A cruz

 





  


"… a palavra da cruz ? loucura para os que se perdem, mas para n?s, que somos salvos, poder de Deus." 1 Co 1.18ss


N?s, crist?os, falamos freq?entemente sobre a cruz e o supl?cio de nela morrer, sobretudo, por ter sido o instrumento da morte de Jesus.


A MORTE DE CRUZ


No per?odo neotestament?rio morrer na cruz, no fogo, e entregue ?s feras, era provar de uma das tr?s supremas penas romanas.


O que as tornava supremas n?o eram, t?o somente, a crueldade desumana ou a desonra p?blica, mas, tamb?m, o fato de n?o poder restar nada para ser enterrado do sentenciado, a n?o ser a pr?pria cruz, segundo afirmam pesquisadores. ? f?cil de se entender por que n?o se sobraria nada de um cad?ver consumido pelo fogo ou devorado por le?es. No caso da morte na cruz – a crucifica??o, para espanto de muitos hoje, isso ocorria porque o corpo ficava exposto na cruz aos abutres e aos c?es comedores de carni?a.


Por tratar-se de senten?a suprema eram comuns crueldades que precediam o ato da crucifica??o. Tal como a?oitar o r?u e depois de lacerado o corpo, obrig?-lo a carregar a cruz, o patibulum, a viga transversal.


A crucifica??o era o ato pelo qual, um r?u condenado ? morte era fixado ? cruz, atando-lhe as m?os e os p?s ou cravando-os com os pregos para dar-lhe morte mais cruel.


O sentenciado atado ? cruz comumente morria de maneira mais lenta, podendo sobrevir o ?bito at? tr?s dias ap?s a crucifica??o. O que ocorria por asfixia, por esgotamento nervoso, por fome ou por sede. Em alguns casos este tipo de obitu?rio acontecia at? com os que eram pregados, e quebrar as pernas do r?u era um recurso utilizado na necessidade de abreviar a morte.


As cruzes utilizadas eram de v?rios tipos. No caso de Jesus talvez tenha sido a do tipo +, que mais facilmente se prestava a receber a inscri??o que Pilatos mandou inscrever sobre a cabe?a de Jesus, Mt 27.37; Mc 15.26, Lc 23.38; Jo 19.19. A inscri??o trazia o motivo da condena??o do r?u, podendo ser pendurada em seu pesco?o ou afixada em cima de sua cabe?a.


Embora existisse a orienta??o por parte do Estado de extinguir o cad?ver e a cruz, para evitar que possivelmente o t?mulo se tornasse local de culto e resist?ncia, e a cruz instrumento de venera??o ou contamina??o. Pelo menos em pa?s judaico a fam?lia e/ou amigos contavam com a possibilidade de obter o corpo do condenado ap?s a morte.


N?o se sabe precisamente, mas provavelmente os romanos receberam dos cartagineses a pr?tica de crucifica??o que foi abolida, s?culos depois, por Constantino em todo o imp?rio romano.


Quando em vigor, os romanos eram isentos desta pena em virtude de leis especiais, sendo infligida somente aos escravos ou aos libertos que cometiam crimes hediondos.


A MENSAGEM DA CRUZ


Em um primeiro momento, para os disc?pulos a morte de Jesus na cruz foi um choque violento, um esc?ndalo, a prova cabal de que Jesus n?o era o redentor esperado (Lc. 24.21). E a rea??o, como vimos acima, dificilmente seria outra diante de tamanha crueldade, inf?mia e vergonha que a crucifica??o expunha o r?u.


No Novo Testamento as palavras cruz e crucificar s? aparecem nos evangelhos, nas cartas paulinas, em At. 2.36; 4.10; Hb. 6.6; 12.2 e Ap. 11.8. Salta-nos aos olhos o lugar t?o proeminente que a cruz ocupa no pensamento do ap?stolo Paulo. Sumariamente podemos afirmar que a cruz de Jesus, tamb?m, o chocou violentamente antes de reconhec?-la como a cruz de Cristo.


Como acreditar que Jesus de Nazar? fosse o Messias de Israel, entregue pelo Sin?drio a P?ncio Pilatos, crucificado e ferido pela maldi??o divina (Gl. 3.16)? Entretanto, a revela??o fulminante do caminho de Damasco (Gl. 1.16) foi suficiente para convenc?-lo. Da? por diante Paulo tem a certeza de que Jesus ? o Cristo, n?o a despeito, mas por causa de sua morte


na cruz. Esta convers?o total de ju?zo de Paulo sobre o crucificado norteia todas suas reflex?es.


"Pregamos um Cristo crucificado, esc?ndalo para os judeus e loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tantos judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus" (1 Co. 1.23-24). Com estas palavras Paulo exprime a espont?nea rea??o de todo homem e mulher posto na presen?a da cruz reconciliadora e redentora.


Paulo reconhece a cruz como obra reconciliadora ao considerar-nos outrora inimigos de Cristo, quais potestades subjugadas, agora conquistados pela cruz vitoriosa, que se renderam alegremente, em obedi?ncia, diante do verdadeiro Rei. Para o ap?stolo a morte de Cristo ? manifesta??o suprema do amor de Deus: "Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por n?s, sendo n?s ainda pecadores" (Rm 5.8). O Rei, que poderia aniquilar os inimigos, n?o o faz, mas reconcilia-nos com Deus mediante a morte do seu Filho.


Desta forma evidencia-seo fato de que ? a morte de Cristo que efetua a reconcilia??o (Rm 5.6-10; Ef. 2.13; Cl. 1.20). Que essa morte de cruz ? ato de Deus em benef?cio da cria??o e jamais ato humano de propicia??o oferecido a Deus. O Supremo estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, n?o imputando ? humanidade as suas transgress?es (2 Co. 5.18-19). Pois a rebelada ra?a humana era incapaz de fazer qualquer coisa para estabelecer paz com Deus, ou qualquer rela??o adequada.


Inerente a morte de Cristo na cruz est? a obra redentora da humanidade. Que significa "resgate", "aquisi??o", "compra", liberta??o, efetuada por Cristo no Calv?rio (Rm. 3.24; Cl. 1.14). A palavra original no grego traduzida por reden??o ? lytr?n que significa originalmente devolver escravos (se tivesse sido aprisionados na guerra ou por bandos de salteadores) mediante o pagamento de um resgate, ou alforri?-los, ou libert?-los.


Desta forma, Paulo sintetiza a Tito a obra redentora do Cristo: Jesus ? Salvador "o qual a si mesmo se deu por n?s, a fim de remir-nos de toda iniq?idade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obra" (Tt. 2.14) Entrementes, Deus fez seu filho pecado por n?s, a fim de que nele n?s nos torn?ssemos justi?a de Deus (2 Co. 5.21).


Foi Deus quem quis que seu Filho, por solidariedade a humanidade, fosse submetido aos efeitos mal?ficos do poder mort?fero que ? o pecado; constituindo o maior ato de amor e de obedi?ncia que se possa conhecer. Assim a obra nefasta do pecado est? reparada, restaurada, resgatada, e a humanidade de novo diante da vida divina pelo sacrif?cio vic?rio de Jesus na cruz.


Destarte, n?o ? pela vontade do Pai, mas pela rebeli?o humana, que perecer?o aqueles que n?o se reconciliarem. Entretanto, este ? o pre?o frustrante que Deus est? disposto a pagar para manter a liberdade humana.


A cruz que era a aparente derrota, a morte de Cristo, era na realidade a vit?ria sobre a morte e sobre Satan?s, o autor da morte (Jo. 12.31; Hb 2.14), era a fonte de toda sufici?ncia, de amor pr?tico. E, se ? verdade (o que de fato ?) que se deve temer a apostasia, que levaria a "crucificar de novo por pr?pria conta o Filho de Deus" (Hb. 6.6),devemos exclamar com Paulo: "De minha parte que eu jamais me glorie a n?o ser na cruz de do nosso Senhor Jesus Cristo que fez do mundo um crucificado para mim, e de mim um crucificado para o mundo" (Gl. 6.14)


 


Bibliografia


ALLMEN, J. J. von. Vocabul?rio B?blico. S?o Paulo: ASTE, 2001. pp. 103-107.


DAVIS, John D. Dicion?rio da B?blia. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1973. pp. 141-142.


L?ON-DUFOUR, Xavier. Vocabul?rio de Teologia B?blica. Petr?polis: Editora Vozes, 1999. pp. 196-198.


RICHARDSON, Alan. Introdu??o a teologia do NovoTestamento. S?o Paulo: ASTE, 1966. pp. 215-222.


 


Rev. Robson Vargas de Melo


Igreja Metodista em Cangulo

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