Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Pressão internacional afastou ideia de golpe no Equador, diz embaixador

Para diplomata brasileiro, rebelião mudou de aspecto ao longo do dia.
Na última quinta-feira, Rafael Correa ficou 10 horas retido em um hospital

A resposta rápida dos órgãos que reúnem países da América, como a Unasul, Mercosul e OEA foi, na opinião do embaixador brasileiro no Equador, Fernando Simas Magalhães, fundamental para afastar a hipótese de um golpe para derrubar o presidente Rafael Correa.

“A comunidade internacional se pronunciou para que não houvesse um golpe. Quando o Mercosul e a Unasul começaram a se reunir e discutir a situação no Equador, estavam trabalhando para prevenir uma evolução mais séria da situação que estava se desenhando”, diz.

 A hipótese de uma tentativa de golpe no país, que encerra nesta segunda (4) cinco dias em estado de exceção, foi defendida pelo presidente Rafael Correa durante reunião com chanceleres dos países da Unasul, na última sexta, e também pela embaixadora da OEA, Maria Isabel Salvador.

Para o embaixador, não é possível afirmar, como vem fazendo Correa e alguns ministros, que a rebelião policial que reteve o presidente em um hospital por dez horas tenha sido manipulada politicamente pela oposição no país, já que não havia uma liderança clara.

“Não houve ninguém claramente a favor da derrubada do presidente. Ao contrário, mesmo setores de oposição ferrenhos contrários ao presidente se manifestaram a favor da defesa da ordem democrática”, afirma.

Na opinião de Magalhães, o que começou como um amotinamento policial, mudou de aspecto ao longo do dia. Com o presidente retido no hospital, a possibilidade de golpe de Estado estava “claramente presente”.

Foi neste momento, segundo o embaixador, que a atuação dos órgãos internacionais se mostrou eficaz. Para Magalhães, eles atuaram preocupados em tentar evitar que uma adesão mais forte aos protestos provocasse uma reação em cadeia que pudesse de qualquer forma afetar a estabilidade e a ordem democrática.

“O fundamental da resposta da comunidade internacional foi no sentido de [dizer] ‘Não incorram nessa aventura de mais uma derrubada de presidente na nossa região. Isso é inaceitável para nós.’”

Embora a situação tenha se acalmado no país, para o embaixador brasileiro, é preciso colocar a atual crise do Equador no contexto das mudanças que vêm sendo implementadas por Rafael Correa.

“O que levou o presidente de se ver pressionado por todos os lados é o fato de ter aberto um leque de frentes de debates legislativos tão amplo”, diz ao lembrar que, além da polêmica Lei do Serviço Público, estopim dos protestos, estão em discussão, entre outras, leis sobre descentralização administrativa, ensino superior, regime de águas, código de planejamento, códigos de produção e lei de recursos naturais.

“São pelo menos oito importantíssimas iniciativas legislativas que tocam em interesses muito estabelecidos no país”, observa.

 

Veja também:

A declaração do CIEMAL Lições e desafios do que aconteceu no Equador

A carta do Conselho Latino Americano de Igrejas Tentativa de golpe no Equador?


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