Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Palavra Episcopal Março 2010

Sinais da Graça na Ceia do Senhor

 

Roberto Albes de Souza - Bispo na 4ª Região Eclesiástica

“Então Jesus lhe respondeu: _Mulher, que fé tão grande tens. Que teus desejos se cumpram. E a filha ficou curada nesse momento”
Mateus 15.28

O grande desafio que temos como metodistas não é apenas de conhecer doutrinariamente o significado do sacramento da “Ceia do Senhor”, mas de sermos desafiados a “testemunhar os sinais da graça na Ceia do Senhor”. Como declara uma antiga canção “testemunho é vida”; testemunhar é vivenciar algo que acreditamos em nosso dia-a-dia.

Ainda hoje temos o desafio de vencer inúmeros “achismos” e preconceitos que vivenciamos em nossas celebrações, em especial, na Ceia do Senhor, onde constantemente observamos as pessoas querendo excluir a criança e outros. A Ceia do Senhor que devemos celebrar é a que “aproxima a todos igualmente de Cristo e uns dos outros. Na mesa do Senhor comemos do mesmo pão, bebemos do mesmo vinho, confessamos a mesma fé e esperança em Jesus: somos irmãos e irmãs! Neste ato celebramos a comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs. É um momento de profunda igualdade, unidade, comunhão e espiritualidade” (Carta Pastoral sobre os Sacramentos).
A Ceia do Senhor é um meio de graça que rompe com toda a forma de preconceito e manifesta ao ser humano o perdão, a compreensão de um Deus que nos ama e nos aceita como somos, pois a cada dia Ele nos transforma com a sua superabundante graça. A Ceia do Senhor manifesta a graça de Deus, pois nela somos acolhidos pelo amor de Jesus Cristo e, por esse amor, transformados em todas as áreas da vida humana. Ninguém tem o direito de pensar diferente, pois foi Jesus Cristo que vivenciou isto por nós quando disse: “Isto é o meu corpo, que é entregue por vós. Igualmente tomou a taça depois de cear e disse: _Esta é a taça da nova aliança, selada com o meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22.19b-20).
Vivemos dias onde as crianças estão sendo mortas através da prática do aborto, violentadas, exploradas e vitimas da absurda prática da pedofilia; vivemos dias onde inúmeras mulheres são violentadas e estupradas sexualmente e espiritualmente; vivemos dias onde os anciãos são desrespeitados em sua história de vida e violentados fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Como Corpo de Cristo somos desafiados a praticar o sacramento da Ceia do Senhor como um sinal encarnado da graça de Jesus Cristo para libertar a todo ser humano destas práticas malignas que ferem e destroem a imagem e semelhança de Deus em cada criança, juvenil, jovem, homem, mulher e idoso.
A graça que se manifesta na Ceia do Senhor não é sinal de alienação, de exclusão, de hipocrisia, de acepção de pessoas ou quaisquer outras práticas abusivas contra o ser humano. “A Ceia do Senhor é um momento profundamente amplo, fraterno e de comunhão. Sabemos que os seres humanos constroem muros de separação. Nossa sociedade exclui das mesas ora os pobres, ora os negros, ora as mulheres, ora as crianças. Num contexto de vida no qual o alimento se torna móvito de angústia e sofrimento na mesa do povo brasileiro, entendemos ser fundamental que o sentido do repartir o pão seja experiência de partilha e solidariedade” (Carta Pastoral sobre os Sacramentos). Quais respostas temos dado a tais práticas como Igreja de Jesus Cristo na comunidade onde estamos inseridos?
Nos dias de Jesus Cristo havia uma separação de pureza legal entre judeus e pagãos. Judeus não comiam com pagãos para não se contaminarem. Na passagem bíblica da “mulher Cananéia” Jesus vem abolir essa prática de distinção entre judeus e pagãos. Mas, infelizmente, parece que não aprendemos essa lição e, ainda hoje, reforçamos os muros dos preconceitos que trazem separação e isolamento. Jesus Cristo não suportou essa prática separatista, mas manifestou o seu amor: “Jesus partilhou seu amor e perdão. E foi tão sério seu compromisso que Ele se dispôs a dar sua vida. Quando Jesus foi ameaçado para calar-se sobre o seu amor por nós, preferiu obedecer ao Pai, mesmo sabendo dos riscos que tal decisão implicaria: Jesus nos amou apesar da ameaça da cruz; Jesus nos amou ao ponto de morrer por isso, ao ponde de morrer por nós (Carta Pastoral sobre os Sacramentos).
Nossa sociedade vivencia desgraças profundas onde esposos matam esposas em nome do “amor”; vive a desgraça da violência contra a criança que é abandonada pela própria “mãe”; a abusiva prática de “dirigir” embriagado e provocar a morte de precoce de sóbrios; vive a antiga corrupção dos políticos que agora tentam espiritualizar suas práticas corruptas com a “oração”. Como diz Boris Casoy: “isso é um absurdo”.
Certa vez Matin Luther King disse: “A covardia coloca a questão: -- É seguro? -- O comodismo coloca a questão: -- É popular? --  Mas a consciência coloca a questão: -- É correto? -- E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta”. É tempo de tomarmos atitudes como povo chamado metodista e extirpar toda prática alienante e deturpadora da Palavra de Deus que é distorcida e desrespeitada por muitos em nosso meio.
Neste espírito, somos desafiados a “Testemunhar os sinais da graça na Ceia do Senhor” como seres humanos criados a imagem e semelhança de Deus. Que na vivencia desse testemunho possamos promover a confissão, o perdão, a comunhão, o amor; a graça de Deus manifesta em Jesus Cristo.


Deus nos ajude,
Bispo Roberto Alves de Souza.
 

• Bibliografia:

1. SCHÖKEL, Luis Alonso, A Bíblia do Peregrino, Paulus, 2002, São Paulo, SP.
2. Colégio Episcopal, Carta Pastoral sobre os Sacramentos, Biblioteca Vida e Missão, Pastorais, nº 8, 1ª edição, 2001, Editora Cedro, São Paulo, SP.

 


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