ARTIGO: Recomenda?es para a conduta crist? em elei?es
Fonte: Ag?ncia Soma
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O cen?rio pol?tico brasileiro atual ? desolador e, sem d?vida, vivemos uma das maiores crises pol?tica dos ?ltimos tempos, tendo em vista o per?odo da ditadura militar at? o momento. Na verdade, estamos perplexos com tudo que se apresenta neste cen?rio, com suas den?ncias de corrup??o em todos os n?veis da administra??o p?blica do Brasil, tanto municipal, estadual como federal. Parece que n?o h? um ?rg?o p?blico que n?o esteja afetado pela saga gananciosa dos administradores e dos pol?ticos que n?o t?m senso de responsabilidade, de ?tica ou de respeito com a popula??o brasileira, a quem eles pr?prios representam. H? um sentimento de frustra??o e decep??o por parte destes que s?o representados politicamente: os eleitores. Obviamente, esse sentimento ? de quase toda a popula??o brasileira.
Os partidos se revezam nas administra?es p?blicas e nada muda; pelo contr?rio, a sensa??o que temos ? de que as coisas pioram a cada mandato. No caso da administra??o do PT, houve a propaganda de uma esperan?a de que seria resgatada a ?tica, a moral, a dec?ncia e a honestidade na pol?tica, quando assumisse a Presid?ncia da Rep?blica. Era a bandeira da ?tica defendida por intelectuais, artistas, estudantes, enfim, por mais de 52 milh?es de pessoas que, como eu, acreditamos neste projeto pol?tico. Contudo, o resultado est? sendo outro, pois diariamente est? estampado e apresentado nos meios de comunica??o den?ncias e constata??o de corrup??o na administra??o p?blica. Isso nos causa espanto e indigna??o.
Por outro lado, temos uma oposi??o que tem um curr?culo ainda pior que o do governo. O PSDB e, principalmente, o PFL representam o que temos de mais ca?tico e nebuloso nas institui?es pol?ticas brasileiras.
Para piorar ainda mais este cen?rio atual, a imprensa vem demonstrando, apesar de revelar e desvendar a lama na pol?tica, que uma boa e significativa parte est? a servi?o de interesses partid?rios. Por exemplo, temos uma revista, que possui uma das maiores vendagens e circula??o do Brasil, que categoricamente est? a servi?o de uma candidatura oposicionista. Observamos que ela s? publica mat?rias destinadas ? desestabilizar as demais candidaturas que amea?am o candidato de sua prefer?ncia. Entretanto, outras publica?es, em contrapartida, tamb?m trazem den?ncias comprometedoras, com um rastro de mazelas em seu hist?rico pol?tico, do candidato da oposi??o. Lamentavelmente, parece n?o haver uma imprensa imparcial. Ser? que isso ? poss?vel?
E o povo de Deus, o que tem a ver com isso? Nas elei?es que est?o ? nossa frente, o que fazer? Qual a conduta que devemos ter diante deste cen?rio? Quais os crit?rios para escolher os nossos candidatos? Devemos pregar o voto nulo como op??o de expressar o nosso rep?dio a esses pol?ticos indecorosos e que causam este estado de putrefa??o no cen?rio pol?tico?
? muito dif?cil colocar-se como um consultor pol?tico, at? porque nos envolvemos, temos nossas prefer?ncias pessoais e, sendo assim, nos tornamos imparciais. Mas n?o podemos nos esquivar de dirigir uma palavra como cidad?o do Reino de Deus que tem princ?pios e valores que nos direcionam a tomar uma postura nas mais diversas situa?es vivenciadas tamb?m como cidad?o brasileiro. Assim, devemos partir dos princ?pios e valores do Reino de Deus. No caso do cen?rio pol?tico brasileiro, devemos levar em conta um projeto pol?tico voltado para alguns princ?pios b?blicos que norteiam a nossa escolha pol?tica partid?ria ou o nosso candidato nas pr?ximas elei?es.
Princ?pios e valores do Reino de Deus
O primeiro princ?pio, em minha opini?o, ? a justi?a. Deus ? justo e o seu desejo revelado em toda Escritura Sagrada ? que os cidad?os do seu reino sejam justos e favore?am a implanta??o da justi?a em todas as inst?ncias da sociedade humana. No Antigo Testamento, a palavra JUSTI?A se encontra em dezenas de textos, com os termos, frequentemente usados no hebraico, tzedheq ou tzedh?q?, que expressam o sentido de retid?o. Fica evidente que o desejo divino ? que o seu povo viva em retid?o, praticando a justi?a em toda e qualquer situa??o.
O segundo princ?pio ? um caso particular da justi?a: a justi?a social. Aqui est? um dos principais pontos para se refletir sobre uma pol?tica ? luz do ensino b?blico. Em toda a Escritura Sagrada, encontraremos o desejo divino, de que haja na humanidade a justi?a social. O pecado original produziu conseq??ncias desastrosas na cria??o, sendo uma delas a pobreza social, como decorr?ncia da opress?o entre os p?reos humanos: a pobreza em fun??o da s?rdida gan?ncia, a pobreza em fun??o da avareza incontrolada da busca do ter, a pobreza social em fun??o de todo tipo de explora??o praticada nas rela?es humanas, a pobreza social em fun??o dos preconceitos sejam eles do tipo racial, de g?nero, religioso ou de qualquer outra forma de se estabelecer uma a??o preconceituosa.
Conv?m destacar aqui que n?o compartilhamos com a id?ia de que a pobreza social ? maldi??o, fruto de uma teologia equivocada e t?o propagada no meio evang?lico contempor?neo, que ? a teologia da prosperidade. Partilhamos, ao contr?rio, da id?ia de que tanto a pobreza quanto a riqueza sem Deus se constituem em maldi??o na vida do ser humano. Na B?blia, temos o desafio para vivermos e praticarmos a justi?a social.
Leia os seguintes textos e fa?a a constata??o se de fato n?o ? isso que Deus deseja: Isaias 1.17; Jeremias 22.16-17; Daniel 4.27; Salmo 112.9; Deuteron?mio 15.1-11; Salmo 146; Mt 5-6 (o serm?o do monte); Lc 11 (a multiplica??o dos p?es).
O minist?rio de Jesus ? caracterizado tamb?m pelas curas e pelo restabelecimento da dignidade humana. Foi assim com as mulheres, com os samaritanos, leprosos e v?rios outros que viviam ? margem da sociedade.
Atos 6.1-7; Jo?o 15.4-5; Ef?sios 2.10; Tito3.1; Tiago 4.1-10; Tiago cap. 2. e muitos outros textos comunicam o desejo divino de justi?a social para a humanidade. Os textos citados servem para iniciar uma reflex?o sobre a Justi?a Social.
Como terceiro princ?pio, temos a cidadania. Este ? outro grande aspecto a se levar em conta para uma pol?tica ? luz da B?blia. Lembremos que o conceito de cidadania, proposto pelos racionalistas franceses, ? muito abrangente em sua defini??o. O maior expoente desta corrente de pensadores foi o fil?sofo Rosseau, que a definiu nestes termos:
"Cidadania ? um estado qualitativo conquistado pelos membros de uma determinada sociedade. Estes assumem, responsavelmente, o poder de gest?o da pol?tica social, sob a perspectiva da universaliza??o dos benef?cios sociais.
"Por defini??o, cidadania designa um corpo social de cidad?os, correspondente a uma coletividade formalmente institu?da, cujos membros (cidad?os) possuem direitos pol?ticos assegurados, considerando o povo dentro de um crit?rio pol?tico. Ou seja, a sociedade ? avaliada qualitativamente segundo o crit?rio pol?tico da capacidade de refletir e gerenciar politicamente a realidade social. Nesse sentido, vale salientar novamente que, em termos de cidadania, o status de povo n?o reside na quantidade de indiv?duos que o citado povo engloba, mas no poder indiscut?vel da vontade pol?tica reunida dos indiv?duos livres que constituem o povo, soberano."
Os princ?pios crist?os de eq?idade, de respeito e de uma constru??o social a partir do povo, possivelmente, serviram para a formula??o do pensamento de Rosseau. Entretanto, o que ? observado no Brasil ? uma clara divis?o de classes com a gritante desigualdade social. A economia, o avan?o tecnol?gico, a riqueza concentrada nas m?os de poucos (cerca de 10% da popula??o possuem mais da metade de toda a riqueza brasileira), fazem do Brasil um dos pa?ses com piores ?ndices de m? distribui??o de renda do mundo.
Poucos desfrutam do direito aos bens e ? riqueza que s?o produzidos no nosso pa?s, enquanto muitos n?o possuem o b?sico para a sobreviv?ncia humana com dignidade, sendo desrespeitados nos mais elementares direitos de cidadania.
Como quarto princ?pio, encontramos a educa??o. Ela ?, sem d?vida, uma eficaz forma de acabarmos com a manipula??o pol?tica por parte dos que mant?m a situa??o deplor?vel desse cen?rio pol?tico brasileiro. Uma pol?tica educacional, com propostas voltadas para um fortalecimento do ensino p?blico com qualidade e valorizando os profissionais da ?rea, deve ser levado em considera??o neste pleito. A educa??o levar? o povo brasileiro a se libertar da ignor?ncia pol?tica e da manipula??o por parte dos pol?ticos, que insistem em manter os eleitores aprisionados aos seus currais eleitorais. A Educa??o ? a principal arma contra esses maus pol?ticos e contra a politicagem desumana praticada no Brasil.
O quinto princ?pio ? conhecer o hist?rico pessoal e pol?tico dos candidatos. Geralmente, parece que nunca levamos em conta o fato de que devemos conhecer bem o candidato em que pretendemos votar. O comum ? levarmos em conta a propaganda pol?tica, a indica??o de algu?m, ou ainda o fato de ser parente ou pertencer ao nosso c?rculo de amizade. Assim, neste caso, estamos levando em considera??o os benef?cios pessoais que poderemos usufruir. N?o ? mesmo?
Al?m disso, estamos vendo que a ind?stria do marketing tem fabricado pol?ticos, da mais baixa estatura ?tica, moral e de integridade, com a apar?ncia de grandes homens p?blicos. S?o, contudo, corruptos em forma de bons pol?ticos e honestos. Ra?a de v?boras transformada em representantes p?blicos. N?o ? por acaso que no centro da corrup??o instalada no Brasil se encontram um grande marqueteiro e uma grande ag?ncia de propaganda e marketing.
Conv?m fazermos uma an?lise, uma pesquisa sobre o passado pol?tico e pessoal do candidato para n?o errar o voto. Para isso, devemos observar quais os princ?pios e valores ?ticos, morais, familiares e de vida, que o(a) candidato(a) possui. Hoje, n?o ? t?o dif?cil fazer esta pesquisa, pois temos a internet, a imprensa e outros instrumentos que auxiliam nesta tarefa. Vale a pena gastar um pouco de tempo pesquisando para depois n?o se arrepender.
O sexto e ?ltimo princ?pio ? o da ?tica. Aqui est? um ponto crucial no cen?rio pol?tico brasileiro, a falta de ?tica. A ?tica na pol?tica brasileira est? quase extinta. Na realidade, direta ou indiretamente, todos os outros fatores da crise pol?tica est?o relacionados com a quest?o ?tica. Partindo do ponto de vista ?tico, at? mesmo os pol?ticos que se apresentam como evang?licos, est?o deixando muito a desejar. A B?blia nos ensina que a vida crist? ? para ser referencial de honestidade, integridade, transpar?ncia, verdade. Quantas vezes nos envergonhamos com a presen?a de pol?ticos que se dizem evang?licos nos principais notici?rios da imprensa brasileira, envolvidos em esc?ndalos que s? de fazer men??o nos causa n?usea. Os que deveriam ser exemplos de dignidade, honra, moral, amor e do respeito aos direitos humanos (enfim, tudo que caracteriza um cidad?o do Reino de Deus) falham, perdendo a oportunidade de testemunhar no meio de uma sociedade sedenta de pessoas respons?veis em proclamar a ?tica do Reino de Deus.
O desafio que se apresenta a n?s, povo de Deus, diante do quadro pol?tico brasileiro, ? grandioso. A postura a ser tomada diante das pr?ximas elei?es deve ser de um cidad?o comprometido com os valores e princ?pios do Reino de Deus, levando em considera??o a responsabilidade com a cidadania brasileira, na qual nos inserimos. Portanto, sejamos prudentes!

