Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

chamados para ser luz

O apoio da Pastoral de Convivência Guarani às comunidades indígenas da quarta região.

Durante a primeira fase do 18º Concílio Geral, em julho, um rapaz de cabelos compridos e negros subiu ao palanque do auditório do Sesc-Aracruz (Espírito Santo) e disse as seguintes palavras: "As pessoas precisam conversar. A gente faz isso na aldeia também. Discutimos projetos e falamos de espiritualidade. Porque é importante o respeito e o carinho". Quem deu esse significativo testemunho tem um nome que revela intenso brilho: "Werá Djekupé", que poderia ser traduzido, literalmente, para "guardião do relâmpago". O povo metodista reunido em Aracruz e chamado por Jesus para ser "luz do mundo" ouviu esse depoimento em respeitoso silêncio.

Werá Djekupé, que também se chama Marcelo Oliveira da Silva, é o cacique de três aldeias guarani: Três Palmeiras, Boa Esperança e Piraquê-Açu, localizadas na região de Aracruz. Ele conta que os guaranis sobrevivem da agricultura de subsistência e da venda de artesanato para turistas que visitam as praias do Espírito Santo no verão. "Apesar de sermos um povo simples, acreditamos que Nhanderu, nosso Pai Criador, está em nossa aldeia, pois Deus procura aqueles que mais precisam dele", testemunha o cacique Marcelo.

Certamente os guaranis têm sentido, em sua história, a necessidade da proteção divina e da solidariedade humana. Eles vivem em situação de permanente conflito com a empresa Aracruz Celulose por demarcação e posse de terras. E a Igreja Metodista, por intermédio da Pastoral de Convivência Guarani, da 4ª Região, sob coordenação do pastor Adahyr Cruz, tem procurado dar apoio às necessidades materiais e espirituais das comunidades indígenas da região.

No dia 15 de setembro, o pastor Adahyr esteve na Assembléia Legislativa de Vitória em manifestação de repúdio a uma campanha que a Aracruz tem feito, junto à opinião pública, contra as comunidades indígenas do Espírito Santo. Uma cartilha distribuída pela empresa na região (e também por meio do site www.aracruz.com.br) afirma que a área em disputa nunca foi habitada por índios. E o texto refere-se a eles como "supostos índios". Na Assembléia Legislativa, o pastor Adahyr leu uma carta na qual denuncia a Aracruz por "campanha difamatória" e racismo (o texto está disponível no site). Após a manifestação, o Ministério Público Federal do Espírito Santo resolveu instaurar um inquérito civil público para averiguar as informações divulgadas pela Aracruz."A posição da Aracruz Celulose demonstra não só desrespeito com a história, com a memória e a cultura do povo capixaba, mas também que esta empresa não tem escrúpulos quando se trata de garantir seus interesses, às custas da miséria e da destruição dos povos tradicionais e do meio ambiente. Campanhas milionárias financiadas por esta empresa vêm escamoteando os impactos gerados pela monocultura de eucalipto no Brasil e expondo os povos tradicionais desta terra a humilhações inomináveis", afirma o manifesto divulgado pelo pastor Adahyr, representando uma igreja que busca responder ao chamado de Jesus para ser um brilho intenso - "werá" - resplandecendo no mundo.


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