Ouvindo a voz de Deus

Ouvindo a voz de Deus


Numa tarde de segunda-feira, enquanto lia o artigo "Deus ? Pobre!" da se??o "A??o mais que social" da edi??o 314 da revista Ultimato, me lembrei que em outubro fez onze anos que tive uma experi?ncia muito forte em minha caminhada de f? e minist?rio pastoral.


Tudo aconteceu no dia 31 de outubro de 1997, quando est?vamos reunidos na Igreja Metodista em Vieira Fazenda (Jacarezinho), em uma vig?lia de ora??o que tinha como tema "A Reforma".J? era cerca de 23h30 e o Minist?rio de Louvor estava nos conduzindo a um momento de adora??o. Eu estava pr?ximo ? porta do templo quando um membro da igreja que morava na parte alta do Jacarezinho (naquela ocasi?o aquela parte era conhecida como Azul) chegou e pediu que tiv?ssemos um momento de ora??o em prol de um rapaz que estava amarrado em um poste na Fazenda (local abaixo do Azul e muito violento) e que morreria ? meia-noite.


No momento em que aquele irm?o fez seu pedido de ora??o eu simplesmente disse a ele que ir?amos orar. Minha resposta foi seca e sem nenhum comprometimento com o pr?ximo. Todavia, ap?s alguns segundos ouvi uma voz muito clara que me dizia: "Se fosse meu servo Jo?o Wesley, o que ele faria?". Ent?o olhei para frente e vi minha esposa ministrando o louvor, vi meu rebanho envolvido naquela ministra??o, a grande maioria com suas m?os levantadas em adora??o, inclusive eu… mas aquelas palavras que ouvi foram t?o profundas e possu?ram um peso t?o grande sobre minha in?rcia que sa? de um est?gio de contempla??o para entrar em outro est?gio: o da ang?stia. Foi quando ouvi aquela mesma voz pela segunda vez: "Voc? que fala tanto do meu servo, o que vai fazer?"


A ang?stia crescia em meu peito e uma pergunta me consumia: O que devo fazer? Simplesmente n?o sabia! Quando olhei de novo para frente observei que um dos mais recentes convertidos e que havia sa?do da marginalidade estava ali bem perto de mim. Sem muito tempo para pensar, pois precisava ter uma resposta para aquela voz, fui at? ele e perguntei se ele poderia me levar at? o Lambari (chefe do tr?fico naquela ocasi?o). O irm?o n?o entendeu muito bem e perguntou se era naquele momento. Ao falar que sim, chamei um dos evangelistas e participei a ele o que eu iria fazer, mas que ele n?o falasse com ningu?m. Ele orou e quando eu estava saindo ainda pude ver meus tr?s filhos que tamb?m adoravam ao Senhor. Confesso que fui tomado por um sentimento misto de temor e necessidade de ajudar algu?m que tinha apenas uns vinte minutos de vida.


Fomos da Pra?a da Conc?rdia at? a Pra?a XV (dois extremos da comunidade) em poucos minutos, na verdade mais correndo do que andando. Por ser uma sexta-feira, noite de calor, aquele lugar estava completamente cheio de usu?rios de drogas e de "soldados" do tr?fico para manter a seguran?a do local; eu nunca tinha visto aqueles "soldados" t?o bem armados. Chegando l?, pedimos para falar com o Lambari, mas fomos informados que ele n?o estava no morro. Ent?o perguntei com quem poderia falar na aus?ncia dele e gra?as a Deus o respons?vel, o Batata, estava naquele lugar contando os "pacos de dinheiro". Identifiquei-me como pastor metodista e pedi para falar com ele, sendo prontamente atendido. Fui direto ao assunto e pedi que ele mandasse soltar o dito rapaz e ent?o ele me perguntou se o rapaz era meu conhecido, a minha resposta foi que n?o, mas que aquela vida tinha um valor grande para Deus e por isso eu estava ali.


Ap?s um pequeno di?logo ele me deu uma palavra desanimadora: disse que o rapaz estava na Fazenda e quem estava sobre o controle daquela ?rea era o Robinho (esse era o bandido mais temido da comunidade por causa da fama de sua crueldade) e me perguntou se eu iria at? l?. Ap?s consultar o rel?gio observei que t?nhamos dez minutos e, ent?o, disse que iria.








 


Mosaico em um muro da favela do RJ

 Tivemos que andar ainda mais r?pido e para ganharmos tempo resolvemos nos arriscar e cortar caminho pelos becos, passamos pr?ximo ao Posto Policial e, quando est?vamos chegando a uma pequena boca de fumo que tamb?m funcionava como posto de sentinela avan?ada, tivemos dificuldade de subir o beco, pois estava tudo escuro e eles nos confundiram com policiais. Logo assim que conseguirmos nos identificar fomos autorizados a subir e tive que relatar toda a hist?ria outra vez.


Quando pedi para falar com o Robinho n?o fui autorizado, mas prontamente o rapaz foi at? ele para contar a nossa hist?ria. Passados alguns minutos que pareciam uma eternidade, aquele jovem veio ao nosso encontro e nos disse: "Pode ficar tranq?ilo, o rapaz est? sendo salvo". Como aquelas palavras alegraram o meu cora??o! Agradeci ?quele grupo que nos atendeu t?o educada e prontamente e descemos o morro e agora eu tinha uma resposta para aquela voz: "Fiz o que acredito que Wesley tamb?m faria!"


A alegria que tomava o meu interior tinha dois motivos. O primeiro era pela vida daquele rapaz que eu n?o tive a oportunidade de conhecer, mas que era o meu pr?ximo. O segundo motivo era a certeza daquela voz ter sido a voz do Senhor e eu ter sido um instrumento dEle para o bem de outro.


Na ter?a-feira feira que se seguiu a tudo isso, ou seja, no dia 3 de novembro, fiquei sabendo por interm?dio de um rapaz que eu conhecia e que trabalhava no tr?fico da ?rea da Fazenda que o Batata ligou para o celular do Robinho e determinou que ele libertasse o rapaz porque "um pastor foi pedir por ele".


Posteriormente algumas pessoas me perguntaram se eu n?o tive medo, e com sinceridade disse que inicialmente tive, mas depois comecei a entender que se aquele questionamento era da parte de Deus eu n?o deveria temer, pois Ele seria o meu "escudo". A partir da? comecei a me envolver em uma s?rie de situa?es que pareciam loucura, mas sempre quando tinha a certeza que estava sendo impulsionado pelo Esp?rito de Deus.


 


Cl?vis Barbutti Lessa


Pastor da Igreja Metodista em Jardim Redentor


Distrito de S?o Jo?o de Meriti/1?RE



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