casa susana

Geral

Uma das moradoras da Vila S?o Lucas, periferia miser?vel da cidade de Viam?o, regi?o metropolitana de Porto Alegre, RS, estava muito preocupada: n?o tinha dinheiro para alimentar sua fam?lia naquele dia. Mas na Casa Susana Wesley, que fica ali mesmo no bairro, ela havia aprendido duas coisas importantes: a fazer servi?o de manicure e a confiar em Deus. Assim, ela resolveu n?o se desesperar. Pegou seu kit de trabalho e orou pedindo que Deus lhe concedesse "pelo menos umas duas clientes" naquele dia. Encontrou mais que o dobro e, logo que p?de, voltou ? Casa para compartilhar sua alegria com Eunice Bruhn, coordenadora de projetos da casa. S?o hist?rias assim que fazem a dona Eunice e as outras volunt?rias da Casa a continuar firme na obra, apesar das decep?es e dos problemas t?o presentes no caminho de quem se disp?e a promover a vida numa regi?o marcada pela extrema pobreza e viol?ncia.

A Casa Susana Wesley existe desde 1994. Nasceu como um abrigo para meninas e adolescentes v?timas de viol?ncia dom?stica. Encaminhadas pelo Conselho Tutelar, as meninas eram abrigadas na casa e ficavam isoladas da fam?lia. A partir de 2002, a Casa Susana Wesley mudou sua forma de atua??o, passando a fazer um trabalho que integra a fam?lia. Hoje as meninas e adolescentes em situa??o de risco social freq?entam a casa durante o dia – onde recebem assist?ncia m?dica, psicol?gica, espiritual e educacional – e voltam para seus lares ? noite. A fam?lia tamb?m ? assistida: m?es, pais ou cuidadores participam do grupo terap?utico e, se necess?rio, recebem encaminhamentos para obten??o de documentos, tratamentos de sa?de e controle de natalidade. Um mutir?o para a melhora das condi?es de moradia e cursos profissionalizantes para as m?es tamb?m contribuem para aumentar a auto-estima e a qualidade de vida de toda a fam?lia, contribuindo com a diminui??o da viol?ncia. H? cursos de costura, corte de cabelo, manicure e, at? mesmo, aulas para bab?s e empregadas dom?sticas, onde se ensina desde o uso de aparelhos eletr?nicos ? realiza??o de atividades simples como passar um pano ?mido no assoalho. "Boa parte das nossas alunas moram em casas com ch?o de terra, nunca tiveram que passar um pano no ch?o", conta Eunice. Hoje, Eunice Bruhn j? contabiliza mais de 100 mulheres ganhando a vida com o trabalho de manicure. Muitas tamb?m contribuem com o or?amento dom?stico e com a alimenta??o da fam?lia produzindo p?es e salgadinhos para festas.

Mas tudo isso tem um custo alto, tanto financeiro quanto emocional. Os recursos materiais s?o supridos gra?as a doa?es de membros da comunidade local, igrejas metodistas cooperantes, como a Igreja da Inglaterra e a Divis?o de Mulheres dos Estados Unidos, campanhas de arrecada??o e verbas conquistadas a duras penas junto a ?rg?os p?blicos. Conseguir recursos humanos ? ainda mais penoso. A diretora da Casa Susana Wesley, Eunice Fontoura Zimmermann, ? uma das poucas funcion?rias de dedica??o integral; boa parte do trabalho ? volunt?rio, como o da coordenadora Eunice Bruhn, que lamenta a falta de envolvimento da Igreja. Ela conta que a Igreja Paulo de Tarso, de Porto Alegre, ? uma das poucas que realmente assumiu o desafio de apoiar a Casa. Muitas pessoas, diz dona Eunice, sequer se disp?em a ouvi-la falar sobre esse trabalho, pois ela n?o tem apenas hist?rias animadoras para contar, como a que abre esta reportagem. Quem assume este desafio ter? que se deparar com muita pobreza, com muita dor e com muito sofrimento. Infelizmente, poucas pessoas est?o preparadas para isso. Mas enquanto houver f?, haver? relatos de esperan?a. Este ? o sentimento que move Eunice Bruhn e os(as) demais colaboradores(as) deste trabalho. Quem sabe essa f? n?o mova voc? tamb?m?