Em 1990, Deus chamou o meu marido, a mim e a nossa filha, de apenas um ano de idade, para sermos mission?rios em Top?zio, distrito de Te?filo Otoni, Minas Gerais. Deixamos nossos familiares e partimos para anunciarmos as novas do evangelho. Deus usava grandemente nossa filhinha como porta de entrada nas casas e nas vidas daquele povo. Em 1992, Deus nos deu mais um presente dos c?us: um filho, carinhosamente chamado de Paulinho. Neste mesmo per?odo, meu marido foi consagrado pastor da Igreja Metodista com nomea??o para Astolfo Dutra, Minas Gerais. Nossos filhos s?o presentes do cora??o de Deus para nossas vidas. Hoje falarei especialmente do Paulinho.

Um menino lindo, calmo, muito tranq?ilo e que, quando pequeno, tinha cabelos t?o claros que era necess?rio assopr?-los para poder v?-los. Cresceu dento da Igreja, nos ensinamentos de Jesus Cristo e tamb?m foi usado por Deus como uma porta aberta para a anuncia??o do evangelho.
De Astolfo Dutra, fomos para S?o Mateus, norte do Esp?rito Santo. Paulinho, j? com dois anos de idade, amava pegar a gravata do seu pai e dizer que era um pastor. Tinha um terninho cinza, o qual usou at? n?o servir mais, pois queria estar como o pai. Por diversas vezes ficava no altar ouvindo a palavra do Senhor.
De S?o Mateus fomos para Olinda, Pernambuco, no bairro Caixa D??gua. Nosso menino era conhecido por todos. Seu cora??ozinho simples, puro e amoroso conquistou muitos. Ao mudarmos para Macei?, Alagoas, n?o foi diferente. Nossa casa aos s?bados, por volta de 7 da manh?, j? estava cheia de crian?as procurando por ele. Novamente mudamos. Fomos para Juiz de Fora e depois para Barbacena, Minas Gerais. Nada mudou. Seu cora??o continuava simples e amoroso.
Agora, de volta a S?o Mateus, Norte do Esp?rito Santo, reencontrou seus amiguinhos que hoje, como ele, est?o com seus 16, 17 e 21 anos. Chegamos a S?o Mateus no dia 11 de janeiro de 2008. Imediatamente reconquistou todos os cora?es que j? conhecia e in?meros outros. Nossa casa estava sempre cheia com a presen?a dos adolescentes e jovens. Meu cora??o transbordava de alegria ao ver os colch?es por toda casa onde essa turma tinha o prazer de estar conosco. ?ta povo que tinha assunto!!! Duas da manh?, ?s vezes, estavam na cozinha "abastecendo" para "papearem" mais e continuarem a conversa no outro e no outro e no outro dia.
Louvo a Deus por esses dias. As aulas come?aram, mas nos finais de semana era hora de colocar a conversa em dia, pois nos dias de aula s? dava para encontrar ? noite.
Paulinho estava muito feliz. Tinha muitos amigos super envolvidos na igreja , estava trabalhando, doando e recebendo muito amor, independente da idade. Sentava-se no ch?o para brincar com crian?as de 3 a 6 anos e acariciava os mais idosos da igreja. Dois meses e 24 dias vividos intensamente.
No dia 4 de abril, por volta das 18 horas e 10 minutos, voltando do trabalho, na rua em que morava, faltando 15 casas para chegar, Paulinho foi abordado por um menor que, al?m de assalt?-lo, disparou, ? queima roupa, uma bala de rev?lver que estoura a aorta e os pulm?es, levando, naquele momento, todos os seus sonhos.
Sua morte chocou a todos. A cidade chorou junto conosco. A dor dessa perda ? indescrit?vel e a saudade ? imensa. Diante de seu corpo, senti minha pequenez, minha insignific?ncia de n?o poder fazer nada para reverter aquela situa??o. Foi a pior cena que vivi. A maior das dores que senti. Que estou sentindo. Naquele mesmo momento fui tomada pelo Esp?rito de Deus que manteve a mim, meu esposo e minha filha de p?.
Todos os dias falamos nele mas, gra?as a Deus, s? temos lembran?as boas e um testemunho de vida maravilhoso que ele nos deixou.
Ele viveu apenas 16 anos, mas foram anos de b?n??os em nossas vidas. Sua morte despertou muitos aqui em S?oMateus. Muitos que estavam afastados das igrejas est?o retornando, outros est?o se entregando a Jesus e outros est?o reafirmando seus compromissos com Deus.
Sete dias ap?s sua morte, realizamos junto com o Conselho de Pastores de S?o Mateus uma passeata pela paz que, segundo a pol?cia militar, reuniu cerca de 2500 a 3000 pessoas debaixo de sol escaldante ?s 10h30 da manh?. Esse ato deu in?cio ao movimento "Reage S?o Mateus" que tem como objetivo levar a todos a Palavra de Deus e de termos nesta cidade o direito ? vida e de dizer n?o ? viol?ncia.
| No dia 17 de abril foram cravadas aproximadamente 80 cruzes brancas em um dos pontos tur?sticos da cidade em mem?ria ?s vitimas da viol?ncia. Atrav?s da morte do meu filho, Deus falou para a cidade toda. Todos os habitantes de S?o Mateus souberam do fato atrav?s da r?dio, da televis?o e dos jornais. N?o h? quem n?o saiba hoje onde se encontra a Igreja Metodista e onde mora o pastor Paulo de Tarso e sua fam?lia. |
Durante todas essas oportunidades anunciamos o amor de Deus, a salva??o de Jesus Cristo e o mover e comover do Esp?rito Santo do Senhor. N?o questionei a Deus nem um momento sobre a morte do Paulinho. Quando o vi inerte naquele ch?o, Deus disse em meu cora??o que o Paulinho ? s? dele. Que ele me deu, que Ele o levou e que Seu nome deveria ser glorificado.
Glorifico a Deus por ter desfrutado do Seu amor e presen?a na vida de nossa fam?lia atrav?s do Paulinho. Meu cora??o sente que ele vive junto ao Pai e que, em nome de Jesus, viveremos eternamente com Deus e que nos reencontraremos na Gl?ria.
Que essa permiss?o de Deus, a morte do meu filho, possa revelar a muitos que hoje ? o dia de consertarmos nossas vidas com o Senhor. Que hoje ? diade salva??o e que o amanh? pertence a Deus.
Nascemos para marcar a vida daqueles que passam por n?s, isso faremos de forma negativa ou positiva. Gra?as dou ao Senhor por todas as vidas que passaram pela vida do Paulinho, pois puderam ser marcadas positivamente.
Quero agradecer o amor de Deus a n?s revelado atrav?s da vida dos irm?os que t?m estado presentes em nossas vidas pessoalmenteatrav?s de cartas, telegramas, telefonemas, mensagens, e-mails ou em ora?es. Estes atos t?m nos ajudado muito. Obrigada, Senhor.
Maria Aparecida F. de M. Corr?a – m?e do Paulinho


