Tenho at? vergonha de contar, mas o fato ? que foi nos Estados Unidos, h? alguns anos, numa celebra??o de in?cio da Quaresma, que me dei conta (eu, nascido e criado na Igreja, freq?entador ass?duo da Escola Dominical!) de que a quarta-feira de cinzas n?o tem nada a ver com o dia em que termina o Carnaval. Isso aconteceu quando, no culto, o pastor da Igreja Metodista em que me encontrava fez uma cruz na minha testa usando o seu polegar manchado com cinzas. Ent?o entendi que as cinzas n?o s?o, como sempre pensei, o que restou de tantos dias de folia de Momo. S?o, isso sim, um rico s?mbolo usado pelos antigos israelitas: o ser humano, ao se reconhecer pequeno (pobre e necessitado) diante do grandioso Deus Criador do Universo, confessava n?o passar de p? e cinza e para simbolizar, entre outras coisas, essa consci?ncia e desejo de consagra??o, sentava-se na cinza ou cobria com ela sua cabe?a vestindo-se com panos de saco.

Celebrar a quaresma? Por qu??

Conhe?o um sujeito que n?o gosta de comemorar nada. Nem mesmo o pr?prio anivers?rio. Gosta, sim, dos feriados, que s?o datas c?vicas (ou religiosas) institu?das pelo Estado para rememorar, comemorar, homenagear, celebrar; mas n?o porque faz qualquer coisa parecida com isso. Ao contr?rio, j? na v?spera do que se anuncia como um final de semana prolongado, meu amigo se manda para o seu rancho ? beira de um lago.

Nada contra o rancho, claro. Mas lembrar, trazer ? mem?ria, faz parte de nossa natureza humana. Animais n?o fazem isso. E ? por isso, segundo o rev. T?rcio Siqueira, que tiramos fotografias: para, mais tarde, gastarmos algum tempo olhando as fotos sentindo no peito um misto de saudade e alegria. Quem ? que j? n?o se pegou rindo sozinho (ou enxugando uma l?grima) ao rever fotos antigas? As fotos nos ajudam a lembrar, de novo, fatos esquecidos; trazem ? mem?ria pessoas queridas e podem, muitas vezes, motivar uma a??o concreta como, por exemplo, dar um telefonema para aquele ou aquela de quem nos lembramos.

Em se tratando da Igreja, as datas e celebra?es especiais que acontecem ao longo do ano t?m essa fun??o: proporcionar uma oportunidade de lembrar de novo, comemorar, celebrar. N?o sei se me sentiria bem freq?entando aquela igreja em que o culto desse domingo ser? igual ao de domingo passado que por sua vez foi igualzinho ao do domingo anterior assim como o ser?o todos os pr?ximos. Basta levantar os bra?os, fechar os olhos, fazer umas caretas, cantar bastante e pronto… ? sempre tudo t?o igual!

Sim, ? verdade que Jesus deve nascer todos os dias em nossos cora?es. Mas gosto de, uma vez por ano, reservar um tempo especial para me lembrar de seu nascimento, para reler os textos que relatam os acontecimentos daqueles dias e as profecias a esse respeito. Fa?o isso com alegria ainda que a maioria dos estudiosos afirme que muito provavelmente Jesus N?O nasceu na passagem do dia 24 para o dia 25 de dezembro.

Gosto da P?scoa e das celebra?es que a antecedem. Sinto que minha f? ? fortalecida e minha esperan?a ? renovada quando participo, por exemplo, do tradicional culto realizado no alvorecer do Domingo da Ressurrei??o.

Gosto tamb?m da Quaresma. Per?odo em que a Igreja, ao lembrar os 40 dias da tenta??o de Jesus no deserto, convida os(as) fi?is para assumirem uma postura de medita??o, avalia??o pessoal, purifica??o, reconsagra??o, abstin?ncia, oferta de si mesmos.

Chegamos ao ponto. No dia 25 de fevereiro iniciamos, no calend?rio lit?rgico da Igreja, o per?odo chamado de Quaresma. A Igreja Metodista no bairro do Ipiranga, onde sirvo como pastor, realizou um culto na Quarta-feira de Cinzas, ?s 19h30, para o qual todos(as) est?o convidados(as).

 Meu desejo ? que, participando ou n?o de um Culto da Quarta-feira de Cinzas, o Senhor nos oriente a viver de forma rica e significativa o per?odo lit?rgico que se nos apresenta.

 Voc? j? reparou? As quaresmeiras, que t?m esse nome n?o por acaso, est?o floridas. Perto de casa tem uma, linda, coberta de florzinhas roxas…

Rev. Fernando Cezar Moreira Marques

Pastor da Igreja Metodista no Ipiranga, S?o Paulo