Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Palavra Episcopal Dezembro 2010

Testemunhar os Sinais de Graça na Reconciliação


Bispo João Carlos Lopes
Bispo na 6ª Região Eclesiástica &
Bispo Presidente do Colégio Episcopal

“Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo,  não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”.
 II Coríntios 5.18-20.

Introdução: Nessa breve passagem de II Coríntios 5.18-20 o apóstolo Paulo usa cinco vezes o termo “reconciliação”. O termo original usado é “katallosso” e passa a idéia de troca, mudança ou restauração. No texto, a idéia é de mudança de uma situação de inimizade para uma situação de amizade. É restauração da amizade.
Esse é, sem dúvida, um conceito fundamental da mensagem cristã. O ser humano encontra-se separado de Deus e essa separação se manifesta em sentimento de culpa, hostilidade e desesperança.
Assim, a comunicação da mensagem de reconciliação é o conteúdo primeiro e a razão de ser do ministério cristão. O/a cristão/ã é, acima de tudo, um/a comunicador/a da mensagem de reconciliação. O apóstolo usa a expressão “ministro da reconciliação”.
Vejamos alguns aspectos desse ministério encontrados no texto de II Coríntios 5.18-20:

1. O ministério da reconciliação tem sua origem em Deus:
O texto inicia com a afirmativa: “ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo...”. O ministério da reconciliação não é a descoberta de um pastor ou uma oferta dessa ou daquela denominação. É decisão de Deus.
O pecado resultou em inimizade entre Deus e o ser humano (Isaías 59.1-2). Mas o evangelho proclama que Deus tomou a iniciativa de reconciliar o ser humano com Ele.
Aqui é importante fazer uma clara distinção: Não é Deus que é reconciliado com o ser humano, como se Deus tivesse parte da culpa da inimizade. Foi o ser humano que se afastou de Deus e, portanto, precisa ser trazido de volta.
Quando duas pessoas precisam ser reconciliadas, normalmente a situação envolve erro de ambas as partes. Porém, não é esse o caso do ser humano com Deus. Deus não errou. Mesmo assim, conforme o texto, Ele tomou a iniciativa “não imputando aos homens as suas transgressões”.

2. O ministério da reconciliação pressupõe uma experiência pessoal:
Não nos tornamos ministros da reconciliação porque fizemos um curso de teologia, ou porque temos habilidade para falar e convencer pessoas. Somos ministros da reconciliação, em primeiro lugar, porque nós mesmos experimentamos reconciliação com Deus. O apóstolo Paulo afirma que Deus “nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo”.

3. O ministério da reconciliação não requer qualidades extraordinárias (super-poderes) dos ministros:
O apóstolo Paulo afirma que Deus “nos confiou a palavra da reconciliação”.
Em cada geração a palavra da reconciliação é transmitida por homens e mulheres comuns. Pessoas cultas ou incultas; ricas ou pobres; com bom emprego ou desempregadas; negras, brancas, amarelas ou vermelhas. Mas sempre pessoas comuns. Nunca um tipo especial de pessoas, nem pessoas poderosas. Não precisamos ser poderosos. O Deus a quem servimos, Ele sim é poderoso.

4. O ministério da reconciliação é investido de autoridade:
O apóstolo Paulo conclui: “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio”.
Embaixador é um porta-voz oficial de uma nação. Sua palavra tem o respaldo do chefe de estado que o enviou.
Assim é o nosso ministério. Realizamo-lo na autoridade daquele que nos enviou. Mas o fazemos também com humildade lembrando que aquele que nos enviou é o Filho do Homem que “não veio para ser servido, mas para servir...”.

Conclusão:
Vivemos num tempo em que os conflitos se multiplicam. São conflitos de caráter político, religioso, social, cultural e tantos outros. É nessa realidade que você e eu, como parte do povo chamado Metodista, estamos sendo chamados a testemunhar os sinais da graça através do exercício do ministério da reconciliação.
Que tremendo privilégio esse chamado representa para nós. Ao mesmo tempo, que tremendo desafio e que tremenda responsabilidade, visto que para ministrarmos a reconciliação, temos o dever de testemunhar nossa disposição para vivenciá-la nos nossos próprios relacionamentos.
Que a graça de Deus nos capacite a respondermos positivamente a esse chamado, tanto na proclamação como no testemunho de vida.

Bispo João Carlos Lopes
Bispo na 6ª Região Eclesiástica &
Bispo Presidente do Colégio Episcopal


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