Brasil – M?e do PAC ? M?e do PAS?
Nancy Cardoso Pereira *
Adital –
Por que o presidente Lula precisa que seus programas tenham M?E? N?o! N?o t?m.
O PAC ? filhote do governo com as empreiteiras.
O PAS ? cria do governo com as madeireiras.
Querer atribuir ?s duas mulheres no/do governo a maternidade de tais programas n?o passa de politicagem, frase de efeito, slogan…, e um sexismo dos mais antiquados.
Ser M?e
Coelho Neto
Ser m?e ? desdobrar fibra por fibra
o cora??o! Ser m?e ? ter no alheio
l?bio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.
Ser m?e ? ser um anjo que se libra
sobre um ber?o dormindo! ? ser anseio,
? ser temeridade, ? ser receio,
? ser for?a que os males equilibra!
Todo o bem que a m?e goza ? bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe p?e nos olhos novo brilho!
Ser m?e ? andar chorando num sorriso!
Ser m?e ? ter um mundo e n?o ter nada!
Ser m?e ? padecer num para?so!
Ao acionar o velho gatilho do mito da maternidade calcado no sofrimento, na resigna??o, na capacidade de perd?o e aceita??o, no desprendimento…, o presidente Lula acaba reconhecendo, pelo avesso, que PAC e PAS s?o de despeda?ar o cora??o … PAS e PAC s?o mesmo de sofrer no para?so. ? mesmo… ter um mundo e n?o ter nada.
A ex-ministra Marina Silva aceitou ser M?e da P?tria, da Floresta e da Sustentabilidade por muito tempo. Tempo demais. Foram cinco anos e cinco meses de desdobrar fibra por fibra: e perder todas! Arranjada na vitrine do governo do PT, a M?e do PAS aceitava ser a figura sofredora, que ama e protege…, e sempre perde! Agia de modo cuidadoso e en?rgico, firme! Mas, tanto faz… Perdia todas.
Diz o senso comum – M?e aceita tudo! Desmembra o minist?rio, flexibiliza e precariza leis de prote??o, engole transg?nicos, finge n?o saber a verdade da nova lei de florestas como M?e que aceita as besteiras de um filho. Fecha os olhos para transposi??o criminosa do S?o Francisco, assina os boletins forjados de impactos ambientais imagin?rios liberando eucaliptos em lugares imperdo?veis; acolhe os amigos dos filhos de ONGs suspeit?ssimas. Perdendo todas a Ministra-M?e continuava firme qual M?e zelosa e acreditando: “sem mim… ficaria pior!” (o que todas as m?es pensam!).
Para as plat?ias internacionais a figura da “M?e-Mulher-Ministra-Anjo” funcionava bem, tal qual propaganda de eletrodom?sticos em v?speras do Dia das M?es: ofertas! promessas! promo?es! tudo por pre?o de ocasi?o! Ningu?m duvidaria do zelo e da dedica??o. Mas era s? um mito. J? passou.
E os Filhos do PAS e os Filhos do PAC cantam em coro:
“Mam?e eu quero! Mam?e eu quero! Mam?e eu quero mamar! D? a chupeta! D? a chupeta! pro beb? n?o chorar!”
E um dia, as mulheres dos movimentos classistas, teremos que ter uma conversa s?ria sobre o governo “macho-Lula” e as “m?es-ministras”. J? sabemos que a maternidade n?o ? destino nem condi??o. J? fizemos a cr?tica da maternidade como um elemento-chave para explicar as desigualdades de g?nero; j? inclu?mos a luta pela livre escolha da maternidade em nossas agendas. Precisamos enfrentar e negar os mitos burgueses da “melhor gest?o feminina”, garantindo a luta feminista por dentro da luta de classes.
“O mito da boa dirigente alimenta-se da id?ia de que as mulheres privilegiam a integra??o, a igualdade e a intera??o, que incentivam a participa??o, que partilham o poder e a informa??o e que concedem maior import?ncia ? vertente relacional. E, ainda, que se baseiam mais no poder pessoal do que formal, isto ?, no poder que n?o depende da posi??o ocupada, mas da capacidade de instaurar a confian?a, o respeito m?tuo e a credibilidade”. (Edurne Uriarte, artigo no jornal ABC, Madrid)
Nem Hillary Clinton, nem Condollezza Rice, nos EUA; nem Angela Merkel, na Alemanha, e nem Michelle Bachelet, no Chile. Nem Dilma…, nem Marina: vit?rias eleitorais ou a nomea??o para um cargo de confian?a de alto escal?o n?o reduzem nem esgotam os objetivos das lutas feministas e classistas. Formatadas e acomodadas ?s pol?ticas de reprodu??o do Capital as mulheres-exemplares n?o representam a luta das trabalhadoras… S?o s? um arremedo de emancipa??o e por isso se esgotam no mito.
E a?… S? falta repetir o dramalh?o, apontando por Lula, dizendo aos Filhos do PAC e do PAS:
“- Filho, meu filho! – arrancou a velha com estertor
do peito: – ? teu pai, meu filho. Este homem ? teu pai.”
(Viagens na Minha Terra Almeida Garret)
* Pastora metodista. Agente/Assessora da Comiss?o Pastoral da Terra
Fonte: www.adital.com.br