Doutrinas Jesus verdadeiro homem

Essa ? a segunda mat?ria da s?rie "Doutrinas", que come?ou com a doutrina da Trindade (edi??o de junho) e segue com o segundo item dos "25 Artigos de Religi?o" , criados por John Wesley no s?culo 18:







 Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro homem


O Filho, que ? o Verbo do Pai, verdadeiro e eterno Deus, da mesma subst?ncia do Pai, tomou a natureza humana no ventre da bendita virgem, de maneira que duas naturezas inteiras e perfeitas, a saber, a divindade e a humanidade, se uniram em uma s? pessoa para jamais se separar, a qual pessoa ? Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que realmente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, para nos reconciliar com seu Pai e para ser um sacrif?cio n?o somente pelo pecado original, mas tamb?m pelos pecados atuais dos homens.






 


A cristologia (a doutrina sobre Jesus, o Cristo) ?, ao lado da doutrina da Trindade, a doutrina mais exclusivamente crist?. Do Esp?rito se fala em muitas religi?es, de Jesus Cristo e da Trindade n?o. Temos ent?o aqui algo muito especial cujo entendimento merece o nosso empenho. Ali?s, este esfor?o de compreens?o ?, segundo os evangelhos, um mandamento do pr?prio Jesus. Quem compara Mt 22.35, Mc 12.33 ou Lc 10.27 com Dt 13.3, 26.16, 30.2, 30.6 e 2Rs 23.3 percebe uma diferen?a. No Novo Testamento se acresce ao mandamento de amar "Deus com todo seu cora??o e toda sua alma" um novo elemento: amar Deus com tudo seu pensamento ou entendimento. Para Jesus, a f? deve ser compreensiva. ? nesta convic??o que a Igreja formulou a sua doutrina que apela n?o somente ? emo??o, mas, ? l?gica.


As afirma?es cristol?gicas do segundo artigo


O segundo artigo de f? leva a gente para o s?culo XVIII. Mas a sua base anglicana ? do s?culo XVI e sua linguagem dos s?culos tr?s a cinco. Nesta ?poca, formulou-se a cristologia cl?ssica. Perguntava-se: Qual ? a rela??o entre Jesus de Nazar? e Deus? Como descrever a rela??o entre Jesus de Nazar? e a humanidade? O que podemos crer sobre a pessoa e obra de Jesus? A resposta vem a n?s na roupagem da filosofia grego-romana. Falava-se de pessoas, subst?ncias e naturezas. Hoje, n?o pensamos dessa forma. Mesmo assim, entendemos ainda bastante.


Primeiro, afirma-se a unidade entre o Deus criador (Pai) e Jesus Cristo. Substancialmente, n?o h? diferen?a entre eles. No outro lado, confessa-se que Jesus desde sua gesta??o deve ser descrito como plenamente humano. A humanidade dele n?o ? uma mera casca da sua verdadeira natureza divina. Por causa disso, o artigo enfatiza a realidade do sofrimento, do fato da crucifica??o e do sepultamento, ou seja, da morte, e interpreta-o como salv?fico e reconciliador. Jesus se torna, somente, como o crucificado o Cristo; justamente nesta autodoa??o ele se mostra em plena sintonia com o Pai. Ao mesmo tempo, isso acontece por Jesus ser totalmente conforme os seres humanos, estado que ele n?o abandonou apesar de ser rejeitado por eles, at? pelos seus pr?prios amigos.


Em busca de uma linguagem contempor?nea


"Jesus Cristo, verdadeiro homem", diz o artigo. Em seguida, tentamos destacar este conte?do com outras palavras, com a contribui??o parcial do te?logo calvinista Wilfried Joest.


Em Jesus Cristo encontramos o ser humano radicalmente aberto para Deus


Segundo 1 Jo 4.2-3, a primeira d?vida a respeito da pessoa de Jesus Cristo era em rela??o a sua humanidade. Em resposta, o Credo Niceno-Constantinopolitano e o artigo de religi?o metodista afirmam que Jesus ? "verdadeiro homem", ou seja, "verdadeiro ser humano". Isso ? mais do que "realmente". N?o se trata, somente, da quest?o de uma determinada subst?ncia e natureza, mas, de rela?es, escolhas e atitudes em liberdade. Para o crist?o e a crist?, Jesus n?o era somente um ser humano qualquer, mas, o novo Ad?o que respondeu ? sua voca??o divina e correspondeu ao seu compromisso c?vico livremente. Segundo o Novo Testamento, Jesus viveu de uma forma que justifica seu seguimento e sua imita??o. Por causa disso, preservou-se a mem?ria como Jesus se relacionou com Deus e com os seres humanos, crian?as, mulheres e homens; publicanos e prostitutas, fariseus e saduceus, romanos, gregos e judeus, autoridades e humildes. Jesus Cristo tornou-se o modelo do verdadeiro ser humano.


Esta verdadeira humanidade, por?m, n?o era vista isolada de Deus. Foi justamente a radical abertura de Jesus para Deus que estava no in?cio desta verdadeira humanidade. Esta rela??o se confirmou na crise. Em Gets?mani Jesus admite n?o querer morrer; na cruz ele confessa a sensa??o de ser abandonado. Entretanto, n?o perde a sua radical abertura para com Deus. N?o se silencia, mas ora e procura… Um ser humano verdadeiro, honesto e fiel, que n?o para de se dirigir a Deus, mesmo contra toda experi?ncia do momento.


Em Jesus Cristo encontramos Deus radicalmente aberto para a humanidade e a cria??o


Esta atitude marcante, por?m, n?o era, exatamente, popular. Jo?o resume: "Ele estava no mundo e o mundo n?o o conheceu. Veio e os seus n?o o receberam" (Jo 1.10-11). A humanidade n?o aceitou um salvador verdadeiramente humano e seu exemplo do tratamento radicalmente humano – e verdadeiramente divino- do pr?ximo. At? hoje, muitas pessoas se escandalizam quando os seguidores e as seguidoras de Jesus prop?em imitar aquilo que Jesus fez. Eles temem que isso provoque caos e irrepar?veis danos no mundo e sua ordem. Perdoar em vez de punir, confessar em vez de mentir, confiar em vez de vigiar e controlar, acolher em vez de rejeitar, conviver em vez de se separar, se gastar em vez de se preservar, andar uma segunda milha com o outro em vez de se vingar: o jeito de Jesus, verdadeiro ser humano, parece ser impratic?vel ou, no m?nimo, imprudente.


Contudo, sempre que a igreja redescobre este lado do ser humano verdadeiro de Jesus, ela se reforma e contribui para a transforma??o de pessoas, povos e na?es. E isso tem, na sua ess?ncia, uma s? raz?o: em toda esta verdadeira humanidade transparece o Deus verdadeiro. Em linguagem b?blica: Jesus ? a imagem de Deus (2Co 4.4). O Deus que n?o quer sacrif?cio, mas justi?a. O Deus que identifica justi?a n?o com a cobran?a divina, mas com seu pr?prio compromisso com o mundo. Um compromisso de qual ele n?o abre m?o, nem face a face com a morte, nem face a face com morte na cruz. O Deus em cujo Reino o perd?o, a reconcilia??o e novos compromissos possibilitam uma nova vida em comunh?o e uma esperan?a que transcende at? os limites de tempo e espa?o.


Em Jesus Cristo, Deus traz isso al?m dos cultos do templo, ?s pra?as e ao campo, nas casas e nas ruas de uma forma acess?vel para pecadores/as, exclu?das/os e auto-suficientes. Em Jesus Cristo, encontramos Deus radicalmente aberto para toda a humanidade e toda a cria??o.


Uma palavra final


Sabemos que nenhuma linguagem humana d? conta da plenitude do mist?rio de Deus que se revela a n?s em Jesus Cristo, o crucificado (e ressurreto, conforme veremos no terceiro artigo de religi?o). Entretanto, esperamos ter reafirmado elementos chaves encontrados no segundo artigo da f?. Que Deus aprofunde a nossa compreens?o e transforme-nos em seguidores e seguidoras de Jesus Cristo no cotidiano: com esperan?a contra a esperan?a, com f? capaz de enfrentarem as nossas mais profundas d?vidas, com amor disposto a cobrir multid?o de pecados. Para alcan?amos, pela gra?a, a nossa verdadeira humanidade.


Rev Helmut Renders, pastor da Igreja Metodista em Vila Rica, SP, e professor da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de S?o Paulo.


VEJA TAMB?M:


O primeiro artigo da s?rie DOUTRINAS: A Trindade

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