Artigo: Enoque Rodrigo de Oliveira Leite
Introdu??o
Nos ?ltimos tempos, o tema da inclus?o tem sido de bastante relev?ncia nos mais diversos seguimentos da sociedade brasileira. ? preciso dizer que muita coisa j? foi feita e ainda h? muito que fazer. Penso que a igreja precisa ser a principal agente de inclus?o em v?rios aspectos, como: social, educacional, religioso, entre outros.
Respeitando o curto espa?o de tempo, que n?o viabiliza uma an?lise mais profunda do tema em quest?o, o presente trabalho, deseja oferecer, de maneira sucinta e simples, uma ferramenta te?rica e pratica, visando tornar a inclus?o cada dia mais real em nossas igrejas e sociedade, n?o desprezando as ferramentas t?cnicas, mas dedicando-se a falar mais da experi?ncia pessoal.
O Evangelho Para Todos e Todas
Desde o inicio do cristianismo, o Evangelho sempre teve uma caracter?stica universal. Jesus, quando chama seus disc?pulos, manda que estes preguem por todos os lugares. Em Mateus 28.19-20 Jesus reafirma esse ensinamento, dizendo: "Portanto ide e fazei disc?pulos de todas as na?es". Em Atos 1.8 ?, sem duvida, o grande marco da universalidade do Evangelho: "…mas recebereis poder, ao descer sobre v?s o Esp?rito Santo, e sereis minhas testemunhas em Jerusal?m como em toda Jud?ia e Samaria e at? os fins confins da terra".
O testemunho em todos os lugares da Terra ou a prega??o do Evangelho se constitui nas diversas formas como se evidencia a presen?a do Reino de Deus por meio do seu povo. Presen?a essa que traz dignidade a vida, traz igualdade, unidade, fortalecimento e estreitamento dos v?nculos afetivos e sentimento de compromisso m?tuo. Portanto prega??o n?o ? somente anuncio verbalizado, mas o an?ncio vivido promovendo a dignifica??o das pessoas.
Creio que falar do aspecto inclusivo do Evangelho de Jesus seja "chover no molhado", por?m, movido pela singeleza da causa, a lembran?a nos faz bem. Um dos t?tulos dados a Jesus pelos fariseus era o de "amigo de pecadores", pois ele os acolhia e os ensinava com todo o amor. O perd?o oferecido a uma prostituta quando todos a condenavam (Jo?o 8.1-11) e, tamb?m, quando os disc?pulos desvalorizavam as crian?as, Jesus disse: "Deixai vir a mim os pequeninos, pois destes ? o Reino de Deus" (Lucas 18.16). Em Lucas 18.35-43, Ele parou para dar aten??o especial a um cego que estava ? beira do caminho. Ainda em Lucas 19.1-10, Jesus dorme na casa de Zaqueu. Se eu fosse continuar a analise, as refer?ncias seriam muitas, por?m ? importante afirmar que, para Jesus, as pessoas sempre estiveram em primeiro lugar. Ele amava a todos/as de maneira muito especial e tratava a cada um/a de acordo com suas respectivas necessidades.
Crist?os e Crist?s Movidos/as Pelo Esp?rito Acolhedor
Em minhas palestras sobre o tema da inclus?o, tenho sido enf?tico ao afirmar que: "inclus?o n?o acontece atrav?s de decretos, mas ela ocorre de fato quando as pessoas s?o inclusivas". Com certeza ? preciso voltar ao inicio da igreja, onde todos/as eram recebidos/s, compartilhavam tudo, promoviam a igualdade de vida social e comunit?ria. Infelizmente, muitas vezes, as pessoas na igreja t?m sido bastante excludentes e legalistas, ? preciso ter claro em nossas mentes que a igreja ? feita para receber pecadores com desejo de transforma??o.
Uma vez sendo bem recebido/a e contagiado/a pelo amor duradouro de Deus e dos irm?os/?s ela passa a cumprir seu papel fundamental que ? de ser agente de transforma??o e integra??o na sociedade e comunidade de f? em que se vive. Portanto precisamos anunciar a gra?a acolhedora de Deus ? todas as pessoas e, jamais, a igreja assumir o papel de juiz.
A Defici?ncia nas Comunidades
Na realidade das igrejas sobre a quest?o das defici?ncias, uma das grandes barreiras ainda ? a da interpreta??o e equivoco teol?gico. ? comum ?s pessoas associarem defici?ncia com castigos de Deus, e um erro mais grave ainda ? acreditar em maldi??o heredit?ria, fazendo uma interpreta??o deturpada do texto de Deuteron?mio 5.8-9.
Em Jo?o 9.1-41, os disc?pulos ao verem um cego, perguntam a Jesus: "Quem pecou, este ou seus pais?". Jesus disse: "Nem este, nem seus pais, isto aconteceu para que a gl?ria de Deus fosse manifestada nele". A manifesta??o da gl?ria de Deus ? maior ainda quando, independente da dificuldade que a pessoa tenha, ela sirva a Deus com alegria e excel?ncia. A cura ? b?blica e precisa ser uma realidade entre n?s, por?m a maior de todas as curas ?, sem d?vida alguma, a do cora??o e da alma.
A revista Veja disse que, dos 25,6 milh?es de pessoas com algum tipo de defici?ncia no Brasil, aproximadamente 48% delas, se tornaram deficiente devido a precariedade da sa?de publica brasileira. Portanto, n?o cabe a n?s entender todos os mist?rios de Deus, mas o que Deus n?o vai entender de nossa parte, ? quando n?o abrimos o cora??o para amarmos e acolhermos essas pessoas.
Prepara??o Para Recep??o de Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais
Conforme j? foi abordado nesse trabalho, as maiores barreiras s?o, sem sombra de d?vidas, as atitudinais, por?m agora farei men??o aos aspectos viabilizadores da recep??o e integra??o das pessoas com defici?ncias.
Acessibilidade: Espa?o F?sico
? de nosso conhecimento a quest?o da acessibilidade. Ela ? amparada por leis, que no ano de 2009 ser?o mais fiscalizadas, no entanto, constatam-se que a maior parte dos estabelecimentos p?blicos n?o est?o adequados as normas das leis de acessibilidade. Na realidade das igrejas, as condi?es tamb?m s?o bastante prec?rias. Creio que todos/as precisem abra?ar essa causa t?o nobre, planejando as novas constru?es e adaptando as constru?es j? realizadas com rampas, banheiros para cadeirantes, dentre outras. ? importante frisar que ? necess?rio obedecer as normas e orienta?es das leis de acessibilidade como, por exemplo, o grau de inclina??o de uma rampa ou medida de um banheiro para cadeirantes.
Acolhida
? fato indiscut?vel que o esp?rito acolhedor ? o mais eficaz instrumento da inclus?o, entretanto, a prepara??o n?o pode ser desprezada em hip?tese alguma. Igrejas e institui?es precisam investir em capacita??o, com palestras sobre os aspectos das defici?ncias. Em seus departamentos especiais, oferecer cursos como libras, braile e sobre caracter?sticas e peculiaridades de cada defici?ncia como, por exemplo: s?ndrome de daw, autismo, entre outras.
Inclus?o e Integra??o
O processo de inclus?o da-se quando um determinado grupo, classe ou organiza??o, procura inserir outro grupo, classe ou organiza??o. O processo chamado de integra??o ? respons?vel por fazer com que as pessoas, grupos ou organiza?es inclu?dos sejam colocados em igualdade com os demais e possam interagir de forma igualit?ria. Infelizmente, hoje em dia, tem acontecido bastante inclus?o, por?m pouca integra??o. N?o basta inserir uma determinada pessoa no grupo A, B ou C, mas ? preciso oferecer a esta pessoa, condi?es de obter o mesmo aproveitamento que os demais.
Tratamento "Diferenciado" e Especial
Ser diferente na verdade, n?o ? somente por ter esta ou aquela defici?ncia, mas todos/as n?s somos indiv?duos e temos caracter?sticas pr?prias, DNA?s diferentes, CPF?s diferentes. A palavra diferente nos assusta, entretanto ser diferente n?o significa ser melhor ou pior, mas significa ser humano. N?o podemos tratar os diferentes iguais. Ao fazer tal afirma??o quero dizer que ? preciso respeitar a individualidade de cada defici?ncia ou pessoa.
O principal mandamento de Jesus ? de que devemos amar a todos/as de maneira igual. Entretanto, acredito que, amar de maneira igual, n?o significa tratar de maneira igual, pois cada ser tem sua individualidade e necessidade e, claro que, capacidade. O sentimento que jamais pode existir por parte das pessoas "normais" ? o de pena ou de subestimar a capacidade de qualquer pessoa que seja. Quando falamos em tratamento especial, no caso da educa??o em especial, ? oferecer maneiras para que a pessoa dentro da sua defici?ncia consiga superar todos os obst?culos e explorar o m?ximo de suas potencialidades. "Todos n?s temos o direito de ser diferentes, mas o dever de andar sempre juntos".
Conclus?o
Conforme j? disse no inicio desse trabalho, o objetivo do mesmo era dar, de uma maneira simples, um panorama sobre os mais diversos aspectos pertinentes as quest?es da inclus?o. Creio ter cumprido esse objetivo e desejo que a cada dia haja mais discuss?o e aprofundamento sobre o tema acima referido e que a inclus?o seja sempre acompanhada pelo processo de integra??o.
Que as barreiras atitudinais sejam quebradas juntamente com todo o tipo de preconceitos. Que n?s, enquanto igreja n?o pautemos nossas a?es somente porque existe uma lei, mas porque o amor de Cristo nos faz ver todas as pessoas de maneira especial.
Sejas tu, os olhos dos que n?o v?em;
A boca dos que n?o falam;
As m?os daqueles que n?o podem pegar;
Os p?s daqueles que n?o podem andar;
Que possamos ser pessoas pr?-ativas, ir ao encontro, como disse Jesus no Evangelho de Marcos 3.3b: "Levanta-te e vem para o meio". Que o esp?rito crist?o de acolhimento e amor seja nossa marca. Lute conosco na constru??o de uma igreja para todos e todas, n?o somente no aspecto da defici?ncia, mas para todas as pessoas.

