| Luiz Verg?lio Batista da Rosa, Bispo na 2? Regi?o Eclesi?stica Alguns fatos das narrativas b?blicas colocam em evid?ncia a casa; lugar do cotidiano familiar, onde aprendemos a arte da conviv?ncia, do exerc?cio de valores, da express?o dos sentimentos, da religiosidade. Assim, muitas de nossas mais significativas hist?rias de vida acontecem nesse espa?o que, poeticamente, chamamos Lar. Lembro-me da "Casa dos Hack". Uma constru??o centen?ria que os av?s da Lia, minha esposa, constru?ram, criando ali seus filhos e filhas. Era a casa dos fundos. Conheci-a quando fui visitar Lia pela primeira vez. ? noite, fui convidado a dormir l?. |
Pareceu-me era um lugar muito estranho: m?veis antigos, lustres antigos, camas antigas. E, num lugar estranho, a gente se sente desconfort?vel. Ao acordar, pela manh?, fui cumprimentado por um belo sorriso. Senti-me em casa. A casa dos fundos tornou-se o nosso lugar de encontros, viv?ncias, do nosso cotidiano quando est?vamos reunidos em fam?lia.
Anos depois, vendeu-se a casa. Ela continua no mesmo lugar at? hoje, n?o h? cercas separando-a da casa da frente, mas ali j? n?o ? nosso lugar de conv?vio. ? apenas mem?ria do que passou. Casa (oikos) ? lugar de comunh?o. As hist?rias que evidenciam a casa s?o hist?rias de comunh?o.
Lugar de comunh?o
Ouvi um conceito anglo-sax?o, pr?tico e teol?gico, que explica o que significa comunh?o. A palavra fellowship (comunh?o) teria origem na vida cotidiana de pastores que decidiam reunir suas ovelhas. Para melhor cuidado e prote??o m?tuos eles derrubavam as cercas que delimitavam suas propriedades, estabelecendo um espa?o comum. Constitu?am um fellowship: uma comunh?o de viv?ncias.
A hist?ria de Zaqueu (Lucas 19. 1-10) ? uma hist?ria de comunh?o, de derrubar cercas. Ela nos mostra que quando Jesus pretende chegar perto das pessoas, n?o h? muros vis?veis ou invis?veis que o impe?am de faz?-lo.
H? um contexto humano de obst?culos permeando esta hist?ria: obst?culos pessoais (sua estatura); obst?culos conjunturais (a quantidade de pessoas que est?o ? frente); obst?culos emocionais (sua pr?pria auto-imagem); obst?culos sociais (sua imagem p?blica).
Jesus, para estar com Zaqueu, decide derrubar todas as barreiras de impossibilidades humanas, de separa??o. Jesus estabelece um processo de aproxima??o com o cotidiano de Zaqueu – o qual podemos chamar de salva??o, e que tamb?m ? um processo de santifica??o. E, no espa?o da casa, das conviv?ncias afetivas, que a presen?a de Cristo constrange ?s transforma?es necess?rias ? vida uma de comunh?o.
Derrubando cercas
Quantas cercas vis?veis e invis?veis precisam ser derrubadas por Deus para chegar ? intimidade de nosso cotidiano. "Hoje me conv?m", ou hoje se faz necess?rio estar em tua casa, em teu espa?o de conviv?ncias, em teu espa?o afetivo, em espa?o f?sico, ? op??o de Jesus.
O encontro de Jesus com Zaqueu nos mostra que n?o h? espa?os privativos na casa e na vida humana que Ele n?o queira conhecer influenciar, transformar.
Tudo do que pensamos, falamos, agimos e sentimos ? do interesse de Cristo; nenhuma coisa relacionada ao nosso ser pode passar despercebida ao Esp?rito Santo de Deus. Sim, tudo que fazemos, pensamos, sentimos ? de Seu interesse.
A "casa" metodista
Nossos espa?os institucionais s?o lugares de aproxima??o: de se permitir encontros com Deus. Aproxima??o produz salva??o, tendo como conseq??ncia a consagra??o. Pois, "restituir quatro vezes mais" ? consagrar-se quatro vezes mais. A a??o de Cristo na vida humana impulsiona ? comunh?o com o pr?ximo. "Se faltei com algu?m quero restaurar muito al?m do preju?zo causado".
A Igreja Metodista ? a nossa casa. Nosso espa?o de conviv?ncias, no qual Deus aprouve estar. A Ele conv?m estar em nossa casa, para salvar, para santificar, para restaurar e consagrar as nossas vidas. Para promover vida em abund?ncia.
Contudo, existem pessoas que n?o conseguem chegar, enfrentam barreiras e cercas vis?veis e invis?veis. Ficam olhando de longe, em cima das ?rvores na expectativa de serem vistas, al?m de nossos muros, templos, institui?es.
Como Igreja, Deus nos convoca para anunciarmos ao povo brasileiro que a Ele, hoje, conv?m estar com elas. Nosso desafio mission?rio ? ir ? dire??o das suas casas, de suas vidas cotidianas. De dizer-lhes que o Cristo que est? em nossa casa tamb?m quer visitar suas casas, pois visitar ? ampliar espa?os de comunh?o.
Espa?os vazios nos cora?es humanos s?o espa?os a serem preenchidos, barreiras a serem vencidas, porque Jesus veio para buscar e salvar a quem est? perdido.