Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 05/01/2011

Cristãos no Oriente Médio são alvos da Al-Qaida

O sangrento atentado do Ano Novo contra uma igreja copta na Alexandria confirma que Al-Qaida segue adiante com o seu propósito de atacar cristãos na região, exacerbando as tensões entre as grandes religiões no Oriente Médio.

O atentado em Alexandria, que deixou um saldo de 21 mortos e 97 feridos, foi um ataque “contra todos os egípcios” realizado por “elementos estrangeiros”, disse o presidente Hosni Mubarak.

A autoria do ataque parece evidente em razão “dos aspectos técnicos, o alto número de vítimas e as ameaças da Al-Qaida no Iraque”, declarou Diaa Rashwan, um especialista do Centro Al-Ahram, do Cairo.

Os confrontos entre coptas e muçulmanos foram frequentes na história do Egito. Mas esses conflitos brotam de maneira espontânea em torno da posse de terras, as relações comunais e a construção de templos.

Assim, em novembro de 2009, o rumor de que um jovem cristão de 20 anos mantinha relações com uma menina muçulmana de 12 fez com que cerca de três mil muçulmanos arremetessem contra os cristãos no povoado de Farshoot, a 500 km ao sul do Cairo, saqueando e destruindo propriedades e lojas coptas.

Do mesmo modo, encolerizados pelo rumor de que cristãos tinham começado a construção de um novo templo, centenas de muçulmanos atacaram a comunidade copta na província Mesa Mathrouh, em março de 2010 . Do ataque, 20 coptas saíram feridos por causa da agressão, entre eles mulheres e meninos.

O caso das duas mulheres egípcias, Kamilyah Shehatah e Wafaa Constantine, que em junho de 2010 abandonaram seus maridos, sacerdotes coptas, converteram-se ao Islã, mas foram forçadas a regressar à Igreja Copta, irritou grupos islâmicos fundamentalistas do Egito e resultou numa dura ameaça da Al-Qaida.

Os cristãos serão “extirpados e dispersados” do Iraque, “todos os centros cristãos, organizações e instituições, líderes e fiéis, são alvos legítimos para os muyahidines, onde queira que possam ser atingidos,” assinalava declaração dessa organização na Internet, que pedia também a libertação de Kamilyah Shehatah e Kafaa Constantine.

No final de outubro, efetivos de Al-Qaida seqüestraram um grupo de fiéis na Igreja Síria Católica de Nossa Senhora da Salvação, no centro de Bagdá. O sequestro culminou com um saldo de 68 mortos e dezenas de feridos, quando as forças de segurança iraquianas realizaram uma operação para libertar os fiéis.

Uma fonte de Al-Qaida vinculou a tomada dos reféns ao suposto seqüestro das mulheres egípcias.

Em dezembro, duas pessoas morreram e outras 18 ficaram feridas numa série de ataques com bombas contra lares de famílias cristãs em diferentes lugares de Bagdá.

Desde outubro passado, milhares de cristãos fugiram de Bagdá e procuraram refúgio no norte do país, área relativamente mais segura.

Cristãos coptas representam cerca de 10% da população egípcia, de 82 milhões de habitantes, e constituem a maior comunidade cristã no mundo árabe.

A Igreja Copta Ortodoxa está baseada nos ensinos de Marcos, a quem a tradição reconhece como o discípulo que levou o cristianismo ao Egito já no século I. A igreja tem 12 mosteiros e em trono de 600 monges e 300 freiras em seis conventos.

Os maiores e mais célebres mosteiros se encontram em Wadi El Natrun, entre eles o mosteiro de San Macario, que guarda as relíquias de João Batista e do profeta Eliseu.

Manuel Quintero
Genebra, segunda-feira, 3 de janeiro de 2011


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