ENTREVISTA: Elei?es 2006: Desafios e oportunidades | |||
Como o MEP se posiciona nestas elei?es? JULIANO HENRIQUE FINELLI – Conforme decis?o da plen?ria do VII CONMEP, Congresso Nacional do Movimento Evang?lico Progressista, realizado na cidade de Guarulhos-SP, nos dias 18 e 19 de mar?o de 2006, sob o tema: "O MEP, Igreja e Sociedade: Desafios e Oportunidades no Contexto Brasileiro", decidimos "discordar da exist?ncia de ?candidaturas oficiais? das igrejas ou denomina?es, pelo fato de que as mesmas n?o concorrem nem para o amadurecimento c?vico dos crist?os, nem para o aperfei?oamento da Democracia". Depois das elei?es, o MEP prosseguir? cumprindo o seu programa, expl?cito no referido Congresso, quando reafirmou os princ?pios e compromissos dos fundadores desse movimento, em seus 16 anos de hist?ria, com uma teologia evang?lica baseada na concep??o de uma Miss?o Integral, o seu car?ter interdenominacional e n?o partid?rio, a sua luta pela consolida??o e amplia??o do regime democr?tico. Al?m da busca por uma economia solid?ria, que ultrapasse o modo de produ??o capitalista e, como afirma o profeta Am?s.5:24, cheguemos ao tempo em que "…corra a justi?a como um rio que n?o seca". Com rela??o ao posicionamento ?tico dos evang?licos em geral, qual ?, em sua avalia??o, a tend?ncia do momento? JULIANO – Posso falar sobre a nossa tend?ncia. Reporto-me novamente ao nosso VII Congresso onde elaboramos a Conclama??o de Guarulhos. Ali conclamamos ?s "lideran?as e pastores das igrejas crist?s, que assumam, verdadeiramente, uma postura prof?tica, denunciando aqueles que desejam utilizar as igrejas como “curral eleitoral” e anunciem a postura cidad? de que a cada membro ? exigida sua responsabilidade pessoal e social em seu voto. Esta postura pastoral, de consci?ncia cr?tica, de participa??o na a??o pol?tica frente aos desafios e oportunidades que a sociedade oferece, implica em haver por parte das lideran?as e pastores uma atitude firme, que significativamente rejeite o uso anti?tico e oportunista da igreja, e exer?a a?es contundentes em dire??o ? transforma??o integral da sociedade". De que modo o movimento v? os candidatos – principalmente de igrejas pentecostais – que se aproveitam do lema “irm?o vota em irm?o”? JULIANO – Nos anos 80, com a constituinte, os evang?licos perceberam a necessidade de eleger seus representantes, e mudaram o lema para: “Irm?o vota em irm?o”. Nasceu, com isso, um grupo de pol?ticos intitulado de “bancada evang?lica”. Esse grupo desenvolveu uma fama de fisiol?gica e conservadora, que foi fortalecida pelas den?ncias do Jornal do Brasil em 7 de agosto de 1988. Onde se lia que: “Boa parte dos evang?licos faz da tarefa de preparar a nova Constitui??o um grande lucrativo com?rcio, negociando votos em troca de vantagens e benesses para suas igrejas e, muitas vezes, para eles pr?prios”. Entendendo que a crescente influ?ncia pol?tica da comunidade evang?lica deveria ser muito diferente, v?rios evang?licos sentiram que havia chegado o momento de organizar mais a corrente minorit?ria. Dessa necessidade nasceu o MEP que tem em cada palavra de seu nome um importante significado. Movimento, porque ? uma associa??o informal e suprapartid?ria. Evang?lico, porque ? conservador e ortodoxo na teologia, afirmando a autoridade b?blica e a import?ncia da evangeliza??o, convers?o e ora??o. E Progressista, porque ? comprometido com mudan?as sociais. Criamo-nos, ent?o, como alternativa ao grupo que desenvolveu uma fama fisiol?gica e conservadora. Como parte significativa das igrejas evang?licas, que at? os anos 70 eram apol?ticas, passaram a participar ativamente da vida pol?tica do Brasil? JULIANO – Da aliena??o pol?tica da ?poca da ditadura militar passou-se para o fisiologismo da d?cada de 80. Para, no final desta mesma d?cada, surgir no seio da j? grande massa evang?lica segmentos fortes comprometidos com a Miss?o Integral da Igreja, contr?rios tanto ? aliena??o quanto ao fisiologismo. Entre eles, o MEP e o Fale. Este ?ltimo tem como objetivo desenvolver maior consci?ncia e envolvimento com a realidade social entre os jovens, a partir do fornecimento de informa?es e do envolvimento em campanhas de ora??o, com o envio dos cart?es para pessoas-chave e por interm?dio da promo??o de pequenos eventos p?blicos. O fato de algumas igrejas possu?rem meios de comunica??o as transformam em fator decisivo para o sucesso de algumas candidaturas? JULIANO – Cremos que o ?nico fator decisivo para o sucesso de uma candidatura est? na soberania absoluta de Deus. Subsidiariamente, as id?ias dominantes das classes dominantes, que s?o veiculadas pelas m?dias dominantes, exercem sua influ?ncia, que n?o deve ser subestimada. Voc? acha que, pelo fato das igrejas pentecostais terem a maior parte dos seus fi?is nas camadas menos favorecidas da popula??o, j? est? ocorrendo em alguns segmentos um movimento semelhante ao que levou ? forma??o das CEBs na igreja cat?lica? JULIANO – As Comunidades Eclesiais de Base cat?licas eram caudat?rias da Teologia da Liberta??o. Por este pressuposto, as Cebs, se por um lado estavam ao lado dos oprimidos, ou seja, da grande parcela da popula??o brasileira, por outro n?o praticavam a Miss?o Integral da Igreja. Qual seja a sua import?ncia soteriol?gica, com a salva??o das almas por meio da obra substitutiva de Cristo. A preocupa??o com o social hoje nesses setores ? algo mais marcante? JULIANO – O social ? preocupa??o de todos os setores. Resta saber se est?o conscientes da atual conjuntura internacional e nacional que tem limitado a soberania do Estado e a soberania popular, bem como a dist?ncia e as limita?es entre os projetos de governo e sua execu??o, ou a aus?ncia de um projeto nacional claro e exeq??vel para o Brasil. Como voc? analisa o relacionamento entre o governo Lula e as igrejas em geral, em especial as evang?licas? Houve coopera??o em alguns setores, como os de a?es sociais? Essa colabora??o foi diferente em rela??o foi diferente se comparada a outros governos? JULIANO – Bem melhor que o do governo anterior. Tanto lideran?as cat?licas quanto protestantes e evang?licas t?m sido convidadas e participam de organismos federais. O que voc? recomenda e o que desaconselha ao evang?lico eleitor? JULIANO – Recomendamos compromisso com governos democr?tico-populares, que, a partir de suas experi?ncias promovam uma verdadeira Reforma Pol?tica e se expressem como um Governo de Miseric?rdia e Justi?a onde as pol?ticas p?blicas traduzam o cuidado com os ?rf?os, as vi?vas, os migrantes e todos os exclu?dos e discriminados. Resistir e confrontar propostas pol?ticas que, mesmo travestidas de "modernidade", signifiquem, no fundo, a manuten??o de um estado de coisas em que se perpetua a injusti?a e a desigualdade. Desaconselhamos o voto nulo. |

