Publicado por José Geraldo Magalhães em Destaques Nacionais - 28/10/2015
Clamores pela Reforma, ontem e hoje!
Pr. José Carlos de Souza
Faculdade de Teologia / IM em Itaim Bibi/SP / Expositor Cristão out/2015
Um dos mais surpreendentes dados dos últimos censos realizados no Brasil, no que se refere à prática religiosa, é o crescimento contínuo da parcela da população que se declara “sem religião”. Quando esse indicador começou a ser avaliado, em 1960, 0,5% dos/as brasileiros/as se enquadravam nessa categoria. Desde então, esse coeficiente vem aumentando: 0,8%, em 1970; 1,6%, em 1980; 4,8%, em 1991; 7,3%, em 2000; e, por fim, 8,04%, em 2010. Como pesquisas qualitativas têm revelado, esse grupo não está composto, como se poderia imaginar, apenas por mentes totalmente secularizadas e descrentes da ideia de um deus. Não! Boa parte crê em um poder transcendente, embora rejeite qualquer forma de religião institucionalizada. Nesse segmento, se encontram pessoas cristãs que, decepcionadas com as igrejas, preferem cultivar a sua espiritualidade com autonomia, libertas de todo controle eclesiástico. Para elas, a igreja deixou de ser meio de graça e se transformou em obstáculo à vivência da fé.
Como entender tais atitudes? Suponho que muita gente isentará as comunidades cristãs de qualquer dolo, lançando a responsabilidade exclusivamente sobre os ombros desses indivíduos “desajustados”. Também não faltarão vozes que, levando a sério a conjuntura descrita, insistirão na necessidade de uma nova e profunda Reforma da Igreja.
Os argumentos levantados, de um lado e de outro, exigem aprofundamento. É certo que vivemos em uma cultura individualista, mas não podemos negar que a Igreja, na atualidade, experimenta crises similares às vividas nos tempos dos reformadores. Como no século 16, tanto é possível negar ou esquivar-se das dificuldades existentes como desenvolver modelos de igreja que, permanecendo fiéis ao evangelho, respondam, de modo criativo, aos desafios atuais. Caso escolhamos a segunda opção, é útil se interrogar sobre o que há de comum entre os tempos atuais e a época dos reformadores, e o que podemos aprender com eles.
Convém lembrar que, no início da era moderna, como hoje, prevalecia séria desconfiança quanto à credibilidade da igreja. Apesar disso, a reflexão teológica vigente seguia em direção oposta, apresentando a igreja cristã como uma instituição sagrada, uma sociedade perfeita, cujas estruturas haviam sido estabelecidas por direito divino. O poder eclesiástico representava, na terra, a autoridade de Deus e, por essa razão, devia ser obedecido cegamente. O clero, em virtude da ordenação recebida, se tornava participante do reino espiritual, incomparavelmente superior ao mundo dos/as leigos/as, mergulhados/as nos negócios mundanos. Para os/as cidadãos/ãs comuns, só havia um jeito de alcançar o favor divino: submeter-se à hierarquia que governava a cristandade e administrava os tesouros da graça. Aos olhos do povo, entretanto, a igreja estava mergulhada em corrupção, interessada apenas nas riquezas, envolvida em disputas internas pelo poder e preocupada somente com a sua sobrevivência institucional.
Queixas semelhantes são ouvidas em nossos dias. O autoritarismo clerical se impõe em diversas comunidades e silenciam todas as críticas sob a alegação de que “não se pode tocar no ungido do Senhor”. Limita-se à participação leiga e reduz a missão à mera expansão das fronteiras eclesiásticas. Como no passado, também no presente, as igrejas se tornam insensíveis e, em consequência, incapazes de responder aos grandes dramas humanos.
Precisamos, sim, ouvir de novo os ensinos dos reformadores sobre a suficiência da graça e da fé, sobre a primazia da Palavra e do Evangelho, sobre a vida no Espírito, sobre o sacerdócio de todo o povo de Deus (1Pe 2.9; Ap 1.6), acima de quaisquer distinções, sobre a igreja enquanto comunidade fraterna que, à semelhança de Cristo, se despe de toda glória e ostentação, para servir à humanidade, em especial, aos mais pequeninos. Sem dúvida, uma nova reforma!
Tags: Reforma, Expositor Cristão
Posts relacionados
CGCJ - Consulta de lei – nº 31/2019
COMISSÃO GERAL DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA
Consulta de lei – nº 31/2019
Consulente – TANIA REGINA DA SILVA
Relator – Renato de Oliveira
Data do julgamento (processo eletrônico) – 20.09.20
Inscrições abertas para o Treina Malta 2015
A capacitação missionária para jovens, Treina Malta, será realizada entre os dias 4 à 12 de dezembro, em Londrina - PR. As inscrições já estão liberadas e podem ser feitas por meio do link disponibilizado no site da Confederação de Jovens (http://juventudemetodista.org.br). O Treina Malta é voltado para jovens de 18 à 35 anos, que desejam conhecer mais sobre missões, tendo 8 dias totalmente voltados e dedicados a um treinamento missionário intensivo, tanto teórico como prático.
Uma homenagem para quem nos ensina na Escola Dominical
Agradecemos a Deus por todas as professoras e professores de Escola Dominical da Igreja Metodista que de norte a sul e de leste a oeste, têm contribuído na formação do povo metodista! A seguir sugerimos uma singela homenagem que pode ser feita na Escola Dominical.
II Encontro Nacional de Música e Arte
Vem aí o 2º Encontro Nacional de Múscia e Arte da Igreja Metodista. Serão oferecidos 13 laboratórios de capacitação. Inscreva-se, participe
Expositor Cristão de Outubro: Reformar para não Ruir
Com quase 500 anos, os princípios da Reforma Protestante permanecem urgentes e precisam ser revisitados pela Igreja.
Editora da Igreja Metodista participará de Feira Literária Internacional Cristã
A Igreja Metodista será representada na IV Feira Literária Internacional Cristã (FLIC) pela Angular Editora, a qual terá também a participação de seus cinco selos: Editeo, Expositor Cristão, Revistas para a Escola Dominical, no Cenáculo e Voz Missionária. A feira será nessa semana, entre os dias 12 a 14 de agosto no Espaço São Luis/Metrô Consolação, em São Paulo/SP.
Coordenação Geral de Ação Missionária realiza a terceira reunião do ano
Pela terceira vez este ano, a Coordenação Geral de Ação Missionária (Cogeam), órgão de Administração Superior da Igreja Metodista que atua no interregno do Concílio Geral, se reúne na Sede Nacional em São Paulo. Veja os detalhes!