Publicado por Redação Metodista em Colégio Episcopal - 23/01/2023

Conhecidos e Conhecidas Desde o Ventre

Conhecidos e conhecidas desde o ventre
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Meus ossos não estavam escondidos de Ti quando em secreto fui formado;
os Teus olhos viram o meu embrião” (Salmos 139.15-16)

 

            O Colégio Episcopal da Igreja Metodista do Brasil, diante da decisão que retirou o país da Declaração do Consenso de Genebra, manifesta veemente posição contrária a toda ação ou política pública que tal posição do governo brasileiro sugere tendo em vista a possibilidade de flexibilizar ou até mesmo, em objetivo final, descriminalizar a prática do aborto. A Declaração de Genebra defende que "a família é a unidade natural e fundamental da sociedade", e que "o aborto jamais deve ser usado para fins de planejamento familiar".

            A recente decisão do governo brasileiro merece nossa preocupação e alerta não por crítica pontual sobre o Brasil ser signatário de uma manifestação internacional, mas pelo o que tal feito traz como emblema e perspectivas. Em nota, o ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, afirmou que “de fato, a decisão visa aproximar o país com entidades onde a tradição na criação de ambientes políticos de diálogos com minorias seja a tônica”. Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, declarou que a saída do Brasil do Consenso de Genebra representa “uma mudança radical nas políticas públicas para as mulheres”. O recente ato de retirada do Brasil do Consenso de Genebra somadas com as falas de ministros do atual governo nos parece ir contra ao que nosso presidente declarou na época de campanha, onde afirmou não ser favorável ao aborto e que o tema deveria ser debatido pelo Congresso Nacional. A posição do então candidato à presidência é o que se espera em regimes de governo como o nosso, onde o Parlamento, representando os diversos segmentos da sociedade, propõe debates sobre temas relevantes. Na mais recente pesquisa do Datafolha sobre aborto, divulgada em junho de 2022, vimos que 32% da população se manifesta contra qualquer possibilidade de interromper a gravidez, 39% entende que a atual lei deve ser mantida, 18% defende que o aborto deve ser uma possibilidade em mais circunstâncias que a atual legislação prevê, e apenas 8% acredita que o aborto deveria ser permitido em qualquer situação. O Poder Executivo não deveria trabalhar o tema do aborto sem antes dialogar com a sociedade.

              Os Bispos e a Bispa, representando o povo metodista no Brasil, reafirmam o contido em nossos documentos, onde temos como base "que o aborto é considerado uma prática contrária à consciência cristã, pois é uma espécie de infanticídio, e que essa é uma posição clara, sabendo-se que uma nova vida inicia o curso de sua existência a partir da concepção”. Nossos posicionamentos anteriores sobre o tema também afirmam que “a legalização não torna o aborto moralmente bom ou útil, mas será necessário, na verdade, combater o aborto que se processa de um modo clandestino, como também indo de encontro às causas e motivos que sustentam sua ocorrência”. Em anterior manifestação do Colégio Episcopal, se enfatizou que “a liberdade, no seu sentido pleno, implica em responsabilidade com o outro, e nenhuma pessoa é realmente livre para praticar o mal, especialmente, com um ser indefeso ainda em gestação".

              Ao povo metodista desafiamos o estudo dos nossos documentos sobre o tema do aborto, a prática de ações pastorais e de acolhida às mães sozinhas e/ou famílias com dificuldades, sejam financeiras ou de outra ordem, ampla divulgação de informações sobre saúde reprodutiva, campanhas de combate contra a violência doméstica, ao assédio e ao abuso sexual, e desenvolvimento de projetos sociais com foco na saúde mental, emocional, espiritual e financeira para criar uma rede de apoio e emancipação às pessoas com necessidades diversas, gerando melhores meios para superação das adversidades.

            Como cristãos e cristãs cremos que a vida é dom divino, e essa certeza nos motiva a trabalhar firme à favor de todas as condições para sua preservação desde o ventre, quando já somos alvos de sonhos de Deus, como nos ensina o salmista no texto que ilustra a presente manifestação.

 

São Paulo, 23 de Janeiro de 2023.

 

Bispo Adonias Pereira do Lago
Presidente do Colégio Episcopal

 

Bispo Bruno Roberto Pereira dos Santos
Secretário do Colégio Episcopal


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