Sobre relacionamentos
As li?es de vida que aprendemos com a hist?ria de Abr?o e L?
O texto de G?nesis 13:1-13 nos conta sobre a separa??o de Abr?o (que ainda n?o tinha seu nome mudado para Abra?o, conforme Gn 17:5) e seu sobrinho L?. Eles se separaram porque enriqueceram e estava havendo contenda entre os pastores do gado de Abr?o e os pastores do gado de L? (veja em G?nesis 13:7).
Para resolver o problema, Abr?o prop?e que eles se separem, indo cada um para um lado (Gn 13:8). Abr?o deixa que L? escolha pra onde quer ir (Gn 13:9). L? concorda e, olhando a terra ao seu redor, escolhe a campina do Jord?o (Gn 13:11), acabando por ir viver em Sodoma (Gn 13:13).
O que temos nesse texto?
1 – H? hist?rias de vida que v?o unindo cada vez mais as pessoas. Mas h? hist?rias de vida que v?o separando as pessoas. N?o ? nada predestinado, mas ? o resultado de nossa conviv?ncia, nossas op?es, valores, sabedoria ou falta de sabedoria. ? o que aconteceu aqui com Abr?o e L?.
2 – Nosso trabalho e a riqueza ou frustra?es de nosso trabalho s?o motivos reais para unir ou separar pessoas. O conflito dos empregados de L? e Abr?o contaminou a conviv?ncia de ambos, levando-os a se separarem. H? gente que se separa por causa de dinheiro, de casa, de carro… ?s vezes, ? melhor ter menos coisas e mais companheirismo com as pessoas. Se por causa de um carro um casamento est? amea?ado, ? melhor andar de ?nibus ou a p? e manter o amor da vida da gente do nosso lado.
3 – Vemos que brigas e desentendimentos acontecem at? mesmo entre pessoas que se querem muito bem. O diferencial na vida de quem ama de verdade e de quem tem o temor de Deus n?o ? a aus?ncia de conflitos, mas a generosidade, paci?ncia e sabedoria para enfrent?-los, resolv?-los de forma justa e amorosa, superando-os.
4 – Em algumas circunst?ncias, com toda certeza, ? melhor separar do que viver brigando. A separa??o n?o ? a solu??o, mas ? o reconhecimento da falta de solu??o. E o que n?o tem rem?dio, remediado est?!
5 – Nossas decis?es n?o podem ser tomadas baseadas apenas nas apar?ncias e circunst?ncias. L? olhou o melhor pasto para o seu gado, mas se esqueceu de avaliar o lugar para onde ia levar sua fam?lia. Nossas decis?es, certas e equivocadas, sempre afetam a vida de outras pessoas, positiva ou negativamente. Nossas decis?es, portanto, devem ser tomadas em clima de ora??o, ou seja, de reflex?o, ampla avalia??o das possibilidades e conseq??ncias, e de di?logo com as pessoas envolvidas. Se tiver d?vidas, se n?o tiver conversado (tomado conselho, conforme nos ensina o livro de Prov?rbios nos vers?culos 15:22; 18:15 e 16:25) com as pessoas envolvidas e buscado a dire??o e orienta??o de Deus (leia Prov?rbios 19:21; Pv 16:1 e 9).
6 – A separa??o f?sica n?o impede o amor, tal como a presen?a cont?nua e quotidiana n?o significa necessariamente amor e lealdade. Abra?o intercedeu a Deus pela vida de L? e de sua fam?lia, para que n?o fossem destru?dos com Sodoma e Gomorra. Pais divorciados s?o capazes de amar intensamente aos seus filhos. Familiares e amigos distanciados s?o capazes de amarem-se enormemente uns aos outros. O bom ? que as pessoas que se amam estejam sempre juntas, mas o amor verdadeiro n?o pode ser apagado nem pela dist?ncia, nem pelo tempo e nem mesmo pela pr?pria morte.
7 – L? e sua fam?lia nos mostram que o meio social, cultural e at? religioso n?o ? necessariamente determinante na vida de uma pessoa. Os maus h?bitos e pecados dos moradores e Sodoma n?o foram determinantes na f? e na retid?o de L? e de sua fam?lia. Em Roma n?o fizeram como os romanos nem em Sodoma se comportaram como os sodomitas. Deus os salvou por causa de retid?o e lealdade em que viviam uns com os outros e desta fam?lia para com Deus (Gn 19:1 e 7), mesmo num lugar de uma cultura e pr?ticas pervertidas (Gn 19:5). ? poss?vel ser reto no meio de uma cultura racista, machista, id?latra, violenta, etc…
Por mais estranho e contradit?rio que possa parecer, J? aceitou sacrificar as duas filhas para que os enviados de Deus pudessem ser preservados (Gn 19:8).
Mas prestemos muita aten??o, pois embora o meio n?o defina obrigatoriamente o car?ter e a cultura de uma pessoa, fam?lia ou igreja, com toda certeza ? uma for?a muito grande e certamente h? de ter sempre alguma influ?ncia. ? como se diz: "A pobreza n?o faz ningu?m ser um criminoso, mas ajuda bastante".
8 – Mesmo pessoas de bom cora??o e que pertencem a fam?lias ou grupos de pessoas retas diante de Deus d?o furos e mancadas. Algumas delas irrevers?veis e sem possibilidade de conserto. Embora essa hist?ria n?o esteja no texto de G?nesis 13, vemos a mulher de L? desobedecer a Deus, movida por curiosidade certamente, e olhar "para tr?s" (conforme. Gn 19: 17 e 26). A curiosidade matou o gato…
Os genros de L? descritos em Gn 19.14 (a verdade, os dois homens que iam casar com suas filhas), n?o acreditaram em L? e permaneceram na cidade, sendo destru?dos com ela.
9 – E por fim, aprendemos que decis?es tomadas com a mais bondosa e amorosa das inten?es podem ser um desastre, se n?o tiverem a orienta??o de Deus. O amor pelo pai e o desespero por n?o darem herdeiros a ele (sinal de maldi??o naquela ?poca!), levaram as duas filhas de L? a cometerem incesto (Gn 19:31-35). Em algumas noites, elas embebedaram L?, tiveram rela??o sexual com ele e ficaram gr?vidas. (Gn 19:36). Foi uma "?nica vez". Mas coisas boas feitas de modo equivocado certamente n?o podem dar bons resultados. Os netos e tamb?m filhos de L? foram, segundo Gn 19:37-38, Moabe e Bem-Ami, respectivamente os "pais" dos moabitas e dos amonitas, dois grandes inimigos do povo judeu, ou seja, dos primos gerados pelo "tio" Abra?o, atrav?s do filho Isaque, do neto Jac? e do bisneto Jud?, donde basicamente procedem os judeus.
10 – Sempre que for necess?rio devemos buscar ajuda nos amigos e parentes. L? e suas duas filhas perderam tudo e por fim moravam numa caverna numa montanha. Podiam ter ido falar com o parente Abra?o ou terem voltado para a Cald?ia, onde ainda tinham muitos parentes (Gn 24:4)e onde Abra?o manda seu servo buscar uma esposa para seu filho Isaque, a fim de que ele n?o casasse com mulheres cananitas.
O que podemos concluir deste estudo?
Foi por causa de uma escolha superficial, materialista e baseada em apar?ncias que o rico L? saiu de uma vida com qualidade para uma vida "reservada" (separada) em Sodoma. Depois, foi viver num vilarejo pr?ximo chamado Zoar (que quer dizer "lugar pequeno"), e dali, por medo, acabou indo para as montanhas, viver escondido numa caverna (Gn 19:29-30). Com a fam?lia despeda?ada, a vida familiar adoecida, a vida social inexistente e certamente sem qualquer temor a Deus, teve de ver aquelas duas crian?as (simultaneamente seus filhos e netos) crescerem envolvidas em mentiras, enganos e todo tipo de pecado, pois a maneira como foram geradas era inadmiss?vel e reprov?vel, mesmo em meio aos povos pag?os. Por isso, as decis?es que tomamos devem considerar, antes de mais nada, os relacionamentos que constru?mos. E, diante das d?vidas e dos conflitos, seja a paz de Cristo o ?rbitro em nosso cora??o, como nos ensina o ap?stolo Paulo em Colossenses 3.12-15: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de miseric?rdia, de bondade, de humildade, de mansid?o, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso algu?m tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim tamb?m perdoai v?s; acima de tudo isto, por?m, esteja o amor, que ? o v?nculo da perfei??o. Seja a paz de Cristo o ?rbitro em vosso cora??o, ? qual, tamb?m, fostes chamados em um s? corpo; e sede agradecidos". Am?m!
Rev Ronan Boechat de Amorim, pastor da Igreja Metodista em Vila Isabel, Rio de Janeiro.