est? relacionado ? posse e controle material e pessoal, centralizado no cargo hier?rquico. Da?, os que exercem o poder nesta dimens?o, em qualquer atividade de representa??o, necessitam estabelecer um entorno humano de apoiamentos e de identidade pol?tico-ideol?gica. Necessitam de pessoas que orbitam o poder na expectativa de obten??o de privil?gios almejados, e n?o, necessariamente por uma causa, cujo valor, estariam dispostas a abrir m?o de qualquer benef?cio pessoal, ou pela qual fariam qualquer sacrif?cio.
Esta vis?o ideol?gica de poder, interposta em nosso contexto social, tem sido uma das respons?veis pelo esvaziamento do carisma de servi?o, na medida em que o prestigio da fun??o est? diretamente ligado a uma prov?vel concentra??o de poder individual que algu?m passa a possuir, com direito ? concess?o dos poss?veis privil?gios institucionais dele decorrentes.
O poder consentido ser? sempre fruto de consensos constru?dos coletivamente, ao qual, por convic??o, as pessoas se submetem, e que por ele velam. ? o poder que transita pelo convencimento, n?o pela for?a persuasiva da fun??o.
Teologicamente, poder ? meio de Gra?a, de administrar Miseric?rdia, tendo como par?metro ?tico Amor de Cristo, permeando nossas rela?es, enquanto comunidade de f?, e nunca um fim em si mesmo, com o objetivo de exercer-se a autoridade eclesi?stica, em sua hierarquia institucional de autoridade ?ltima.
Portanto, conjuga-se, carisma e car?ter, como propriedades indissoci?veis de um episcopado concebido teologicamente e estabelecido conciliarmente.
O carisma do servi?o episcopal tem em Cristo seu modelo de referencia: Aquele que se esvaziou assumindo a condi??o de quem serve aos outros. E este servir faculta a homens e mulheres a possibilidade de serem instrumentos de informa??o e de inspira??o para que a revela??o dos prop?sitos de Deus se constitua em valores permanentes do Evangelho para uma melhor qualidade dos relacionamentos inter-pessoais, eclesiais e ? vida em sociedade.

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