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Tanto m?e quanto filho enfrentam a situa??o de doen?a estabelecendo rela?es aut?nticas de cuidado, isto ?, "rela?es em que se percebem as reais necessidades do outro", entre eles e com o aux?lio da rede social de apoio. Estas rela?es aut?nticas de cuidado s?o poss?veis nos momentos em que ambos est?o dedicados exclusivamente ao tratamento, por conta desse aux?lio, e podem assim perceber as reais necessidades do outro.
A pesquisa foi baseada em entrevistas feitas com nove m?es e seus respectivos filhos de 6 a 11 anos, no Ambulat?rio de Curados do Hospital das Cl?nicas da Faculdade de Medicina de Ribeir?o Preto, tamb?m da USP. O objetivo foi compreender o que m?es e crian?as percebem a partir de suas viv?ncias com o c?ncer e o que contribuiu para o enfrentamento da situa??o de doen?a, tratamento e hospitaliza??o. De acordo com Shirley, "tanto m?e quanto filho t?m um melhor olhar da situa??o ap?s passarem pela situa??o"; por isso, a escolha por fazer as entrevistas no Ambulat?rio de Curados, e n?o com m?es e pacientes em pleno tratamento.
A motiva??o para o estudo veio de um est?gio na ?rea de c?ncer infantil que Shirley fez em Aracaju (SE), sua cidade natal. L?, come?ou a pensar na quest?o da rela??o entre m?e e crian?a no tratamento da doen?a, "de como as m?es cuidavam da crian?a e dos comportamentos diferentes das crian?as em rela??o ? doen?a".
Ao inv?s de usar formul?rios convencionais para sua pesquisa, Shirley optou por ouvir relatos livres nos depoimentos de m?es e filhos, buscando o significado de cada um para aquela viv?ncia. A partir disso, a pesquisadora encontrou pontos comuns entre as entrevistas para formular as conclus?es de seu trabalho.
O m?todo utilizado na pesquisa foi o "fenomenol?gico-existencial". As entrevistas guiadas por este m?todo fogem dos convencionais formul?rios e foram elaboradas a partir da corrente filos?fica conhecida como Fenomenologia, que, segundo Shirley, "foi desenvolvida pelo fil?sofo alem?o Edmund Husserl e trabalha com a perspectiva e a tentativa de resgatar o ser de uma forma total, por meio de suas viv?ncias e seus significados". A partir dessa filosofia, a pesquisadora n?o partiu de pressupostos ou formul?rios fechados para obter os depoimentos de m?es e filhos, e sim de relatos mais livres, buscando o significado de cada um para aquela viv?ncia.
As entrevistas foram analisadas na perspectiva de outro fil?sofo alem?o, Martin Heidegger, em que o ser ? sempre um ser em rela??o: "O homem est? sempre em rela??o com os outros, ou seja, ? um ?ser com-o-outro?", explica Shirley. Assim sendo, ela angariou um certo n?mero de entrevistas at? achar um n?mero relevante de pontos comuns entre elas e formular as conclus?es do trabalho.
Fonte: Ag?ncia USP – Texto-base: Luigi Parrini

