Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 04/03/2011

Fundamentos que ajudam a solucionar desgastes na vida conjugal

Uma palavra aos Jovens casais:

“Todo aquele, pois que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a Rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com o ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína”. (Mt. 7. 24-27).

Os primeiros anos de casados são fundamentais para a vida de um jovem casal, pois eles determinarão aquilo que o coração sonha e projeta: a estabilidade financeira, a criação dos filhos, etc. Vivemos em um tempo em que a instituição chamada casamento tem sido bombardeada, há nos corações um descrédito, por causa do fracasso de muitas pessoas. As pesquisas apontam que ao mesmo tempo em que muitos jovens casais procuram a união, dobra-se o número de divórcio. Hoje as pessoas se casam e logo se separam. O jargão popular diz: “se não der certo, separa”.

Muita gente tem se casado por uma série de circunstâncias, é o erro inconsequente de uma gravidez, o envolvimento que às vezes é confundido por sentimento e dali a pouco são outros interesses, sexuais, patrimoniais, status, entre outros. Se há temas que aparentemente nunca perdem atualidade e nos leva refletir sobre ele, o casamento, sem dúvida, é um deles. Não apenas porque a grande maioria das pessoas deseja constituir uma família, mas, sobretudo, porque no contexto que vivemos, somos levados a analisar sobre a instituição que está sofrendo uma profunda crise.

Em janeiro deste ano comemorei meus cinco primeiros anos de casamento com Denilde uma benção que Deus me deu! Ao meu lado sempre me apóia em todos os momentos que preciso; uma ajudadora que sonha comigo, e juntos completamos um ao outro, nos casamos muito jovens, para alguns que nos conhecem de forma mais íntima, casar aos 20 anos de idade foi um susto; pais, irmãos/ãs, amigos da Igreja e até pastores questionaram a nossa decisão, pensado ser melhor esperar mais um tempo para que a nossa escolha tivesse mais consolidada. Confesso que de lá para cá, não foi só maravilhas, mas com a presença de Deus em nossa vida conjugal temos vivenciado experiências maravilhosas e superado nossas limitações.

Tanto para a mulher quanto para o homem entre a fase de namoro, noivado, há uma grade expectativa em relação ao casamento, o pensamento é que tudo será mil maravilhas. Contudo, o casamento é uma experiência, onde há uma alternância entre momentos de alegria e tristeza, entre estação de frio e calor, de prazer e de dor. Enganam-se quem tem em mente um casamento onde todos os dias serão “flores”, ele também tem “espinhos” e que de vez em quando trazem sofrimento, abalam sentimentos, e se não zelado e cuidado com o transcorrer dos anos impedem o avançar de um relacionamento sadio e próspero.
 Jesus usou a figura da construção da casa sobre a areia ou rocha, e serviu para ensinar uma grande verdade sobre casamento/família. Se desejamos edificar algo sólido e perene é necessário uma base firme que resista aos ventos fortes do dia-a-dia.  No casamento não é diferente, a durabilidade dele dependerá se estiver firmado em Cristo. Tem muita gente edificando seu relacionamento conjugal em alicerces perigosos, aparenta ser uma base firme, porém é “areia” e quando vêm às crises as estruturas estão comprometidas, às rachaduras em determinadas situações são inevitáveis levando ao desmoronamento e ruína o que até alguns dias eram sonhos e projetos.

Creio que os “desgastes” de muitos casamentos têm sido um dos principais problemas que os casais têm enfrentado. As prioridades têm sido trocadas, o tempo que temos ou ações que merecem ser administradas por vezes são negligenciados. Não há comunicação, o respeito, a opinião de um ou outro sempre tem que prevalecer reconhecer o erro ou renunciar em algumas situações torna-se um problema. O ato de valorizar e estimular o cônjuge com palavras, atitudes, sentimentos passa despercebido; falta o amor verdadeiro. Com isso a repetição de velhos erros todos os dias, vai gerando na relação uma queda de braço, onde na verdade quando um ganha os dois saem perdendo.

Tenho aprendido algo muito especial: sempre é possível melhorar o que já está bom! A partir de minha experiência pessoal e tomando como base a parábola que Jesus nos ensina, podemos edificar nossos projetos, nas mais diversas áreas de nossas vidas, inclusive no casamento. Por mais maduro que seja o casal, todos estão sujeitos as preções e conflitos. Dentre tantas coisas que poderia elencar quero apresentar particularmente aos jovens recém casados, bem como aqueles que desfrutam de um relacionamento sólido, pelo menos quatro fundamentos indispensáveis na edificação de um casamento abençoado.

Comunicação
Amar também é comunicar. A comunicação é um dos fatores primordial para um bom casamento, contudo, vivenciamos o corre-corre do dia-a-dia, o que tem impedido um relacionamento olho no olho, um tempo maior de crescimento e conhecimento um do outro. Sem dúvida muitos desgastes nos relacionamento entre marido e mulher tem sido a falta de comunicação. A palavra é o “veículo” pelo qual sentimentos, necessidades e ideias partem de nós em direção ao outro. Sem palavras a comunicação não acontece ou se faz com dificuldade. Se não dizemos o que sentimos ou pensamos, o outro não participa da nossa vida. Quando não há um diálogo as coisas se tornam difíceis, o que leva muitos casamentos a uma superficialidade; moram juntos, dormem juntos, mas não conhecem um ao outro. Com a falta de comunicação entre o casal, as necessidades não são conhecidas, cada um precisa ficar tentando adivinhar quais as carências e anseios um do outro, e por isso as necessidades não são supridas acarretando discussões e brigas. Mas outra virtude, tão importante quanto o falar, é o saber ouvir. É orientação bíblica: “todo homem esteja pronto para ouvir e tardio para falar...” (Tg. 1:19). Palavras certas podem ser “deformadas” na mente que as recebeu, e no lugar do fruto proveitoso, cresce o espinheiro hostil. Conheço muitos casais que já estão junto há muitos anos e mal se conhecem pelo simples motivo de não se comunicarem, não se conhecem na intimidade, bons casamentos, onde os casais evitam tropeçar, são aqueles onde os dois se preocupam em manter os canais de comunicação sempre abertos.

Tempo de qualidade
O tempo é uma benção se soubermos aproveitá-lo. O fundamento tempo de qualidade é algo que tem faltado em muitos relacionamentos. Projetamos tempo para muitas prioridades em nossas vidas, mas esquecemos do principal, tempo para a família, ou melhor, para o nosso cônjuge. Por vezes damos preferência a muitas “coisas”, zelamos mais por elas do que o nosso casamento. Não precisamos ir muito longe para fazer uma avaliação, é só pararmos e percebermos quanto tempo damos à TV, Internet, ao jogo de futebol, as amigos/as, aos parentes, ao trabalho e tantas outras atividades que tira o tempo de qualidade a ser investido no relacionamento. Qual foi a última vez que você investiu tempo de qualidade com seu cônjuge? Isto é sem dividir com alguém ou com outras coisas que rouba a oportunidade de ouvir, dá atenção, compartilhar ideias. Se gastamos pouco tempo com o nosso casamento, certamente isso significa que ele não é tão importante como pensamos. Uma das causas de muitos desgastes em casamentos tem sido a falta de investimento em tempo de qualidade. Muitas vezes o esposo ou esposa estão presentes, mas ao mesmo tempo ausente. Invista em tempo de qualidade com seu cônjuge, não só em período de férias. Não sei você, mas eu como pastor, tenho muitos desafios particularmente no que se refere ao tempo investido em vidas, porém não posso deixar de acompanhar e cuidar por aquela que sempre está ao meu lado. O tempo que investimos em nosso casamento determinará a importância que damos a ele.

Valorização
 Não fomos criados para vivermos sozinhos. Quando Deus criou homem e mulher e os uniu foi para que houvesse uma complementação (Gn. 2.18), isto é, em todas as dimensões da vida; espiritual, emocional, intelectual, física, social, etc. Porém para que haja esta interação é necessário o conhecimento do nosso cônjuge. Este conhecer está ligado sem dúvida ao valorizar, pois para que possamos estimar, precisamos conhecer um ao outro, por vezes vivemos anos com alguém e não sabemos como honrá-la/o. São inúmeras as oportunidades que temos de valorizar o nosso cônjuge: o carinho, as palavras de afeto, a forma como expomos em público, os presentes que damos, a nossa presença, elogios. A Palavra de Deus nos ensina que o homem casado deve honrar e valorizar sua esposa e vice-versa (I Pe. 3.1-7). São pequenos detalhes que levam ele ou ela a refletir: “Ele pensou em mim!” ou “Ela lembrou de mim!”.   Muitos casamentos perdem a graça e caem em rotina porque o casal deixa de cultivar aqueles pequenos detalhes que são essenciais. Uma das coisas que mais gosto de fazer é surpreender minha esposa. Logo quando nos casamos o que mais gostava de fazer era preparar o café e levar até a cama, descobrir que não podia ficar só nisso, outras coisas precisavam acontecer, e digo não precisamos de muito “esforço” para surpreender a pessoa amada. Todos os dias sou desafiado a fazer algo novo, e não é diferente, ela também sempre tem algo para mim. Não espere que esposo/esposa peça, se você sabe que isto o/a faz feliz e o/a agrada, então faça! Busque uma oportunidade de surpreender e valorizar seu cônjuge.

Amor
Entendo que amor é a base fundamental que traz uma série de pequenos detalhes para qualquer coisa que desejamos edificar, inclusive o casamento. Compositores, pintores, poetas, falam de amor por meio de suas artes, entretanto o amor está intimamente relacionado à prática. O apóstolo Paulo ao concluir a segunda carta aos cristãos de Corinto enfatiza a necessidade de colocarmos o amor em nossas realizações (I Co. 16.13). Em um texto muito conhecido, ele ainda menciona em alguns capítulos anteriores uma declaração “... o amor jamais acaba...” (I Cor 13:8), isto é, de tudo o que experimentamos de Deus nesta dispensação de vida, o amor é a única realidade que vai atingir o novo céu e a nova terra.  Por isso o que foi feito “por amor e com amor” permanece para sempre. O amor é como um “cimento” que vai estruturando pensamentos, palavras e ações, dando forma e consistência às nossas vidas. O que construímos fundamentado no amor permanece, um casamento edificado no amor prevalece, pois traz em si a essência do próprio Deus: Ele é amor (I Jo. 4.8)! O que foi edificado sem amor, sem Deus, não resistirá ao tempo. Não tem raiz nem consistência.

Conclusão
No início do casamento, gostamos de fazer tudo para agradar o outro, até mesmo em situações inusitadas, tudo é festa, mas com o tempo aquilo que deveria ser algo crescente e surpreendente a cada novo dia, torna-se um problema que vai minando toda construção. A estação da chuva e dos ventos vem sobre todas as casas, independente de quem quer que seja. O casamento edificado em Cristo toma outra dimensão, quando assumimos nossa parcela de participação na prática da doação, entrega e renúncia. O casamento não vem pronto ele se constrói, é uma experiência de vida, onde homem e mulher assumem o compromisso de crescerem juntos tendo a benção do Senhor, sobretudo quando ouvem e praticam aquilo que Deus tem para o casal: alegria, felicidade, cumplicidade, prazer e paz.
Cuide de seu casamento!
Que Deus abençoe!

Por: Bruno Martins Herculano da Silva.
Pastor da Igreja Metodista em Caldas Novas – Go 5ª R.E


Posts relacionados

Geral, por Sara de Paula

Manifestação da Pastoral Indigenista Metodista sobre a morte de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips

A Pastora Indigenista da Igreja Metodista manifesta pesar e sua solidariedade diante da morte do indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil. 

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães