No dia 20 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Consci?ncia Negra. A data escolhida homenageia Zumbi dos Palmares, l?der pol?tico e militar do quilombo dos Palmares, s?mbolo da resist?ncia contra a escravid?o. Esse ref?gio de escravos existiu durante cem anos, de 1595 a 1695, em terras que abrangiam ?reas pertencentes hoje a Alagoas e Pernambuco.
A her?ica trajet?ria de Zumbi chegou ao fim no dia 20 de novembro de 1695, quando foi capturado e morto pelas mil?cias do bandeirante Domingos Jorge Velho, chamadas pelo governo colonial para dar cabo do quilombo dos Palmares.
Entre os s?culos XV e XIX, mais de dez mil escravos foram trazidos da ?frica e vendidos no Brasil. Dentre os grandes compradores estavam os propriet?rios rurais. Muito embora o trabalho deles fizesse a fortuna de dezenas de milhares de senhores, eram tratados de modo humilhante e, muitos deles, at? com requintes de crueldade. Decorridos j? 120 anos desde a assinatura da libertadora Lei ?urea ? oportuno recordar que a legend?ria benevol?ncia da Princesa Isabel foi simplesmente decorrente da natural evolu??o da sociedade, das mudan?as globais de natureza econ?mica e tecnol?gica aqui e na Europa, e da press?o do capitalismo internacional. A Inglaterra proibiu, em 1850, o tr?fico negreiro pelo Oceano Atl?ntico, incentivo ao fim da escravid?o e, a despeito de todo o redesenho do cen?rio mundial e do patrulhamento, vigil?ncia e persegui??o da marinha brit?nica, o Brasil foi contemporizando e se tornou o ?ltimo pa?s do Ocidente a decretar a liberta??o dos escravos.
O governo imperial n?o tra?ou nenhum plano para a inser??o social dos libertos, nem ao menos para a sobreviv?ncia deles. Simplesmente os abandonou sem direito ? habita??o, alimento e vestes. Ficaram totalmente marginalizados e considerados como seres inferiores, v?timas de v?rias formas de preconceito, numa situa??o desfavor?vel em termos de renda, educa??o, sa?de, emprego, habita??o e, por conseq??ncia, geradora da viol?ncia. Com o advento da Rep?blica come?aram no Brasil, em ritmo lento, as tentativas de resgate desta imensa d?vida para com os afrodescendentes. Nas duas ?ltimas d?cadas e, com maior dinamismo na atual, v?rias a?es afirmativas oficiais e particulares, especialmente na ?rea educacional, foram empreendidas sinalizando o desejo de se alcan?ar, em m?dio prazo, a plena inclus?o destes nossos patr?cios na comunidade nacional. A nossa atual Constitui??o Federal preconiza a constru??o de uma sociedade justa e solid?ria, com redu??o das desigualdades sociais, e tipifica o preconceito racial como crime imprescrit?vel e inafian??vel.
O governo federal criou v?rios ?rg?os e Secretaria para possibilitar o atendimento ?s reivindica?es destes nossos irm?os brasileiros. Uma das a?es do Minist?rio da Sa?de foi a cria??o, no final de 2003, do Comit? T?cnico da Popula??o Negra.
Na ?rea educacional os avan?os foram mui significativos: A lei n? 10.639 de janeiro de 2003, inclui a data desta celebra??o no calend?rio escolar e a lei n? 11.465 de mar?o de 2008, inclui no curr?culo oficial da rede de ensino, fundamental e m?dio, a obrigatoriedade da tem?tica "Hist?ria e Cultura Afro-Brasileira e Ind?gena".
A Educa??o, alicerce para ascens?o social, est? sendo direcionada para os valores e a promo??o da diversidade ?tnico-racial, que se traduz em melhor qualidade e riqueza do ensino, em todos os n?veis e em especial da viv?ncia acad?mica, contribuindo para eliminar preconceitos e estere?tipos raciais. ? express?o desta realidade a cria??o da ProUni (Programa Universidade para todos) no ano de 2004 para ajudar estantes de baixa renda. e, especialmente, do estabelecimento do sistema de cotas reservando vagas nas universidades para os que se autodeclaram pretos ou pardos e a cria??o de uma faculdade somente para negros na cidade de S?o Paulo, que iniciou o 1? ano letivo em 2003. A Faculdade de Administra??o Zumbi ? uma iniciativa da ONG Afrobras e do Instituto Afrobrasileiro de Ensino Superior, que visa dar acesso e promover a perman?ncia da popula??o negra no ensino superior. Antes destas atitudes era menos de 2% o percentual de negros nas universidades p?blicas no pa?s.
Eis um dado estat?stico muito significativo, provavelmente, desconhecido de muitos: o n?mero de brancos, no Brasil, ? menor do que o n?mero de pretos e pardos: "A popula??o de autodeclarados pretos e pardos chegou a 49,7 em 2007 e a de branco 49,4%" (Estado de S.Paulo, H16-19/9/2008).
Atualmente, nossos patr?cios de ancestrais africanos, est?o presentes e atuantes, muito embora ainda em n?mero inexpressivo, em todas as camadas sociais, no esporte, no com?rcio, nos tr?s poderes da Rep?blica, nas For?as Armadas, na justi?a estadual e federal, no Superior Tribunal de Justi?a e no Supremo Tribunal Federal.
Os antrop?logos s?o un?nimes em afirmar que os primeiros seres humanos surgiram na ?frica (Eti?pia); logo, pode-se afirmar que, quem n?o ? africano ? afrodescendente.
Jo?o Wesley, fundador do Metodismo, escreveu, em seus "Pensamentos sobre a Escravid?o", publicado em 1774: "… desejaria por Deus que o com?rcio de escravos nunca mais seja estabelecido. Que nunca mais roubamos e vendamos nossos irm?os como animais…" (Linha de Esplendor sem Fim, pg. 31). "Deus criou os povos para constitu?rem uma fam?lia universal Seu amor em Cristo Jesus vence barreiras entre irm?os e destr?i toda forma de discrimina??o entre os homens…" C?nones- 2007, p?g.52)
O desejo de todos os evang?licos, bem como de todos os praticantes dos princ?pios do Livro Sagrado dos crist?os ? que a comemora??o desta data seja importante para todos os brasileiros, independentemente da cor da pele, para que possamos juntos afirmar os valores da diversidade e unidos possamos construir uma sociedade mais justa, fraterna, aberta, plural, igualit?ria e democr?tica.
Rev. Ivam Pereira Barbosa (Redator do IR – Informativo Regional 5? RE)
