Ricardo Beghini – Estado de Minas
Poesia, teatro e m?sica marcaram, em Chiador, a 342 quil?metros de Belo Horizonte, na Zona da Mata, o lan?amento do projeto Esta??o Cidadania, que visa a restaurar a primeira esta??o ferrovi?ria de Minas Gerais. Inaugurada por dom Pedro II e autoridades do Imp?rio, a constru??o, que hoje est? em ru?nas, completar? 138 anos dia 27. "Ela tem uma import?ncia hist?rica muito grande", afirma o presidente do Movimento de Preserva??o Ferrovi?ria (MPF), Victor Jos? Ferreira.
Em meio ?s festividades culturais, o MPF, a Prefeitura de Chiador e o Instituto Metodista Bennett (IMB), do Rio de Janeiro, assinaram conv?nio de interc?mbio e coopera??o t?cnica para p?r em pr?tica a iniciativa, que prev?, entre outras a?es, pesquisa de campo e elabora??o do projeto arquitet?nico para restaura??o do pr?dio, que j? est? em execu??o no escrit?rio do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universit?rio Metodista.
Uma das fases seguintes ser? o enquadramento do Esta??o Cidadania ? lei de incentivo ? cultura, para capta??o de patroc?nios e doa?es. Segundo Victor, que tamb?m ? vice-diretor-geral do IMB, s?o potenciais patrocinadores a empresa Furnas Centrais El?tricas, que est? iniciando a constru??o de uma usina hidrel?trica na regi?o, e a Companhia Brasileira de Alum?nio (CBA), que usa o ramal da Esta??o de Chiador para transportar bauxita do munic?pio de Itamarati de Minas at? o interior de S?o Paulo.
A expectativa ? de que a etapa de capta??o de recursos seja iniciada ainda este ano. "Os patrocinadores poder?o obter abatimento integral dos valores doados em seu imposto de renda, observados os limites permitidos pela lei", explica o presidente do MPF. Conclu?da a busca por patrocinadores e parceiros, Victor estima que as obras de restaura??o do pr?dio e revitaliza??o do entorno da primeira esta??o ferrovi?ria do estado sejam conclu?das em um ano.
"Al?m de permitir a recupera??o de um importante elemento do patrim?nio hist?rico ferrovi?rio, j? tombado pelo munic?pio, a iniciativa tamb?m ? importante para o desenvolvimento cultural, tur?stico, social e econ?mico de Chiador", revela.
S?mbolo
A Esta??o Cidadania de Chiador ? o projeto-piloto da Esta??o Brasil – Rede de Esta?es da Cidadania, que ser? desenvolvido pelo MPF e entidades parceiras. O objetivo ? recuperar as esta?es abandonadas depois da privatiza??o da malha ferrovi?ria, no fim dos anos 1990. "A esta??o ? um dos s?mbolos mais importantes e emblem?ticos da estrada de ferro. Foi o epicentro da vida social e econ?mica de in?meras cidades, que surgiram e se expandiram no entorno dela." Pelo projeto, mais que valor arquitet?nico, as esta?es t?m forte valor cultural e afetivo para as comunidades.
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DA CAUSA
Uma bela manh? ensolarada num hist?rico espa?o da Zona da Mata, e a oportunidade de se mesclar arte e cultura atrav?s das manifesta?es prometidas pela organiza??o do evento, talvez fossem a certeza de belos momentos em nossas vidas, mas n?o foi.
O que se viu, o que se sentiu, superou expectativas, se sobrep?s ao sonho, posicionou-se ao lado do prazer. Lembrei-me do nosso poeta Vinicius de Morais: ?…de um lirismo profundo, um lirismo quase ode.?
Iniciou pelo mezzo surto de alegria, quando vi, ouvi e senti, a m?sica, a nobre arte dos sons, com a Orquestra Mirim Armando Prazeres. Jovens descomprometidos com o absurdo do descaso social e totalmente envolvidos pelo gesto erudito de pessoas muito especiais, mesclaram-se aos p?ssaros, ao povo e ? pr?pria hist?ria que adiante iria ser retratada por um grupo de teatro, num belo cen?rio ferrovi?rio.
A seguir o neo D.Pedro II, em seu breve discurso de inaugura??o da Esta??o de Chiador, nos advertiu: ? O aspecto de uma cidade ? a bela imagem que ela tem de si mesmo.? Que aspecto portanto, teremos a partir da?? Com a resposta os homens e o tempo.
Adiante, com a implanta??o do trem, o questionamento natural e espont?neo de um povo ainda carente de necessidades b?sicas. Bel?ssimos texto, dire??o e interpreta??o, e a?: aplausos e o calor de um belo e perplexo povo, para a Orquestra Mirim, o neo D.Pedro II, sua impec?vel Imperatriz, e todo o elenco teatral.
Achei que da? para frente o cora??o n?o seria mais assaltado pela arma da emo??o e que tudo, ? tarde, voltaria a normalidade com a apresenta??o da Orquestra Mirim. Tamb?m n?o foi. Entrei na Par?quia de Santo Ant?nio e acabaram de vez comigo. Destru?ram o pouco de l?grimas que ainda restavam em minha reserva t?cnica.
DA CONSEQ??NCIA
Perplexidade, emo??o e por fim, as l?grimas do prazer.
Talvez atrav?s destas palavras eu pudesse sintetizar o sentimento dos momentos descritos e vividos no s?bado, mas n?o seriam suficientes.
Mais do que isto ficou o sentimento, que apesar do homem, ainda podemos acreditar na inten??o de alguns homens, e o que vai diferenciar uns dos outros ser? certamente o tiro certeiro do nosso D.Pedro II: o aspecto que teremos a partir daqui, nas cidades e em nossas vidas.
Poderia terminar assim: PARAB?NS e Nota DEZ, pelo Projeto de Restaura??o da Esta??o Ferrovi?ria, pelo Grupo de Teatro e pela
Orquestra Mirim, mas ? pouco.
Mais que o brilhantismo do evento e o restauro da esta??o, as l?grimas de contentamento de um povo, que em sua grande maioria nunca foi ao teatro nem a audi??o de alguma orquestra ( possivelmente alguns ouviram falar ? respeito ), o estouro dos aplausos, representam
a melhor quantifica??o de agradecimento pela oportunidade de estar frente a frente com o novo, n?o indignar-se, e sim deleitar-se. Esta
foi a maior NOTA: acima de dez e da escala musical.
Obrigado pelo convite ( aceito imediatamente ) para que eu fizesse parte deste hist?rico momento, onde ainda tive o grato prazer de encontrar Vilna Baggio, minha professora na Escola Dominical e o C?ssio, que n?o via desde 1986 na CBTU/AC. Obrigado por tudo que foi feito por mim e conseq?entemente ? minha fam?lia.
Um grande e fraterno abra?o.
Chiador 23 de junho de 2007
Josil Deslandes
