Na Inglaterra, a Igreja Anglicana j? tem um "templo" na Internet. No Brasil, sites e comunidades discutem teologia e criam redes de apoio na f?.
Chega o domingo. Voc? est? na igreja, assiste ? prega??o do pastor, canta, ora. Tudo normal, n?o fosse por um pequeno detalhe: isso tudo ? feito via internet. A I-Church, comunidade anglicana "aberta" pelo Bispo Richard Collins na Diocese de Oxford, Inglaterra, permite manter "conversas" on line com os(as) irm?os(as) e at? mesmo receber emails de ora?es dos pastores(as). "Atendemos especialmente pessoas que, por enfermidade, idade ou dist?ncia, n?o conseguem ir at? uma Igreja Anglicana. N?s somos a ?nica igreja que eles conseguem freq?entar regularmente" afirma o Rev. Joe Parish, co-pastor da igreja virtual. Segundo o pastor, a igreja mant?m o controle do rol de cybermembros nas discuss?es via web e at? agora est? com 200 membros espalhados por todo mundo. "Tem gente da ?sia, ?frica, Panam?. Temos at? dois brasileiros", conta o pastor.
Crist?os avulsos
No Brasil, existem iniciativas semelhantes, como a "Igreja Virtual Evang?lica" (www.nbz.com.br/igrejavirtual), criada a partir do site da Igreja do Evangelho Quadrangular. Para o pastor Edson de Almeida, que adotou o t?tulo de "webminister", a igreja virtual pode at? mesmo deixar de ser uma extens?o do servi?o da igreja e se consolidar como uma igreja real. "N?o adianta voc? ir ? igreja real e ficar mais interessado na vestimenta ou atitude de um ou de outro, n?o prestando aten??o no que se diz l? na frente. Pode at? ser que voc? agrade mais a Deus se freq?entar uma igreja virtual do que uma igreja f?sica. Pois n?o poder? mostrar status, poder ou riqueza. Perante a Internet todos somos iguais, como somos perante Deus", ele defende no site.
O pastor Cl?vis Pinto de Castro, professor na Universidade Metodista e autor do livro "Transformados pela Palavra de Deus: a f? na din?mica do cotidiano", discorda do colega: "Particularmente, n?o creio na possibilidade de uma igreja exclusivamente on-line. N?o h?, pelo menos teologicamente falando, a possibilidade de existir crist?os avulsos. Ser crist?o requer uma rela??o de proximidade, de cumplicidade e de amor solid?rio." Contudo, ele considera que a Internet pode at? se tornar um excelente meio de capacita??o do laicato, podendo oferecer cursos especialmente preparados para este meio de comunica??o.
A jornalista Magali do Nascimento Cunha, professora da Faculdade de Teologia da Umesp e respons?vel pela ?rea de Comunica??o da institui??o, diz que ? amplamente favor?vel ao uso de novas tecnologias na Igreja, como apoio e aperfei?oamento do trabalho pastoral. Mas tamb?m n?o abre m?o do contato pessoal: "Evangelho tem a ver com gestos celebrativos como o abra?o, o toque, o olhar, as m?os dadas, o ajoelhar, sempre em perspectiva coletiva, comunit?ria, ? luz da pr?tica de Jesus. ? no encontro face a face que Deus se manifesta – assim ele escolheu se manifestar por meio do seu Filho Jesus Cristo".
Do site ao templo
Mas as comunidades virtuais podem, tamb?m, servir como redes de apoio que aproximam irm?os e irm?s. Foi o que aconteceu com a estudante Mara Ramalhaes, de 19 anos. Foi no MSN (uma ferramenta de bate papo virtual) que Mara reencontrou-se com Jesus, por meio do testemunho do amigo Lucas Brezzan, evangelista da Igreja Verbo da Vida. "Ele me disse coisas que me comoveram muito… Eu conversava com ele e chorava. Foi um momento de decis?o da minha vida", diz Mara. Hoje ela freq?enta a Igreja Presbiteriana de Guarulhos, S?o Paulo, e sempre que pode est? presente nas programa?es. "Estou muito feliz, dou gra?as a Deus por aquele dia na Internet. E sempre que tenho a oportunidade tamb?m compartilho a minha f? na net. Fez diferen?a na minha vida e pode fazer na de outros".
