Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 12/07/2010

Missão cristã e a conferência nacional de saúde mental que decidiu pela criação de grupos de ajuda mútua

 

Dia desses um amigo me revelou com tristeza que não conseguiu abrir mão do cumprimento de suas tarefas na igreja local e teve que abandonar seus estudos de Psicologia, ainda antes de concluir o primeiro ano do curso, para se dedicar aos compromissos eclesiásticos. Como ele me disse isso num tom de auto-reprovação, tentei mostrar a ele que o problema poderia ser uma questão conceitual em relação às palavras “igreja”, “reino” e “mundo”.
Isso porque, disse a ele, compreensões bíblicas equivocadas destes conceitos levariam a atitudes que reduzem o escopo da missão cristã e, como consequência, também diminuem os seus resultados em termos de vidas abençoadas eternamente por Jesus. Na manhã seguinte a essa conversa, parei alguns minutos para conhecer o livro de John Stott, “A missão cristã no mundo moderno”, recentemente lançado pela Editora Ultimato, e o que li era ainda mais contundente em relação ao que disse ao meu amigo, só que com destaque para outras palavras tão ou mais importantes que aquelas que mencionei ao ex-futuro-quase psicólogo. No livro, Stott busca defender o verdadeiro significado bíblico das palavras “missão”, “evangelismo”, “diálogo”, “salvação” e “conversão”. E eu fiquei ainda mais convencido de que a real e equilibrada compreensão bíblica destas oito palavras pode levar os cristãos a uma influência muito mais ampla, positiva e intensa no mundo. Exemplo disso seria uma maior atenção ao grupo de pessoas e familiares que sofrem com o problema da saúde mental, que foi tema de uma conferência nacional de especialistas que terminou dia 2 de julho, em Brasília, deixando um relatório final tendo como destaque a proposta de criação de grupos de ajuda mútua de doentes mentais. (Por Lenildo Medeiros)
  
   A IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial (IV CNSM-I) aprovou propostas que, segundo o Ministério da Saúde, reforçam o seu “modelo de serviço aberto e humanizado para atender pessoas com transtornos mentais”. Segundo o Ministério, “ao todo, 1.235 sugestões foram analisadas por mais de mil pessoas, entre especialistas, pacientes e familiares. A criação de grupos de ajuda mútua de doentes mentais foi uma das decisões de destaque. Inspirada em experiências internacionais bem-sucedidas, a proposta baseia-se em encontros de até 20 usuários do serviço de saúde mental para discutir sobre as adversidades do dia a dia e como enfrentá-las. Um projeto-piloto já foi desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e contou com financiamento do Ministério da Saúde. Foram repassados, neste ano, R$ 181 mil para a UFRJ promover as reuniões e capacitar os próprios pacientes a atuar como líderes das discussões. Ao integrar um grupo de apoio, a pessoa com transtorno mental começa a estabelecer vínculos e fortalece as amizades. “Esse suporte emocional rompe com o autoisolamento do paciente e contribui com a reabilitação dele. É um dos dispositivos mais eficazes no acompanhamento contínuo de casos graves”, avalia o coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado”.
  
   Outra decisão da IV CNSM-I foi “a expansão da rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Hoje, são 1.541 em todo o País – o equivalente a 0,63 para cada grupo de 100 mil habitantes. A cobertura é considerada boa, de acordo com parâmetros internacionais. Agora, a meta será ampliar a quantidade de CAPS III, que funcionam 24 horas para acolher, inclusive, usuários em crise. Os CAPS garantem um atendimento comunitário a pessoas que sofrem de problemas como esquizofrenia e transtornos de ansiedade ou de adaptação. O tratamento, que envolve o convívio familiar e a socialização do paciente, vem substituindo gradualmente o modelo manicomial, que implica o isolamento característico dos hospitais psiquiátricos. Essa mudança foi determinada pela Lei 10.216, de 2001. Por unanimidade, os delegados da conferência votaram a favor de uma proposta que impede a revisão dessa lei”. Uma associação de psiquiatras criticou algumas decisões da conferência no blog da Presidência da entidade. 
   

Coletânea de textos e links sobre saúde mental
  
   Para quem quiser ler sobre o tema da saúde mental, indico dois sites que selecionaram artigos, leis, relatórios e outros documentos muito abrangentes e esclarecedores, que podem orientar mesmo aqueles que ainda não têm nenhuma experiência no assunto sobre como começar uma ação cristã direcionada a ajudar pessoas que sofrem com problemas nesta área.
  
   Primeiro, a belíssima coletânea de links e textos para a IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Saúde Mental, direito e compromisso de todos: consolidar avanços e enfrentar desafios, realizada pelo site “carneviva.org”.
  
   E também o material reunido pelo próprio Conselho Nacional de Saúde, que coordenou o evento.
  
   Lembro ainda que igrejas poderiam considerar em seu planejamento de atividades a inclusão de datas como 10 de setembro, o Dia Mundial de prevenção ao suicídio, e 10 de outubro, Dia Mundial da Saúde Mental, para debates, reuniões de oração e movimentos de apoio prático e presencial a doentes e familiares. (Por Lenildo Medeiros)

 


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