Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

quaresmeira

 

Tenho até vergonha de contar, mas o fato é que foi nos Estados Unidos, há alguns anos, numa celebração de início da Quaresma, que me dei conta (eu, nascido e criado na Igreja, freqüentador assíduo da Escola Dominical!) de que a quarta-feira de cinzas não tem nada a ver com o dia em que termina o Carnaval. Isso aconteceu quando, no culto, o pastor da Igreja Metodista em que me encontrava fez uma cruz na minha testa usando o seu polegar manchado com cinzas. Então entendi que as cinzas não são, como sempre pensei, o que restou de tantos dias de folia de Momo. São, isso sim, um rico símbolo usado pelos antigos israelitas: o ser humano, ao se reconhecer pequeno (pobre e necessitado) diante do grandioso Deus Criador do Universo, confessava não passar de pó e cinza e para simbolizar, entre outras coisas, essa consciência e desejo de consagração, sentava-se na cinza ou cobria com ela sua cabeça vestindo-se com panos de saco.

Celebrar a quaresma? Por quê?

Conheço um sujeito que não gosta de comemorar nada. Nem mesmo o próprio aniversário. Gosta, sim, dos feriados, que são datas cívicas (ou religiosas) instituídas pelo Estado para rememorar, comemorar, homenagear, celebrar; mas não porque faz qualquer coisa parecida com isso. Ao contrário, já na véspera do que se anuncia como um final de semana prolongado, meu amigo se manda para o seu rancho à beira de um lago.

Nada contra o rancho, claro. Mas lembrar, trazer à memória, faz parte de nossa natureza humana. Animais não fazem isso. E é por isso, segundo o rev. Tércio Siqueira, que tiramos fotografias: para, mais tarde, gastarmos algum tempo olhando as fotos sentindo no peito um misto de saudade e alegria. Quem é que já não se pegou rindo sozinho (ou enxugando uma lágrima) ao rever fotos antigas? As fotos nos ajudam a lembrar, de novo, fatos esquecidos; trazem à memória pessoas queridas e podem, muitas vezes, motivar uma ação concreta como, por exemplo, dar um telefonema para aquele ou aquela de quem nos lembramos.

Em se tratando da Igreja, as datas e celebrações especiais que acontecem ao longo do ano têm essa função: proporcionar uma oportunidade de lembrar de novo, comemorar, celebrar. Não sei se me sentiria bem freqüentando aquela igreja em que o culto desse domingo será igual ao de domingo passado que por sua vez foi igualzinho ao do domingo anterior assim como o serão todos os próximos. Basta levantar os braços, fechar os olhos, fazer umas caretas, cantar bastante e pronto... É sempre tudo tão igual!

Sim, é verdade que Jesus deve nascer todos os dias em nossos corações. Mas gosto de, uma vez por ano, reservar um tempo especial para me lembrar de seu nascimento, para reler os textos que relatam os acontecimentos daqueles dias e as profecias a esse respeito. Faço isso com alegria ainda que a maioria dos estudiosos afirme que muito provavelmente Jesus NÃO nasceu na passagem do dia 24 para o dia 25 de dezembro.

Gosto da Páscoa e das celebrações que a antecedem. Sinto que minha fé é fortalecida e minha esperança é renovada quando participo, por exemplo, do tradicional culto realizado no alvorecer do Domingo da Ressurreição.

Gosto também da Quaresma. Período em que a Igreja, ao lembrar os 40 dias da tentação de Jesus no deserto, convida os(as) fiéis para assumirem uma postura de meditação, avaliação pessoal, purificação, reconsagração, abstinência, oferta de si mesmos.

Chegamos ao ponto. No dia 25 de fevereiro iniciamos, no calendário litúrgico da Igreja, o período chamado de Quaresma. A Igreja Metodista no bairro do Ipiranga, onde sirvo como pastor, realizou um culto na Quarta-feira de Cinzas, às 19h30, para o qual todos(as) estão convidados(as).

 Meu desejo é que, participando ou não de um Culto da Quarta-feira de Cinzas, o Senhor nos oriente a viver de forma rica e significativa o período litúrgico que se nos apresenta.

 Você já reparou? As quaresmeiras, que têm esse nome não por acaso, estão floridas. Perto de casa tem uma, linda, coberta de florzinhas roxas...

Rev. Fernando Cezar Moreira Marques

Pastor da Igreja Metodista no Ipiranga, São Paulo


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