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8 de Mar?o: conquistas e controv?rsias
Por Eva Alterman Blay, abril de 2004


O Dia Internacional da Mulher foi proposto por Clara Zetkin em 1910 no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas. Nos anos posteriores a 1970 este Dia passou a ser associado a um inc?ndio que ocorreu em Nova Iorque em 1911. Neste artigo procuro recuperar a hist?ria do Dia 8 de Mar?o, procuro as distor?es que tem sido feitas sobre ele e sobre a luta feminista.


O dia 8 de mar?o ? dedicado ? comemora??o do Dia Internacional da Mulher. Atualmente tornou-se uma data um tanto festiva, com flores e bombons para uns. Para outros ? relembrada sua origem marcada por fortes movimentos de reivindica??o pol?tica, trabalhista, greves, passeatas e muita persegui??o policial. ? uma data que simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferen?as biol?gicas sejam respeitadas mas n?o sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher.


As mulheres faziam parte das “classes perigosas”


No s?culo XIX e no in?cio do XX, nos pa?ses que se industrializavam, o trabalho fabril era realizado por homens, mulheres e crian?as, em jornadas de 12, 14 horas, em semanas de seis dias inteiros e freq?entemente incluindo as manh?s de domingo. Os sal?rios eram de fome, havia terr?veis condi?es nos locais da produ??o e os propriet?rios tratavam as reivindica?es dos trabalhadores como uma afronta, oper?rias e oper?rios considerados como as “classes perigosas”. Sucediam-se as manifesta?es de trabalhadores, por melhores sal?rios, pela redu??o das jornadas e pela proibi??o do trabalho infantil.


A cada conquista, o movimento oper?rio iniciava outra fase de reivindica?es, mas em nenhum momento, at? por volta de 1960, a luta sindical teve o objetivo de que homens e mulheres recebessem sal?rios iguais, pelas mesmas tarefas. As trabalhadoras participavam das lutas gerais mas, quando se tratava da igualdade salarial, n?o eram consideradas. Alegava-se que as demandas das mulheres afetariam a “luta geral”, prejudicariam o sal?rio dos homens e, afinal, as mulheres apenas “completavam” o sal?rio masculino.


Subjacente aos grandes movimentos sindicais e pol?ticos emergiam outros, construtores de uma nova consci?ncia do papel da mulher como trabalhadora e cidad?. Clara Zetkin, Alexandra Kollontai, Clara Lemlich, Emma Goldman, Simone Weil e outras militantes dedicaram suas vidas ao que posteriormente se tornou o movimento feminista.


Clara Zetkin prop?s o Dia Internacional da Mulher


Clara Zetkin (1857-1933), alem?, membro do Partido Comunista Alem?o, deputada em 1920, militava junto ao movimento oper?rio e se dedicava ? conscientiza??o feminina. Fundou e dirigiu a revista Igualdade, que durou 16 anos (1891-1907).


L?deres do movimento comunista como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai ou anarquistas como Emma Goldman lutavam pelos direitos das mulheres trabalhadoras, mas o direito ao voto as dividia: Emma Goldman afirmava que o direito ao voto n?o alteraria a condi??o feminina se a mulher n?o modificasse sua pr?pria consci?ncia.


Ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagem, em 1910, Clara Zetkin prop?s a cria??o de um Dia Internacional da Mulher sem definir uma data precisa.. Contudo, v?-se erroneamente afirmado no Brasil e em alguns pa?ses da Am?rica Latina que Clara teria proposto o 8 de Mar?o para lembrar oper?rias mortas num inc?ndio em Nova Iorque em 1857. Os dados a seguir demonstram que os fatos se passaram de maneira diferente.


O movimento oper?rio nos Estados Unidos


Assim como na Europa, era intenso o movimento trabalhador nos Estados Unidos desde a segunda metade do s?culo XIX, sobretudo nos setores da produ??o mineira e ferrovi?ria e no de tecelagem e vestu?rio.


A emergente economia industrial norte-americana, muito inst?vel, era marcada por crises. Nesse contexto, em 1903 formou-se, pela a??o de sufragistas e de profissionais liberais, a Women's Trade Union League para organizar trabalhadoras assalariadas. Com as crises industriais de 1907 e 1909 reduziu-se o sal?rio dos trabalhadores, e a oferta de m?o-de-obra era imensa, dada a numerosa imigra??o proveniente da Europa. Grande parte dos oper?rios e oper?rias era de imigrantes judeus, muitos com um passado de milit?ncia pol?tica.


No ?ltimo domingo de fevereiro de 1908, mulheres socialistas dos Estados Unidos fizeram uma manifesta??o a que chamaram Dia da Mulher, reivindicando o direito ao voto e melhores condi?es de trabalho. No ano seguinte, em Manhatan, o Dia da Mulher reuniu 2 mil pessoas.


Problemas muito conhecidos do operariado latino-americano impeliam trabalhadores e trabalhadoras a aderir ?s manifesta?es p?blicas por sal?rios e pela redu??o do hor?rio de trabalho. Embora o setor industrial tivesse algumas grandes empresas, predominavam as pequenas, o que dificultava a agrega??o e unicidade das reivindica?es. O movimento por uma organiza??o sindical era intenso e liderado no setor de confec?es e vestu?rio por trabalhadores judeus com experi?ncia pol?tica sindical, especialmente da Uni?o Geral dos Trabalhadores Judeus da R?ssia e da Pol?nia (Der Alguemayner Yiddisher Arbeterbund in Russland un Poyln – BUND).


Para desmobilizar o apelo das organiza?es e controlar a perman?ncia dos trabalhadores/as, muitas f?bricas trancavam as portas dos estabelecimentos durante o expediente, cobriam os rel?gios e controlavam a ida aos banheiros. Mas as dif?ceis condi?es de vida e os baix?ssimos sal?rios eram forte incentivo para a presen?a de oper?rios e oper?rias nas manifesta?es em locais fechados ou na rua.


Uma das f?bricas, a Triangle Shirtwaist Company (Companhia de Blusas Tri?ngulo), para se contrapor ? organiza??o da categoria, criou um sindicato interno para seus trabalhadores/as. Em outra f?brica, algumas trabalhadoras que reclamavam contra as condi?es de trabalho e sal?rio foram despedidas e pediram apoio ao United Hebrew Trade, Associa??o de Trabalhadores Hebreus. Ent?o as trabalhadoras da Triangle quiseram retirar alguns recursos do sindicato interno para ajudar as companheiras mas n?o o conseguiram. Fizeram piquetes na porta da Triangle, que contratou prostitutas para se misturarem ?s manifestantes, pensando assim dissuadi-las de seus prop?sitos. Ao contr?rio, o movimento se fortaleceu.


Uma greve geral come?ou a ser considerada pelo presidente da Associa??o dos Trabalhadores Hebreus, Bernardo Weinstein, sempre com o objetivo de melhorar as condi?es de trabalho da ind?stria de roupas. A id?ia se espalhou e, em 22 de novembro de 1909, organizou-se uma grande reuni?o na Associa??o dos Tanoeiros liderada por Benjamin Feigenbaum e pelo Forward. A situa??o era extremamente tensa e, durante a reuni?o, subitamente uma adolescente, baixa, magra, se levantou e pediu a palavra: “Estou cansada de ouvir oradores falarem em termos gerais. Estamos aqui para decidir se entramos em greve ou n?o. Proponho que seja declarada uma greve geral agora!” . A plat?ia apoiou de p? a mo??o da jovem Clara Lemlich.


Pol?tica e etnia


No movimento dos trabalhadores as rela?es ?tnicas tinham peso fundamental, raz?o pela qual, para garantir um compromisso com a greve, Feigenbaum usou um argumento de extraordin?ria import?ncia religiosa para os judeus. Ele perguntou ? assembl?ia: “Voc?s se comprometer?o com o velho mandamento judaico?” Uma centena de m?os se ergueram e todos gritaram: “Se eu esquecer de v?s, ? Jerusal?m, que eu perca minha m?o direita”. Era um juramento de que n?o furariam a greve.


Cerca de 15 mil trabalhadores do vestu?rio, a maioria mo?as, entraram em greve, provocando o fechamento de mais de 500 f?bricas. Jovens oper?rias italianas aderiram, houve pris?es, tentativas de contratar novas trabalhadoras, o que tornou o clima muito tenso. A dire??o da greve ficou com a Associa??o dos Trabalhadores Hebreus e com o Sindicato Internacional de Trabalhadores na Confec??o de Roupas de Senhoras (International Ladies' Garment Workers' Union – ILGWU).


? medida que as grandes empresas cederam algumas reivindica?es, a greve foi se esvaziando e se encerrou em 15 de fevereiro de 1910 depois de 13 semanas.


O inc?ndio


Pouco tinha sido alterado, sobretudo nas f?bricas de pequeno e m?dio porte, e os movimentos reivindicat?rios retornaram. A rea??o dos propriet?rios repetia-se: portas fechadas durante o expediente, rel?gios cobertos, controle total, baix?ssimos sal?rios, longas jornadas de trabalho.


O dia 25 de mar?o de 1911 era um s?bado, e ?s 5 horas da tarde, quando todos trabalhavam, irrompeu um grande inc?ndio na Triangle Shirtwaist Company, que se localizava na esquina da Rua Greene com a Washington Place. A Triangle ocupava os tr?s ?ltimos de um pr?dio de dez andares. O ch?o e as divis?rias eram de madeira, havia grande quantidade de tecidos e retalhos, e a instala??o el?trica era prec?ria. Na hora do inc?ndio, algumas portas da f?brica estavam fechadas. Tudo contribu?a para que o fogo se propagasse rapidamente.


A Triangle empregava 600 trabalhadores e trabalhadoras, a maioria mulheres imigrantes judias e italianas, jovens de 13 a 23 anos. Fugindo do fogo, parte das trabalhadoras conseguiu alcan?ar as escadas e desceu para a rua ou subiu para o telhado. Outras desceram pelo elevador. Mas a fuma?a e o fogo se expandiram e trabalhadores/as pularam pelas janelas, para a morte. Outras morreram nas pr?prias m?quinas. O Forward publicou terr?veis depoimentos de testemunhas e muitas fotos.


Morreram 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, na maioria judeus.


A como??o foi imensa. No dia 5 de abril houve um grande funeral coletivo que se transformou numa demonstra??o trabalhadora. Apesar da chuva, cerca de 100 mil pessoas acompanharam o enterro pelas ruas do Lower East Side. No Cooper Union falou Morris Hillquit e no Metropolitan Opera House, o rabino reformista Stephen Wise.


A trag?dia teve conseq??ncias para as condi?es de seguran?a no trabalho e sobretudo serviu para fortalecer o ILGWU.


Para autores como Sanders, todo o processo, desde a greve de 1909, mais o drama do inc?ndio da Triangle, acabou fortalecendo o reconhecimento dos sindicatos. O ILGWU, de conota??o socialista e um dos bra?os mais 'radicais' do American Federation of Labour (AFL), se tornou o maior e mais forte dos Estados Unidos naquele momento.


Atualmente no local onde se deu o inc?ndio foi constru?da a Universidade de Nova Iorque . Uma placa, lembrando o terr?vel epis?dio, foi l? colocada:



“Neste lugar, em 25 de mar?o de 1911, 146 trabalhadores perderam suas vidas no inc?ndio da Companhia de Blusas Triangle. Deste mart?rio resultaram novos conceitos de responsabilidade social e legisla??o do trabalho que ajudaram a tornar as condi?es de trabalho as melhores do mundo (ILGWU)”.



Mulheres e movimentos sociais


No s?culo XX, as mulheres trabalhadoras continuaram a se manifestar em v?rias partes do mundo: Nova Iorque, Berlim, Viena (1911); S?o Petersburgo (1913). Causas e datas variavam. Em 1915, Alexandra Kollontai organizou uma reuni?o em Cristiana, perto de Oslo, contra a guerra. Nesse mesmo ano, Clara Zetkin faz uma confer?ncia sobre a mulher. Em 8 de mar?o 1917 (23 de fevereiro no Calend?rio Juliano), trabalhadoras russas do setor de tecelagem entraram em greve e pediram apoio aos metal?rgicos. Para Trotski esta teria sido uma greve espont?nea, n?o organizada, e teria sido o primeiro momento da Revolu??o de Outubro.


Na d?cada de 60, o 8 de Mar?o foi sendo constantemente escolhido como o dia comemorativo da mulher e se consagrou nas d?cadas seguintes. Certamente esta escolha n?o ocorreu em conseq??ncia do inc?ndio na Triangle, embora este fato tenha se somado ? sucess?o de enormes problemas das trabalhadoras em seus locais de trabalho, na vida sindical e nas persegui?es decorrentes de justas reivindica?es.


Lenin: o que importava era a pol?tica de massas e n?o o direito das mulheres


Mulheres e homens jovens tinham muitas outras preocupa?es al?m das quest?es trabalhistas e do sistema pol?tico. Nem sempre a lideran?a comunista entendia essas necessidades, como foi o caso de Lenin e de muitos outros l?deres. Em seu Di?rio, Clara Zetkin relata o que ouvira do camarada e amigo Lenin, ao visit?-lo no Kremlin, em 1920. Lenin lamentava o descaso pelo Dia Internacional da Mulher que ela propusera em Copenhagem, pois este teria sido um oportuno momento para se criar um movimento de 'massa', internacionalizar os prop?sitos da Revolu??o de 17, agitar mulheres e jovens.


Para alcan?ar este objetivo, afirmava ele, era necess?rio discutir exclusivamente os problemas pol?ticos e n?o perder tempo com aquelas discuss?es que os jovens trabalhadores traziam para os grupos pol?ticos, como casamento e sexo. Lenin estendia suas cr?ticas ao trabalho de Rosa Luxemburgo com prostitutas: “Ser? que Rosa Luxemburgo n?o encontrava trabalhadores para discutir, era necess?rio buscar as prostitutas?”


Esta vis?o de Lenin fez escola na esquerda. A experi?ncia do 'amor livre' nos primeiros anos p?s-Revolu??o trouxe enormes conflitos que levaram ? restaura??o do sistema de fam?lia regulamentado pelo contrato civil. Temas relativos ao corpo, ? sexualidade, ? reprodu??o humana, rela??o afetiva entre homens e mulheres, aborto, s? foram retomados 40 anos mais tarde pelo movimento feminista.


O 8 de Mar?o no Brasil


No Brasil v?-se repetir a cada ano a associa??o entre o Dia Internacional da Mulher e o inc?ndio na Triangle quando na verdade Clara Zetkin o tenha proposto em 1910, um ano antes do inc?ndio. ? muito prov?vel que o sacrif?cio das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imagin?rio coletivo da luta das mulheres. Mas o processo de institui??o de um Dia Internacional da Mulher j? vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e europ?ias h? algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin.


Nas primeiras d?cadas do s?culo XX, o grande tema pol?tico foi a reivindica??o do direito ao voto feminino. Berta Lutz, a grande l?der sufragista brasileira, aglutinou um grupo de mulheres da burguesia para divulgar a demanda. Ousadas, espalharam de avi?o panfletos sobre o Rio de Janeiro, pedindo o voto feminino, no in?cio dos anos 20! Pressionaram deputados federais e senadores e se dirigiram ao presidente Get?lio Vargas. Afinal, o direito ao voto feminino foi concedido em 1933 por ele e garantido na Constitui??o de 1934. Mas s? veio a ser posto em pr?tica com a queda da ditadura getulista – s? ent?o foram restabelecidas as elei?es – , e as mulheres brasileiras votaram pela primeira vez em 1945.


Em 1901, as oper?rias, que juntamente com as crian?as constitu?am 72,74% da m?o-de-obra do setor t?xtil, denunciavam que ganhavam muito menos do que os homens e faziam a mesma tarefa, trabalhavam de 12 a 14 horas na f?brica e muitas ainda trabalhavam como costureiras, em casa. Como mostra Rago, a jornada era de umas 18 horas e as oper?rias eram consideradas incapazes f?sica e intelectualmente. Por medo de serem despedidas, submetiam-se tamb?m ? explora??o sexual.


Os jornais oper?rios, especialmente os anarquistas, reproduziam suas reclama?es contra a falta de higiene nas f?bricas, o ass?dio sexual, as p?ssimas condi?es de trabalho, a falta de pagamento de horas extras, um sem n?mero de abusos. Para os militantes oper?rios, a f?brica era um local onde as mulheres facilmente se prostitu?am, da? reivindicarem a volta das mulheres para casa. Patr?es, chefes e empregados partilhavam dos mesmos valores: olhavam as trabalhadoras como prostitutas.


Entre as militantes das classes mais altas, a desqualifica??o do operariado feminino n?o era muito diferente: partilhavam a imagem generalizada de que oper?rias eram mulheres ignorantes e incapazes de produzir alguma forma de manifesta??o cultural. A dist?ncia entre as duas camadas sociais impedia que as militantes burguesas conhecessem a produ??o cultural de anarquistas como Isabel Cerruti e Matilde Magrassi, ou o desempenho de Maria Valverde em teatros populares como o de Arthur Azevedo.


Como as anarquistas americanas e europ?ias, as brasileiras (imigrantes ou n?o) defendiam a luta de classes mas tamb?m o div?rcio e o amor livre, como escrevia A Voz do Trabalhador de 1? de fevereiro de 1915: “Num mundo em que mulheres e homens desfrutassem de condi?es de igualdade… Vivem juntos porque se querem, se estimam no mais puro, belo e desinteressado sentimento de amor”.


A distin??o entre anarquistas e comunistas foi fatal para uma eventual alian?a: enquanto as comunistas lutavam pela implanta??o da “ditadura do proletariado”, as anarquistas acreditavam que o sistema partid?rio reproduziria as rela?es de poder, social e sexualmente hierarquizadas.


No PC a diferencia??o de g?nero continuava marcante: as mulheres se encarregavam das tarefas 'femininas' na vida quotidiana do Partido. Extremamente ativas, desenvolveram a?es externas de organiza??o sem ocupar qualquer cargo importante na hierarquia partid?ria. Atuavam, por exemplo, junto a crian?as das favelas ou dos corti?os, organizavam col?nias de f?rias, supondo que poderiam ensinar ?s crian?as novos valores.


Zuleika Alembert, a primeira mulher a fazer parte da alta hierarquia do PC, eleita deputada estadual por S?o Paulo em 1945, foi expulsa do Partido quando fez cr?ticas feministas denunciando a sujei??o da mulher em seu pr?prio partido.


O feminismo dos anos 60 e 70 veio abalar a hierarquia de g?nero dentro da esquerda. A luta das mulheres contra a ditadura de 1964 uniu, provisoriamente, as feministas e as que se autodenominavam membros do 'movimento de mulheres'. A uni-las, contra os militares, havia uma data: o 8 de Mar?o. A comemora??o ocorria atrav?s da luta pelo retorno da democracia, de den?ncias sobre pris?es arbitr?rias, desaparecimentos pol?ticos.


A consagra??o do direito de manifesta??o p?blica veio com o apoio internacional – a ONU instituiu, em 1975, o 8 de Mar?o como o Dia Internacional da Mulher.


Entrou-se numa nova etapa do feminismo. Mas velhos preconceitos permaneceram nas entrelinhas. Um deles talvez seja a confusa hist?ria propalada do 8 de Mar?o, em que um antiamericanismo apagava a luta de tantas mulheres, obscurecendo at? mesmo suas origens ?tnicas.
 


Refer?ncias bibliogr?ficas



  • Alves, Branca Moreira. Ideologia e feminismo: a luta pelo voto feminino no Brasil. Petr?polis: Vozes, 1980.
  • Bosi, Ecl?a. Simone Weil: a raz?o dos vencidos. S?o Paulo: Brasiliense, 1982.
  • Chevalier, Charles. Classes laborieuses et classes dangereuses ? Paris pendant la premi?re moiti? du XIXe. si?cle. Paris: Hachette, 1984
  • Chombart de Lauwe, Paul Henri et alii. La femme dans la soci?t?: son image dans diff?rents milieux sociaux. Paris: CNRS, 1963.
  • Howe, Irving; Libo, Kenneth. How We Lived. A Documentay History of Immigrant Jews in America. 1880-1930. USA: Richard Marek Publishers, 1979.
  • Isis Creation for the Australian Women's Inta network. Internet. A History of International Women's Day Origins. http://www.isis.aust.com/iwd
  • Lobo, Elisabeth Souza. Emma Goldman: a vida como revolu??o. S?o Paulo: Brasiliense, 1983.
  • Marin, Alexandra Ayala. “Caja de Pandora”. Clara Zetkin. Entrevista dada para UNIFEM. Ver. http://www.unifemandina.org
  • Minczeles, Henri. Histoire g?n?rale du BUND, un mouvement r?volutionnaire juif. Paris: Austral, 1995.
  • Sanders, Ronald. THE DOWTOWN JEWS. Portraits of an Immigrant Generation. New York: Dover Publications, Inc., 1987.
  • Shepherd, Naomi. A Price Below Rubies. Jewish Women as Rebels and Radicals. Harvard University Press. Cambridge. Massachusetts, 1993. ( qual a duvida aqui?)
  • Zetkin, Clara. My Recollections of Lenin. Ap?ndice pp. 87-122 in V.I. Lenin. The Emancipation of Women. International Publishers. New York. 1972 (a primeira edi??o ? de 1934). SBN 7178-0290-6
  • Rago, Margareth. Do cabar? ao lar: a utopia da cidade disciplinar. 1890-1930. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.


Dados biogr?ficos da Autora



Eva Alterman Blay: Prof? Titular de Sociologia da Universidade de S?o Paulo. Coordenadora Cient?fica do NEMGE (N?cleo de estudos da Mulher e Rela?es Sociais de G?nero) da USP. Autora de Trabalho Domesticado – a mulher na ind?stria paulista (?tica, 1978); As Prefeitas, Avenir (s/d), e outros livros e artigos sobre g?nero, habita??o oper?ria, participa??o pol?tica. Foi Senadora da Rep?blica entre 1992/1994.





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