Saiu na Época

 





Andr?s ? uma crian?a de apenas cinco anos, mas seu pai, o argentino Alejandro Rozitchner, de 47, j? sabe o que dizer ao filho quando ele lhe perguntar pela primeira vez sobre a exist?ncia de Deus. “Vou explicar que Deus ? s? uma id?ia criada pelos homens como uma necessidade de explicar o mundo. E que, por isso, n?o deixa de ser um personagem, tal como o Buzz Lightyear ou o Woody do Toy Story (desenho animado dos est?dios Disney-Pixar).”

 




Rozitchner e sua mulher, Ximena Ianantuoni, de 37, n?o querem traumatizar o filho mais velho (eles t?m outros dois: Bruno, de 2 anos, e F?lix, de 5 meses). At? porque ele ? fil?sofo e ela, psicoterapeuta especializada em crian?as. Os dois s?o ateus e defendem a liberdade de criar seus filhos sem a influ?ncia de qualquer religi?o, apesar de ele vir de uma fam?lia judia e ela, de uma cat?lica. Por isso, desde o come?o o casal quer mostrar a eles uma vis?o at?ia do mundo.

 




“As pessoas sempre educam os filhos de acordo com suas cren?as. N?s vamos educ?-los por nossas convic?es. E achamos que a f? n?o ? algo saud?vel para eles”, afirma Rozitchner, que se refere aos filhos como “os tr?s ateuzinhos”. O casal, que vive em Buenos Aires, n?o teve medo de expor suas id?ias e publicou no ano passado o livro Filhos sem Deus – Ensinando ? Crian?a um Estilo Ateu de Viver.




A obra chega agora ?s livrarias brasileiras em uma edi??o da Martins Fontes – o lan?amento foi na Bienal do Livro, encerrada no dia 24. Al?m disso, os dois mant?m blogs na internet, onde divulgam suas id?ias – 100Volando , de Alejandro, e Vamosviendo , de Ximena.




Em entrevista a ?POCA, os dois dizem por que s?o favor?veis a uma educa??o ate?sta, mesmo respeitando os que optam pelo ensino religioso, e sup?em que haja mais ateus na sociedade do que se imagina.

 




?POCA – Voc?s j? pensaram o que v?o dizer a seus filhos quando eles perguntarem pela primeira vez sobre Deus?




Rozitchner – Vou explicar que Deus ? s? uma id?ia criada pelos homens como uma necessidade de explicar o mundo. E que, por isso, n?o deixa de ser um personagem, tal como o Buzz Lightyear ou o Woody do Toy Story. Por mais que eu respeite quem d? aos filhos uma educa??o religiosa, nada me faz demover da id?ia de que a f? ? algo daninho, pouco saud?vel. Enfim, vou falar a minha verdade. Que Deus ? uma id?ia um tanto primitiva, uma figura cuja exist?ncia faz com que as pessoas nunca sejam totalmente donas de si e respons?veis por seus atos.

 




?POCA – Essa posi??o n?o impede que seus filhos tenham liberdade para se interessar por alguma religi?o?




Rozitchner – ? claro que vamos conduzir nossos filhos para uma forma ate?sta de ver a vida, mas as pessoas sempre educam os filhos de acordo com suas cren?as. N?s vamos fazer o mesmo: educ?-los por nossas convic?es. N?o me parece que na escola isso vai ser algo problem?tico para eles. O tema tem de ser conduzido com naturalidade. S? assim eles podem se acostumar com os pais que t?m.




 

?POCA – Em que tipo de escola estuda seu filho mais velho? Foi escolhida a dedo?

Ximena – Sim. ? um jardim de inf?ncia privado e laico, que aceita alunos cujos pais seguem qualquer credo – e os que n?o seguem nenhum. Nessa escola a religi?o simplesmente n?o ? um tema discutido dentro da sala de aula. Mas essas institui?es ainda s?o poucas em Buenos Aires, e caras. ? um fen?meno recente. Muitos col?gios, principalmente os p?blicos, oferecem o catecismo como um curr?culo extra. Vivemos numa sociedade muito necessitada de algo que ordene a educa??o, e a religi?o cumpre esse papel.




Rozitchner – Eu n?o matricularia meus filhos em uma escola religiosa. Em Buenos Aires a educa??o p?blica v? a religi?o como um componente importante.




 

?POCA – Para quem ? destinado o livro?




Rozitchner – Muitas pessoas me agradeceram porque enxergaram no livro uma chance de encontrar argumentos para esclarecer sua posi??o e dar uma forma??o a suas crian?as sem o v?nculo da religi?o. Eles identificaram algo que j? tinham em mente, mas n?o conseguiam expressar. Acredito que exista muita gente que ? at?ia e n?o tem consci?ncia disso. Diz que acredita em Deus por costume, mas, se voc? confronta essas pessoas sobre a quest?o, elas acabam admitindo que Deus n?o ? algo que lhes importe no dia-a-dia.




 

?POCA – Houve cr?ticas ao livro por parte de grupos religiosos na Argentina? O que voc?s esperam da rea??o aqui no Brasil?




Rozitchner – O livro n?o causou nenhum esc?ndalo na Argentina, mesmo para a Igreja. Ningu?m se indignou. Acredito que isso ? decorr?ncia de uma sociedade mais ampla. H? extremistas, mas eles n?o s?o a maioria. O mais comum ? uma f? tolerante. N?o conhe?o a fundo o Brasil, mas imagino que a rea??o n?o v? ser muito diferente. No livro, n?o pretendemos converter ningu?m ao ate?smo. Respeitamos muito quem tem uma religi?o. S? queremos ter o direito a dar uma educa??o ate?sta.




 

?POCA – No Brasil, uma lei estabelece a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas p?blicas. Qual a sua opini?o sobre esse tipo de norma?




Ximena – Acredito que seja algo negativo, porque n?o d? a possibilidade ?s crian?as de perguntarem coisas como a origem do Universo e o que ocorre depois da morte. S?o quest?es para as quais, num ensino guiado pela religi?o, as respostas s?o inflex?veis. Isso intimida o aluno.




 

?POCA – A senhora se “converteu” ao ate?smo. Como foi isso?




Ximena – Quando eu tinha 16 anos, por a?, comecei a ganhar responsabilidades na vida, passar por algumas experi?ncias que me fizeram duvidar de Deus. E fui me dando conta de que n?o havia uma figura divina. O sentido da vida mudou totalmente para mim. Percebi que a chave do cotidiano era viver o presente sem fugir de suas obriga?es, sem delegar a um ser superior. Conheci o Alejandro s? com 25 anos e logo me identifiquei com a sua perspectiva de vida. Ele n?o me “converteu”, mas nosso relacionamento deixou mais claro para mim o que era uma vis?o ate?sta do mundo.




 

fonte: ?poca

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