Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Sincretismo, pós-modernidade e competição

Raízes da doutrina de batalha espiritual podem ser encontradas na década de 1980, no pensamento do téologo norte-americano Charles Peter Wagner, criador do termo "Terceira Onda" para se referir às igrejas neopentecostais (a primeira onda do Espírito seria o surgimento das igrejas pentecostais na década de 1910,  e os avivamentos dos anos 50 seriam a segunda onda). Nesta "terceira onda" de renovação do Espírito Santo, a proclamação do evangelho seria acompanhada de "sinais, maravilhas e crescimento da Igreja" - este era, inclusive, o tema de um curso que Wagner lecionou por anos , junto com John Wimber (pastor da Comunidade Cristã Vineyard), no Seminário Teológico Fuller, até que dele foi desligado devidos suas excentricidades teológicas.

Peter Wagner viveu na Bolívia e no Brasil, onde recebeu influência das culturas religiosas indígena e africana e também exerceu influência sobre lideranças locais. No Brasil, um de seus principais adeptos é Neusa Itioka, autora do livro  "Deuses da Umbanda". Neste livro, ela chega a dar nomes a demônios que controlariam o Brasil. Segundo o sociólogo Ricardo Mariano, no livro "Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil", que ao combater as religiões afro-brasileiras e o espiritismo, os neopentecostais estão assumindo as crenças dos seus adversários: os pastores identificam os "espíritos" (ou "demônios") com os mesmos termos usados pelos  adeptos de tais religiões, adotando o panteão afro-brasileiro. Trata-se de uma "bricolagem", um aglomerado de diferentes expressões e práticas presentes no campo religioso, às vezes até mesmo antagônicas entre si, um fenômeno típico da pós-modernidade, avalia o bispo Paulo Ayres. Em meio a uma grande competição religiosa, num contexto de extremado consumismo por toda sorte de bens oferecidos pelo mercado, inclusive o dos bens religiosos, as igrejas buscam o crescimento apelando às soluções imediatistas que associam batalha espiritual e teologia da prosperidade na busca pela bênção a qualquer custo. "Busca-se soluções para o aqui e o agora. Perdeu-se o horizonte escatológico da fé cristã, do já e do ainda não. Embarcamos nisso porque não temos definição teológica clara".

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