MANIFESTO ECUM?NICO AO CONGRESSO NACIONAL E AO POVO BRASILEIRO
Chamam-nos de na??o civilizada. ? o que somos e o que queremos ser. Uma na??o civilizada escolhe seus l?deres de forma democr?tica, ciente de que devem ser respons?veis, dignos, competentes e estadistas, isto ?, profundamente comprometidos com o bem de toda a na??o, pondo nisso seu empenho, sua cultura, sua dignidade, seu tempo e compet?ncia, a pr?pria vida.
H? quanto tempo estamos ? merc? de l?deres p?blicos que n?o possuem estas prerrogativas, e que, a cada elei??o, se apresentam de novo ao povo e, de novo, s?o eleitos para o estarrecimento de boa parte do pa?s? Depois, de forma que nos envergonha, come?am a aparecer os elementos podres, pois o corrupto ? insaci?vel, transformando o Congresso Nacional em departamento de interesse privado, com alt?ssimo custo para a na??o. Mais de cem dias tratando de problemas internos, pessoais, corporativos, fora o resto dos v?rios anos, em que, havendo um m?nimo de dignidade, o objeto das discuss?es logo entregaria seu cargo, profundamente envergonhado. Mas o m?nimo de dignidade n?o existe. O que existe ? um emaranhado de leis e regimentos e estatutos produzidos com a finalidade especial de auto-prote??o, como voto secreto e sess?o fechada para esconder do povo suas reais inten?es. Al?m disso, o corporativismo, a cumplicidade em variados esquemas de corrup??o, v?o fechando as portas da transpar?ncia e v?o lan?ando um manto escuro sobre a sociedade de forma a impedir que o povo conhe?a a mente dos congressistas a quem paga a peso de ouro.
Diante dessa trag?dia nacional, que s?o seus pol?ticos corruptos e/ou incompetentes, nos mais variados escal?es nacionais, respons?veis pela manuten??o deste rico pa?s numa republiqueta pobre e inexpressiva, apesar do seu potencial, do seu povo trabalhador, cheio de esperan?a, mas, em grande parte, mantido na ignor?ncia pol?tica, uma das piores, sim, diante desse quadro dantesco, o que deveriam fazer todos aqueles que dizem crer em Deus, povo de Deus, independentemente de sua denomina??o religiosa? Crer em Deus de verdade tem conseq??ncias de verdade na vida individual, social e p?blica, uma vez que o povo de Deus deve conhecer em profundidade o sentido da cidadania. Para quem diz crer em Deus, n?o h? anonimato, nem do bem nem do mal, para ningu?m. Diferentemente do modo como pensam muitos, a na??o ? de interesse de Deus, n?o para convert?-la numa fac??o religiosa de qualquer matiz, sendo que, em muitos casos, ? interesse de Deus libertar a na??o das garras da religi?o, tantas vezes na hist?ria aliada de formas corrompidas. O interesse de Deus, que deveria sempre ser o nosso, at? mesmo sem precisar crer nele, ? uma na??o constru?da sobre os alicerces da Justi?a, governada por homens e mulheres justos, somente motivados pelo bem p?blico, comprometidos com a sustentabilidade de sua gera??o e das futuras gera?es. Comprometidos com a paz que faz brilhar a esperan?a daquele que acaba de nascer e daquele que d? seu ?ltimo suspiro, na extrema velhice.
O povo de Deus sabe, pelas p?ginas da B?blia, o valor da Justi?a de Deus. Das leis que nascem para o bem de todo o povo, e n?o para proteger algumas classes privilegiadas. Por isso o povo de Deus confronta todo tipo de corrup??o, onde quer que ela esteja. Primeiro dentro de si mesmo, terr?vel tend?ncia humana. Ali se v? a conseq??ncia de se crer em Deus. Diante de Deus, o humano abaixa a cabe?a e se v? como de verdade ?: corrupto e corruptor em variada escala. Depois, este povo se p?e em marcha, isto ?, deseja fazer de sua sociedade um jardim conforme quer seu Deus, onde h? seguran?a para as crian?as, p?o e casa para todos, trabalho com dignidade para todos, sa?de e educa??o s?rias e esperan?a para os idosos. Estes itens aparecem em todas as plataformas pol?ticas, tantas vezes de forma desavergonhada, como isca para atrair os votos do povo, mantido sofredor e ignorante para as manipula?es futuras.
Apelamos a que o povo de Deus, certamente a grande maioria da popula??o e tamb?m aqueles e aquelas que, sem admitir cren?a em Deus, ou cr?em de outra forma, e que est?o de acordo com estes prop?sitos para a na??o brasileira, se unam para derrubar esse sistema que privilegia apenas alguns grupos dentro da sociedade. Para derrubar todos os esquemas, hoje legalizados, que protegem os que desejam se manter no anonimato nos ?mbitos executivo, legislativo e judici?rio do Brasil. Para derrubar os esquemas da auto-atribui??o de sal?rios, da manuten??o de sal?rios que empobrecem e matam os trabalhadores mais simples de nosso pa?s, tantas vezes enganados com esmolas governamentais. Para derrubar os esquemas que produzem a viol?ncia do Estado contra os cidad?os e que camuflam a criminalidade generalizada com incurs?es nas favelas brasileiras, expondo popula??o e os pr?prios policiais ? morte, e que sustentam ?reas do poder judici?rio a dar ordens de soltura a criminosos presos pela Pol?cia Federal e pelo Minist?rio P?blico, certamente por causa dos seus ?bons servi?os? escondidos. Para derrubar esquemas que se sustentam com impostos abusivos, como qualquer ditadura ou imp?rio s?o e foram capazes de executar contra o povo.
N?o se trata de praticar viol?ncia (apesar da viol?ncia do sistema), nem de pegar em armas (apesar de sabermos que o sistema se utiliza das armas do Estado e de suas pr?prias), para derrubar pela for?a os governantes corruptos. Mas derrub?-los pela exig?ncia de candidatos limpos, de compet?ncia comprovada, comprometidos com propostas de altera??o das leis de exce??o, com a constru??o da sociedade sem messianismos pol?ticos, pela press?o das urnas limpas, pela exig?ncia de substitui??o imediata de pol?ticos incompetentes, pregui?osos, presun?osos e, sobretudo daqueles que fazem do bem p?blico o seu bem privado. Certamente n?o h? muito o que esperar de um sistema que, ao mesmo tempo, cria Conselhos de ?tica e invalidam seus pareceres.
Apelamos a todo o povo de Deus a que elimine sempre e o quanto puder, dentro dos seus lares e locais de trabalho e de lazer as corrup?es aparentemente pequenas ou inocentes: a mentira em que algu?m recebeu a culpa de outrem, mesmo que seja a de um doce tirado sem o conhecimento dos pais, a presen?a de um objeto estranho chegado a casa, n?o dado pelos pais, asimula??o de uma enfermidade para faltar ao trabalho ou uma desculpa mentirosa de conte?do aceit?vel, a aceita??o dos argumentos dos filhos em rela??o ? escola sem tirar a coisa a limpo. Estes e tantos outros s?o aprendizados da corrup??o madura, cujos frutos amargam, estrangulam e empobrecem a sociedade brasileira, roubando-lhe o futuro.
Alertamos os corruptos de todas as esferas que, crendo ou n?o em Deus, Ele aplicar? a Sua Justi?a sobre todos, invariavelmente, indiscriminadamente, e tamb?m nos alertamos como povo de Deus para n?o nos aliarmos individual ou institucionalmente a grupos de interesse particular no ?mbito da pol?tica brasileira, considerando que o interesse do povo de Deus n?o deve ser outro sen?o o interesse do pr?prio Deus. ? fun??o e dever do povo de Deus eleger com sabedoria seus l?deres pol?ticos, sem vincul?-los a qualquer religi?o, uma vez que a honestidade e a capacidade administrativa n?o s?o prerrogativas exclusivas de quem diz crer em Deus, embora devessem ser para muito al?m da m?dia. ? dever do povo de Deus orar para que desempenhem com dignidade e compet?ncia a sua fun??o eleita, e ? dever e fun??o do povo de Deus orar e agir contra todos aqueles que invalidam sua elei??o com a?es contr?rias ao povo ou em causa pr?pria.
Rev. Manoel de Souza Miranda
Moderador do Conselho Coordenador da
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil – IPU
Vit?ria-ES
