povo de rua

Uma chance para a vida


Para muitas pessoas que vivem nas ruas de S?o Paulo, a Comunidade Metodista do Povo de Rua ? a ?ltima esperan?a. E o primeiro passo para uma nova vida.


Chego numa sexta ? tarde no Viaduto Pedroso, centro de S?o Paulo. Em salas constru?das dentro da estrutura do Viaduto funciona a Comunidade Metodista do Povo de Rua, projeto social da Catedral Metodista de S?o Paulo que est? completando 15 anos de exist?ncia. Alguns rapazes estendem suas roupas na grade do viaduto, aproveitando o sol gostoso da tarde. Um deles me pede "cinq?enta reais pra sair da rua", em tom de brincadeira. Ainda que eu tivesse esse dinheiro na carteira, n?o cairia na lorota do mo?o…Eu sei – e ele tamb?m sabe – que cinq?enta reais n?o s?o suficientes para tir?-lo daquela situa??o. Mas o que a Comunidade Metodista do Povo de Rua oferece, inspirada pelos passos de Jesus, pode fazer esse milagre.



Comunidade do Povo de rua em apresenta??o na Catedral Metodista de S?o Paulo. Ao viol?o, o atual coordenador do projeto, pastor Samuel Duarte.


Dentro do albergue, aberto 24 horas, ainda h? poucas pessoas. Muita gente vai chegar a partir das 17 horas, para desfrutar de um banho, uma boa refei??o e dormir numa cama de verdade. No refeit?rio, a psic?loga Eunice Brito Nascimento, um dos 28 funcion?rios da casa, conduz uma "roda de conversa". Fala-se sobre depend?ncia qu?mica, auto-estima, reconstru??o de vida… Um senhor de idade avan?ada (ou ser? o sofrimento que o faz parecer mais velho?) muito gentilmente me conduz ao escrit?rio do pastor Samuel Duarte de Souza , coordenador do projeto. Ele me explica que o local oferece dois tipos de atendimento: o albergue, com 380 leitos; e um n?cleo de servi?o, que oferece atividades s?cio-educativas durante o dia – artesanato, m?sica, teatro, palestras sobre higiene e sa?de etc – al?m de encaminhamento m?dico; fornecimento de roupas, cal?ados e alimenta??o; regulariza??o de documenta??o e at? escrita de cartas para a fam?lia. O endere?o da Comunidade Metodista do Povo de Rua ? o ?nico pelo qual as pessoas cadastradas no projeto podem ser localizadas pela fam?lia. Ao fazer o cadastro, elas tamb?m recebem um cart?o de identifica??o – que vale como um documento at? que elas possam tirar documento de identidade e a t?o sonhada carteira de trabalho.


Atualmente, a Comunidade Metodista do Povo de Rua pode atender at? 260 pessoas no per?odo noturno e 120 no n?cleo. ? uma pequena fra??o diante do n?mero de pessoas que perambulam pelas ruas de S?o Paulo.








 


Marcelo Franco de Oliveira (? esquerda) e Edson


Silva Santana. Eles j? foram assistidos


pela Comunidade; hoje s?o funcion?rios.


 


Segundo o pastor Samuel, as estat?sticas mais recentes apontam a exist?ncia de cerca 12 mil moradores(as) de rua s? na capital. Nessa popula??o, incluem-se pessoas rec?m-chegadas do interior ou de outros estados; trabalhadores da constru??o civil que perdem emprego e moradia com o t?rmino da obra; pessoas egressas de penitenci?rias ou expulsas de casa por conflitos familiares; dependentes qu?micos; doentes mentais, e tamb?m pessoas com forma??o universit?ria…


 


Nos ?ltimos anos, o perfil dos assistidos tem mudado um pouco: "Nosso atendimento ? destinado a adultos, mas ultimamente, estamos acolhendo fam?lias inteiras".


Da faculdade para a rua








 


Pastor Alcides

 

A Comunidade Metodista do Povo de Rua nasceu como um trabalho de faculdade que ganhou vida no encontro com a rua. Em 1990, o ent?o acad?mico de teologia Alcides Alexandre de Lima Barros foi convidado pelo Bispo Nelson Luiz Campos Leite para fazer um acompanhamento do povo de rua. A Igreja Metodista da Luz estava come?ando um trabalho em parceria com a Igreja Metodista Coreana Ebenezer, que quatro anos antes j? servia caf? na Pra?a Fernando Costa, regi?o central de S?o Paulo. Chegavam a juntar mais de 300 pessoas na pra?a. "Us?vamos um megafone para falar com eles durante o caf?", conta o pastor Alcides.


Em julho de 1991, a prefeitura de S?o Paulo, por meio da Secretaria Municipal de A??o Social, prop?s uma parceria com a Igreja, para melhorar o atendimento aos moradores de rua, durante os meses de inverno.A prefeitura oferecia o abrigo, localizado no Viaduto Pedroso, para o atendimento e cria??o de uma casa de conviv?ncia. Para formalizar o contrato entre igreja e prefeitura, o pastor Alcides elaborou um projeto que seria, tamb?m, o seu trabalho de conclus?o de curso para a Faculdade de Teologia. Sarah Frances Bowden, ent?o Secret?ria Regional de A??o Social da 3? RE da Igreja Metodista, e o mission?rio Thomas Kemper, na ?poca professor da Faculdade de Teologia da Umesp (atualmente ? Secret?rio de Miss?es da Igreja Metodista Unida, na Alemanha) foram chamados para organizar a sele??o do primeiro corpo de funcion?rios da casa: Sandra Corr?a Costa, Regina C?lia Medeiros, Uilson Lira, Vicente Paula de Almeida, Eliene de Souza Bispo, Samuel Duarte e Welington Alves Medeiros, al?m do pastor Alcides Barros. E assim nasceu, oficialmente, a Comunidade Metodista do Povo de Rua, que come?ou a atender no dia 26 de junho de 1992, acolhendo os moradores de rua numa casa de conviv?ncia (aberta de segunda a sexta, durante o dia) e, inicialmente, num abrigo emergencial, aberto ? noite de junho a setembro. A partir de 1996, o abrigo tornou-se permanente. Hoje ? o maior projeto metodista voltado para popula??o de rua em todo o Brasil.



Os prim?rdios do projeto: sentado (de camisa escura) o mission?rio alem?o Thomas Kemper, atual Secret?rio de Miss?es da Igreja Metodista Unida da Alemanha.


Cabia ? casa de conviv?ncia suprir necessidades b?sicas de higiene e alimenta??o, promover auto-estima, criar la?os fraternos entre as pessoas, reinseri-las na sociedade e transmitir o amor restaurador de Jesus. Para os cultos semanais, a Comunidade Metodista contava com o sal?o social da Igreja Central de S?o Paulo (atual Catedral Metodista), contando com o apoio do pastor Jairo Monteiro e sua esposa Simei Monteiro. Dentro do templo, nos hor?rios regulares de culto, os integrantes da comunidade n?o se sentiam ? vontade, diante de olhares e at? atitudes expl?citas de preconceito, mas procurava-se vencer essa barreira gradativamente. "Uma vez por m?s, um grupo visitava uma igreja da Regi?o, divulgando o projeto", conta o pastor Alcides. Hoje, as celebra?es s?o feitas dentro do pr?prio Viaduto Pedroso, mas algumas pessoas, por iniciativa pr?pria, freq?entam dominicalmente os cultos da Catedral Metodista. "Ele sentem necessidade de ir ao templo, de compartilhar do espa?o lit?rgico. Mais do que nunca, essas pessoas est?o precisando do conv?vio social e a igreja precisa ser um espa?o de acolhimento", afirma o pastor Samuel.


O centro de conviv?ncia chegou a atender mais de 300 pessoas simultaneamente, pois no in?cio n?o havia a pr?tica do cadastramento. "?s vezes a gente se sentia como um gr?o de areia numa imensid?o de problemas". Mas tamb?m havia bons momentos. "N?o tem alegria maior do que voc? ver uma pessoa recuperada", conta o Rev Alcides, que atualmente pastoreia a Igreja de Santo Estev?o, em S?o Paulo.


Sonhos para o futuro


A Secretaria Municipal de A??o Social de S?o Paulo ? respons?vel por 90% do sustento do projeto. Outros 10% chegam por meio da Amas (Associa??o Metodista de A??o Social) da Catedral Metodista, da Igreja Metodista Unida da Alemanha e da Igreja Metodista na Inglaterra, al?m de doa?es particulares. O trabalho volunt?rio tem sido fundamental e sempre h? lugar para mais gente: eles est?o necessitando, agora, de profissionais da ?rea de sa?de. E al?m de m?o de obra, a Comunidade Metodista do Povo de Rua precisa de g?neros aliment?cios (especialmente leite, mas tamb?m alimentos n?o perec?veis e hortifrutigranjeiros), produtos de higiene pessoal, roupas de cama e banho e agasalhos para o frio.


Tudo isso ? necess?rio para manter o projeto funcionando. Mas o pastor Samuel quer ir al?m; sonha em melhorar o atendimento: "Gostar?amos de oferecer oficinas e cursos de capacita??o profissional e gera??o de renda", afirma. "O lema aqui ?: n?o podemos mudar tudo, mas fazemos tudo para mudar".


Suzel Tunes


VEJA TAMB?M: Os resultados do trabalho. Um depoimento emocionante de Ant?nio Jos? de Souza.


Mais informa?es:


Comunidade Metodista do Povo de Rua


Viaduto Pedroso, 111 – Bela Vista – S?o Paulo – SP


CEP: 01322-060


Tel.(11) 3289-2755 e 3287-7056.


E-mail: comunidadepovoderua@terra.com.br


Para doa?es: AMAS Liberdade – Banco Banespa – Ag?ncia 0001 C/C13017980-2


 


 

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