magali conselho mundial de igrejas

 


Por Magali do Nascimento Cunha


Este texto simples ? uma partilha dos recentes desdobramentos da minha participa??o no Comit? Central (CC) do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), onde sou representante da Igreja Metodista no Brasil e das Igrejas da Regi?o Am?rica Latina.


Como membro do Comit? de Programa, que ? um dos subcomit?s do CC, fui convidada para participar da WCC Round Table 2007 [Mesa Redonda do CMI 2007]. A Mesa Redonda (MR) ? um espa?o criado desde 1995 como um ?rg?o assessor composto de representantes do CMI e seus principais parceiros financiadores: minist?rios especializados engajados em al?vio e desenvolvimento, ag?ncias de miss?o e desenvolvimento relacionadas a igrejas de outras organiza?es ecum?nicas com prop?sitos semelhantes. A MR tem como objetivo o di?logo ecum?nico em torno das quest?es e a?es que se destacam nas organiza?es envolvidas, a coopera??o ecum?nica e as oportunidades para parcerias mais profundas. A MR tamb?m permite que as ag?ncias estejam informadas dos encaminhamentos mais recentes e identifiquem pontos de interesse e prioridade comuns.


Al?m dos participantes mencionados,a MR inclui representantes de ?rg?os governantes do CMI (foi nesta categoria que fui convidada junto com outras quatro pessoas), de organiza?es ecum?nicas e staff do CMI. As pessoas envolvidas t?m atua?es na coordena??o de departamentos internacionais, na administra??o e na ?rea de finan?as.


Em 2007, a Mesa Redonda aconteceu de 9 a 10 de maio, nas depend?ncias do CMI em Genebra. Previamente ? MR, nos dias 7 e 8 de maio, aconteceu o f?rum Working Together [Trabalhando Juntos] – uma reuni?o espec?fica para os parceiros financiadores e o staff do CMI para tratar de assuntos operacionais relativos ao relacionamento ag?ncias-CMI.


Participaram da MR, como parceiros financiadores, representantes da NCC Austr?lia/Christian World Servie, da Igreja Unida do Canad?, da DanChurchAid (Dinamarca), da Igreja Evang?lica Luterana da Finl?ndia, FinnChurchAida (Finl?ndia), da Diaconia da Igreja Evang?lica da Alemanha, da EMW (Alemanha), da EED (Alemanha), da ICCO (Holanda), da Stichting Rotterdan (Holanda), da Norwegian Church Aid (Noruega), da Igreja da Su?cia, da Mission Covenant Church da Su?cia, da P?o para Todos (Su??a), da HEKS (Su??a), da Miss?o 21 (Su??a), da Christian Aind (Gr? Bretanha e Irlanda), da Igreja Presbiteriana dos EUA, da Igreja Unida de Cristo (EUA), da Igreja Metodista Unida (EUA), de Church World Service (EUA).


Participaram, como organiza?es relacionadas ao CMI, representantes da ACT Development, ACT Internacional, da Ecumenical Advocacy Alliance, da Ecumenical News International, do Ecumenical Church Loan Fund, da Federa??o Luterana Mundial. Como staff, estiveram presentes, al?m do secret?rio-geral Samuel Kobia, outras 20 pessoas, assessoras da secretaria-geral e integrantes dos seis novos programas e das ?reas de comunica??o e finan?as. Como representantes de ?rg?os governantes do CMI, participaram cinco pessoas, membros do CC integrantes dos comit?s de Programa e Finan?as.


A abertura da MR aconteceu com um jantar no Instituto Ecum?nico de Bossey na noite de 8 de maio.


Reflex?o: Advocacy (Defesa da Vida)


O tema das duas sess?es da MR dedicadas ? reflex?o foi "Advocacy". Este ? uma express?o do ingl?s de tradu??o variada tanto no portugu?s quanto no espanhol. H? quem traduza por defesa, ou por reivindica??o, ou por promo??o da vida, ou por a??o social. Prefiro o termo "defesa" pois me parece o que mais se aproxima da tarefa de advogar uma quest?o – tomar a defesa de uma causa ou grupo – neste caso a "defesa da vida".


Um painel, com tr?s exposi?es sobre o tema, estimulou a reflex?o em grupos e depois em plen?rio. Primeiramente, o secret?rio-geraldo CMI Samuel Kobia apresentou a reflex?o Advocacy – praying, witnessing and acting together [Defesa da vida – orando, testemunhando e agindo juntos]. Kobia apresentou o tema da Defesa da Vida como uma quest?o de f? e exp?s o papel singular que o CMI tem na quest?o. A primeira dimens?o ? ser voz que represente a ampla comunidade do CMI (igrejas e organiza?es ecum?nicas e afins), especialmente com aqueles que sofrem. Um exemplo dado foi o do F?rum Ecum?nico do Sud?o, que com sua abordagem hol?stica, se tornou um mecanismo efetivo para parceiros ecum?nicos, fortalecendo a din?mica pela paz no Sud?o. A mudan?a torna-se, ent?o, resultado do testemunho p?blico.


A segunda dimens?o do papel do CMI na defesa da vida ? manter a coer?ncia do movimento ecum?nico, que precisa ser visto em a??o. Um exemplo dado foi a forma??o de ACT Development. A terceira dimens?o apresentada por Kobia foi a do CMI ser a voz comum das igrejas-membros, cristalizando o que ? dito, por exemplo, por meio dos pronunciamentos p?blicos sobre as mais diversas quest?es e por meio de defesa de direitos na ONU. Isto significa abrir portas para que os grupos de base sejam ouvidos por organismos como o Conselho de Seguran?a.


Outra dimens?o do papel representado pelo CMI, no que diz respeito ? defesa da vida, ? ser pioneiro em ?reas cr?ticas. Um exemplo pode ser tomado principalmente na quest?o da sa?de, trabalhando com a Organiza??o Mundial de Sa?de. O CMI facilitou, em amio de 2007, a participa??o de 120 pessoas de movimentos de base, organiza?es civis e organiza?es de sa?de crist?s e ecum?nicas na 60? Assembl?ia Mundial de Sa?de.


O CMI sente-se desafiado a partir de uma quest?o ?tica: "por que fazemos isto?" Afinal, o CMI n?o ? uma ONG que se dedica a quest?o social espec?fica, mas tem a capacidade de trabalhar de forma interativa e integrada com diferentes segmentos com um fundamento ?tico: o CMI ? uma organiza??o baseada na f? e no desafio de alcan?ar justi?a e paz. Por isso atua, por exemplo, na ?frica, com a Rede Ecum?nica da ?gua e com a?es em torno do HIV/AIDS, e ajuda tamb?m as igrejas a desenvolverem sua pr?pria capacidade de advogar causas, como com a D?cada de Supera??o da Viol?ncia. Por isso ? que o CMI afirma que a defesa da vida ? uma quest?o de f?. A defesa da vida torna nossa f? expl?cita.


Kobia pontuou que a quest?o "quais s?o as amea?as ? vida neste mundo?" ? a fundamental para tornar a nossa f? expl?cita. Defender a vida das amea?as que se lhe colocam. Com isso, colocarmo-nos diante de Deus e do mundo para nos posicionarmos ao lado dos que sofrem, pois "o Cristo crucificado e ressurreto se identifica com os que est?o sofrendo e fala por meio deles". Esta dimens?o espiritual da defesa da vida tem ra?zes na B?blia, contido especialmente no Evangelho e nas Cartas de Jo?o. Nestes textos, Jesus ? apresentado como aquele que advoga, que toma as causas das pessoas, assim como o Esp?rito Santo ? apresentado como aquele que intercede por n?s e pelos gemidos da cria??o. Por isso, nossas ora?es de intercess?o juntamente com nossas a?es de defesa s?o dimens?es essenciais da nossa f?.


De acordo com esta reflex?o, se entendida dessa forma, a defesa da vida n?o pode ser delegada a uma organiza??o espec?fica ou outros atores institucionais porque ? uma caracter?stica b?sica de nosso testemunho comum ao mundo.


Ap?s a interven??o de Samuel Kobia, duas organiza?es trouxeram testemunhos de suas pr?ticas de defesa e as quest?es que delas emergem: a Association of World Council of Churches related Development Organizations in Europe /APRODEV [Associa??o de Organiza?es de Desenvolvimento na Europa relacionadas ao CMI] e o Church World Sservice/EUA.


A reflex?o em grupos e o plen?rio aprofundaram essas reflex?es, com destaque para a distin??o entre fazer campanhas (como uma a??o mais simples) e a?es de defesa da vida (um n?vel mais profundo). Destacou-se ainda a capacidade do CMI de criar e facilitar novas redes em resposta ?s muitas demandas decorrentes das amea?as ? vida.


Como contribui??o ao debate, expressei minha aprecia??o ? "teologia da defesa da vida" apresentada por Samuel Kobia, e indiquei a necessidade de aprofundarmos o tema entre n?s, pa?ses empobrecidos. Pa?ses que t?m uma hist?ria de coloniza??o, constru?ram a cultura do apadrinhamento, que foi bem pontuada por Paulo Freire no tema da "domestica??o". Nessa cultura, entende-se que precisamos de pessoas que fa?am coisas por n?s. Da? a cria??o de depend?ncia (paternalismo) nas a?es promovidas pelos pa?ses ricos e a pouca express?o de defesa de direitos em nossas igrejas. Claro que temos os movimentos de liberta??o e resist?ncia, tantos exemplos! Mas a presen?a de nossas igrejas nesses movimentos n?o ? expressiva e esta cultura do apadrinhamento ? muito forte. Al?m disso, tamb?m h? a cultura crist? constru?da pela forma em que muitos dos nossos pa?ses foram missionados. H? a forma??o crist? baseada no pietismo e no fundamentalismo que resultaram numa postura de isolamento da sociedade e de desprezo ?s causas sociais e ao sofrimento, que seria compensado com o Reino dos C?us preparado num porvir que aguarda os fi?is aqui na terra. Por isso, torna-se necess?rio trabalhar o tema da promo??o de defesa da vida nos pa?ses empobrecidos, especialmente com as igrejas, enfatizando sua voca??o.


Na noite posterior a estas sess?es de reflex?o, participamos de um jantar com a Ecumenical Advocacy Alliance (sem tradu??o oficial para o portugu?s e no espanhol "Alianza Ecumenica de Acci?n Social"). Pudemos ouvir relatos sobre a atua??o deste grupo e participar de campanha de assinaturas "Mantenham a promessa", que pressiona os governos a cumprirem acordos e a?es aprovadas em torno da luta contra HIV/AIDS. Mais informa?es sobre a Alian?a podem ser acessadas em http://www.e-alliance.ch/spanish/


 


A sess?o sobre o Planejamento do CMI para 2007-2010


Foi apresentado ? MR o Planejamento do CMI para 2008-2013, conforme aprovado pelo CC em 2006 e formatado em projetos e atividades pelo staff para 2008-2010. Aruna Gnanadasan, assessora de Planejamento e Integra??o do CMI, apresentou o Plano baseado em 15 metas, ao inv?s de projetos com seus pr?prios objetivos. Estas metas se fundamentaram nas quest?es: "que tipo de unidade buscamos?", "unidade vis?vel? Qual?". A organiza??o em programas pode ser conhecida emhttp://www.oikoumene.org/es/programas.html. O documento aprovado pelo CC que orientou a nova organiza??o pode ser acessado em http://www.oikoumene.org/en/resources/documents/central-committee/geneva-2006/reports-and-documents/organizational-structure-for-the-work-of-the-world-council-of-churches.html. H? tamb?m um documento denominado "WCC Programme Plans 2008-2013 Summary with Project outlines 2008-2010" , conhecido como "green book", publicado em abril passado. Quem ainda n?o o acessou pode solicitar a programmes@wcc-coe.org.


Na apresenta??o, foram destacadas atividades de cada programa, como exemplo das ?nfases resultantes da Assembl?ia 2006: A Rede Ecum?nica da ?gua (do Programa 4, que pode ser conhecida em http://www.oikoumene.org/es/activities/la-reda.html), o Processo AGAPE (do Programa 3, que pode ser conhecido em http://www.oikoumene.org/en/programmes/public-witness-addressing-power-affirming-peace/poverty-wealth-and-ecology.html), o Processo por um c?digo de conduta sobre convers?o (2006-2009) (do Programa 6, com consultas intracrist?s, cuja primeira ser? realizada em agosto de 2007, e pode ser conhecido em http://www.oikoumene.org/en/news/upcoming-events/all-events-english/single-event-english/article/1637/intra-christian-consultat.html), a D?cada de Supera??o da Viol?ncia, que culminar? com uma Convoca??o Ecum?nica Internacional pela Paz em 2011 (do Programa 3, que pode ser conhecida em http://www.oikoumene.org/en/programmes/public-witness-addressing-power-affirming-peace/overcoming-violence.html).


Finan?as


Foi apresentado ? MR um balan?o financeiro do CMI. Nessa avalia??o apontou-se avan?o nos ?ltimos sete anos, no que diz respeito a saldos e resultados. Indicou-se ainda a necessidade de maior participa??o financeira das igrejas-membros (senso de perten?a) – 80% da renda do CMI vem das ag?ncias parceiras. Pode-se conhecer os balan?os em http://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2006/informes-y-documentos/informe-del-comite-de-finanzas.html


Indica?es da Mesa Redonda


Como s?ntese da reuni?o, foi solicitado pela plen?ria que a coordena??o da MR d? continuidade, juntamente com o staff do CMI, dentre v?rios elementos:


1 – ao embasamento teol?gico da quest?o da defesa da vida;


2 – ? busca de um n?vel global de defesa pelo CMI e a fam?lia ecum?nica frente ? ONU e seus segmentos (especialmente no campo dos direitos humanos e seguran?a humana);


3 – ? tentativa de tornar mais claro o papel do CMI e sua comunidade nos pronunciamentos ?s institui?es financeiras internacionais;


4 – ? clarifica??o do papel do CMI e sua comunidade, e tamb?m dos parceiros, nos pronunciamentos aos setores privados, particularmente as corpora?es internacionais;


5 -? compreens?o das diferentes agendas de defesa na fam?lia ecum?nica, seja por um mapeamento criativo, divis?o de trabalho ou f?runs existentes.


Foi destacada a necessidade de aten??o ? vulnerabilidade do movimento ecum?nico, resultante de sua vitalidade e diversidade, de possuir tantos diferentes atores. H? que se atentar para a complexidade do movimento ecum?nico e, por conseguinte, das rela?es complexas que se criam.


De acordo com a reflex?o, essa complexidade se expressa, primeiramente, nos contextos pol?tico-sociais: o CMI ? a ?nica voz que pode falar por algumas igrejas em meio a crises. Segundo, a complexidade no lidar com os desafios do mundo moderno: o CMI ajuda as igrejas a ampliar sua a??o (por exemplo, a Igreja Copta indicou bispos para atuarem em quest?es sociais e na luta contra HIV/AIDS). Terceiro, a complexidade quanto aos valores que as igrejas criam ao redor de si: o CMI questiona algumas igrejas quanto a posi?es que assumem, num di?logo cr?tico, na problematiza??o "os elementos s?o realmenteinaceit?veis como voc?s acreditam ser?". Defender uma "mesa inclusiva" ? levar em conta esta complexidade, foi a afirma??o final deste debate.


Contatos resultantes da participa??o na MR


A participa??o na MR rendeu-me a oportunidade de conversar com pessoas e conhecer mais profundamente as mudan?as em torno do novo planejamento de trabalho do CMI, especialmente as que se relacionam ? Am?rica Latina.


Tive um momento de conversa com Carlos Ham, o novo executivo para aAm?rica Latina e Caribe. Carlos Ham ? cubano, pastor da Igreja Presbiteriana, e atuava anteriormente como executivo no Programa de Miss?o e Forma??o Ecum?nica. Esclareceu-me que os escrit?rios regionais n?o existem mais como no formato anterior; agora, o trabalho com as regi?es est? alocado no Programa 4 "Justi?a, Diaconia e Responsabilidade pela Cria??o".


Carlos Ham espera estreitar e ampliar as rela?es consolidadas e iniciadas por Marta Palma em sua atua??o no continente. Contato com Carlos Ham: CAH@wcc-coe.org.


Outra informa??o relacionada a latino-americanosno CMI ? a contrata??o de Odair Pedroso Mateus, brasileiro, da Igreja Presbiteriana Independente, que atuava em Genebra no escrit?rio da Alian?a Reformada Mundial, a partir de junho de 2007, como professor de Teologia Ecum?nica no Instituto Ecum?nico de Bossey e como executivo da Comiss?o de F? e Ordem.



Pr?ximas atividades com as quais estarei envolvida


Outubro 2007: reuni?o do Comit? Permanente sobre Consenso e Colabora??o.


Fevereiro de 2008: Pr?xima reuni?o do Comit? Central.


 


Magali do Nascimento Cunha


Junho de 2007


VEJA TAMB?M:  Esfor?os do CMI em favor da Paz na Palestina e em Israel.


 


 


 

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