![]() | ? SANTO |
Fa?a uma enquete e pergunte ?s pessoas o que elas precisam fazer para ir para o c?u. Certamente a maioria responder?: "Serem boas".Esta seria uma resposta perfeita dentro do espiritismo! Mas, biblicamente, n?o h? outra resposta poss?vel sen?o: "Socorre-me Senhor! Estou perdido!".
Provavelmente a vis?o que voc? tem de relacionamento com Deus ? a mesma de um aluno ansioso para ganhar boa nota diante de um professor severo que examina seu proceder. Santidade, para este, resume-se a ter bom comportamento na vida.
Dentro desta l?gica, quem deveria estar no topo da pir?mide espiritual seriam os pastores, bispos e evangelistas. E logo abaixo deles, os di?conos, e o l?der do louvor. E quem estaria fora? O viciado, a prostituta e o desviado.
Seria simples se fosse assim. Mas isso n?o ? cristianismo! A B?blia mostra que ? justamente quando nos sentimos mais afastados de Deus – beirando o desespero e afundando no pecado – queiniciamos o caminho da santidade. Isa?as j? advertia aos justos que a justi?a deles era"como um trapo imundo" (Is 64.6). Somos desastrados, e tudo aquilo que fazemos, fazemos mal. Mas ? o reconhecimento da condi??o miser?vel que nos impulsiona para Deus.
A nossa vis?o de santo e pecador precisa passar pela B?blia e n?o pelo nosso padr?o de refer?ncia, que tem desvirtuado o verdadeiro sentido da santidade b?blica dando ? luz uma santidade que engana.
Hoje vemos de tudo. H? o santo-alienado que n?o deseja saber nada do mundo: a quest?o palestina, a crian?a nas ruas, a injusti?a, a corrup??o, ou as guerras….Essas coisas n?o lhe dizem respeito! Ele n?o est? nem um pouco preocupado com isso, pois o que realmente importa ? ele-e-Deus e Deus-e-ele. A Palavra lhe ? uma desconhecida, pois sempre busca a dire??o nos seus sentimentos ("sintologia"). Se trabalha em algum lugar com alto ?ndice de "mundanidade", n?o perde a oportunidade de se isolar para n?o ser contaminado.
Os samaritanos tamb?m nos deixaram um mau exemplo de santidade ao Senhor: os santos-pela-metade. Eles "temiam ao Senhor, e ao mesmo tempo, serviam os seus pr?prios deuses" (2Rs 17.33). ? o crist?o que obedece ao Senhor naquilo que lhe conv?m, elege algumas ?reas da vida para buscar a santifica??o, mas jamais submete a Deus a totalidade do ser. Alguns elegem a castidade, outros renegam toda forma de prazer (ascetismo), ou fazem algum voto de sacrif?cio a Deus.Entretanto, a despeito do esfor?o para ser santo, gera uma figura meio estranha, pois h? in?meras ?reas em sua vida intocadas pelo Esp?rito. Ele passa uma boa imagem para a fam?lia, para a igreja, e at? a si pr?prio. Mas o seu cora??o est? sempre dividido. O ? santo ? o morno da Igreja de Laodic?ia que provoca ?nsias no Senhor: "…. estou pronto a vomitar-te da minha boca" (Ap 3.16). O ? santo possui uma contradi??o b?sica em seu ser que ainda n?o passou pelo processo de convers?o.
? justamente aos ? santosque Jesus reserva as palavras mais duras dos evangelhos.Mas aos endemoninhados, lun?ticos, ad?lteros e pecadores, Ele os cura e perdoa a todos. A mulher pecadora que ungiu seus p?s ? despedida em paz. Mas o anfitri?o da casa, homem de boa reputa??o, recebe a severidade de seu julgamento.
H? mais anseios por Deus no pecador que deseja libertar-se do v?cio, da pornografia, da bebida, que no ? santo que vai apaticamente aos cultos. A ora??o do pecador n?o tem barganhas porque ele n?o tem nada a oferecer a Deus. Sua amizade ? potencialmente mais sincera, pois n?o tem o que esconder – sua vida est? escancarada – mas o ? santo precisa dissimular suas incongru?ncias. N?o ? dif?cil entender porque Jesus preferia a companhia dos pecadores.
Mas, e o santo de Deus? Este tem uma lucidez que destoa. Ele n?o est? interessado em ter um comportamento ass?ptico, pois sabe que ser santo n?o ? uma quest?o de comportamento – santos cometem erros a todo o momento. Sente-se um estranho no mundo, n?o porque o ignora, mas por n?o se render aos valores que lhe s?o oferecidos. O santo n?o est? em busca de facilidades de Deus nem de respostas f?ceis para a sua vida. O santo n?o se encaixa em r?tulos – conservador, liberal ou carism?tico – n?o ? ap?tico mas tamb?m n?o faz da extravag?ncia algo a se mostrar em todo o lugar e ocasi?o.
Todos os aspectos de sua vida participam de um refinado processo de convers?o de suas emo?es, da mente e de sua afetividade, que o levam a ser profundamente humano. O santo ? iluminado interiormente pela Palavra, n?o se isola, mas sai de si mesmo e vai em dire??o ao outro, relacionando-se com quem quer que seja. O santo transcende os aspectos racionais da vida, e penetra na alma e nos mist?rios divinos, crescendo em dire??o ? Cristo. Seu grande sofrimento ? por n?o fazer-se compreender.
Ser santo ? acima de tudo ser simples: "Senhor, n?o ? soberbo o meu cora??o, nem altivo meu olhar; n?o ando ? procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim" (Sl 131).
Estou farto dos semideuses que n?o tem um pecado a confessar, um deslize a lamentar, que nunca arriscou nada na vida e sempre fez as escolhas certas. Confesso que tenho me sentido mais pecador que santo. Quando subo ao altar o que vem ? minha mente ? a minha indignidade. Quando oro n?o ouso pedir nada baseado em minhas virtudes ou trabalhos realizados. Preciso sempre esperar na miseric?rdia divina.
Admiro quem diante da gl?ria de Deus se sente bem. Eu me sinto como Isa?as: "ai de mim, estou perdido", pois vem ? tona o meu ser pecador. Ser santo ? reconhecer-se pecador. Quero repetir Martinho Lutero: "n?o tenho outro nome, sen?o o de pecador; pecador ? o meu nome; pecador, meu sobrenome"
Pr. Daniel Rocha, Igreja Metodista em Itaberaba