| Josu? Adam Lazier, Bispo na 4? Regi?o Eclesi?stica Conc?lio quer dizer "convoca??o de uma representa??o determinada, para definir e deliberar sobre pontos atinentes ? miss?o que lhe ? pr?pria". O artigo 9? da Constitui??o da Igreja Metodista define Conc?lios como "?rg?os jurisdicionais que se re?nem periodicamente para tratar dos interesses das respectivas ?reas". Neste sentido, o verbo conciliar tem v?rios significados que nos ajudam no cumprimento das nossas tarefas conciliares. Ele quer dizer "p?r de acordo", "aliar, unir, combinar", "atrair, granjear, captar". |
Este convite ? feito pela Palavra de Deus e expressa em Filipenses 4.2: "…pensem concordemente, no Senhor". O convite ? para que conciliemos nossos desafios, nossos interesses, nossa disposi??o em servir ao Senhor, nossos sonhos, nossas esperan?as, nossas convic?es, nossas energias, etc. Como nos diz o ap?stolo: "tende em v?s o mesmo sentimento que houve tamb?m em Cristo Jesus" (Fp 2.5).
O 18? Conc?lio Geral que se iniciou no dia 10 de julho passado ser? conclu?do nos dias 12 a 14 de outubro pr?ximo. A primeira fase aconteceu em Aracruz/ES, para celebrar o centen?rio do metodismo no Estado. Neste tempo de conc?lio t?m sido muitas as reflex?es sobre as decis?es tomadas na primeira fase (10 a 16 de julho) e as que ser?o tomadas na segunda fase (12 a 14 de outubro). Neste tempo "conciliar" ? fundamental que os desafios do tempo presente sejam acolhidos como oportunidades de servi?o a Deus. Destacamos algumas destas oportunidades:
Identidade e confessionalidade
Somos uma Igreja que: (a) tem como base fundamental de f? e pr?tica a Palavra de Deus; (b) professa a unidade, a disciplina, a piedade religiosa e a pr?tica de atos de miseric?rdia; (c) acredita na presen?a e no Poder do Esp?rito Santo; (d) que tem a experi?ncia pessoal com Cristo como fundamento para a vida crist?; (e) apresenta paix?o pela evangeliza??o; (f) compromisso com a educa??o crist? e com o bem-estar total da sociedade; (g) enfatiza o sacerd?cio universal de todos os crentes e, desta forma, est? organizada em dons e minist?rios; (h) de governo episcopal, no qual os bispos e bispa exercem por seu minist?rio pastoral, em comunh?o com a ordem presbiteral, a supervis?o sobre a Igreja e seus diferentes minist?rios, garantindo que as decis?es conciliares sejam executadas, e os dons e minist?rios sejam desafiados a frutificar no mundo, para o efetivo exerc?cio da miss?o; (i) enfatiza a gra?a divina como fundamental em toda revela??o; (j) segue a natureza da comunidade apost?lica, onde a f?, a adora??o, o testemunho, o servi?o e apoio expressam a presen?a do amor e ensinam a import?ncia da mordomia crist?, pois a "miss?o da Igreja ? trabalhar pela integridade da vida…".[1]
Ministerial
"Dons e Minist?rios ? a Igreja em miss?o atrav?s do exerc?cio dos talentos dados por Deus aos membros do Corpo de Cristo para o servi?o crist?o e testemunho ardoroso acerca da nova vida em Cristo Jesus. Com dons e minist?rios estamos afirmando que todos na igreja s?o vocacionados para a salva??o, para a santidade b?blica, para o testemunho do ardor mission?rio, para a viv?ncia do discipulado como um estilo de vida, para o servi?o crist?o e o exerc?cio de fun?es no Corpo de Cristo".[2]
Os carismas (minist?rio leigo, minist?rio pastoral e minist?rio episcopal) devem ser exercidos na perspectiva apost?lica dos prop?sitos para os diversos dons concedidos ? Igreja (Ef 4.11-16). Neste sentido, o aperfei?oamento dos santos, a edifica??o da Igreja, a maturidade crist?, a seguran?a doutrin?ria e o crescimento equilibrado s?o imperativos para o cumprimento dos carismas dado por Deus e reconhecidos pela Igreja, corpo vivo de Cristo.
Numa igreja ministerial n?o h? lugar para minist?rio aut?nomo e destitu?do de comprometimento com os demais minist?rios e, sobretudo, com a vida e miss?o da Igreja que reconhece os diversos minist?rios e d? mandato aos mesmos.
?nfase mission?ria
A ess?ncia da Igreja ? ser mission?ria: pregar o evangelho, atender as necessidades das multid?es, sinalizar a presen?a do Reino de Deus. Jo?o Wesley desafiava os metodistas a "reformar a na??o e espalhar a santidade b?blica por toda a terra". Este era um dos lemas dos metodistas. Wesley descobriu a prega??o ao ar livre e dizia: "O mundo ? a minha par?quia". Para os metodistas a Igreja ? o "Povo de Deus devidamente orientado por um minist?rio tanto ordin?rio, como extraordin?rio, uma no mundo inteiro, e sendo uma comunidade cujas finalidades se resumem em adora??o e miss?o".
A Igreja ? chamada para servir e n?o para se servir. Ela ? instrumento de Deus no mundo e na sociedade, para registrar a presen?a do Reino de Deus atrav?s do servi?o crist?o, diligente e promotor da vida. Desta forma, a igreja n?o pode se fechar em si mesma, como consumidora exclusiva da revela??o e do amor de Deus. Ela deve se abrir para a comunidade onde est? inserida e dar o testemunho evang?lico e transformador da vida. A igreja ? serva de Deus e enviada para plantar a paz, a esperan?a, a justi?a, a solidariedade e a toler?ncia no mundo em que vivemos. A percep??o da seara onde a igreja deve cumprir com sua miss?o e as necessidades presentes deve ser a grande motiva??o para o plano de a??o da igreja local.
A evangeliza??o deve ser palavra de ordem em todos os momentos da vida crist? e da vida da igreja. O eixo mission?rio deve ser norteador de toda organiza??o e estrutura eclesial.
Espiritualidade
Para o pleno cumprimento da miss?o, a Igreja deve desenvolver uma espiritualidade integral que expresse a dimens?o vertical, atrav?s da leitura e estudo devocional da b?blia, participa??o na Ceia do Senhor, pr?tica da ora??o e do jejum, participa??o nos cultos, etc., e dimens?o horizontal, atrav?s da solidariedade junto aos pobres, aos necessitados e aos marginalizados. Portanto, uma espiritualidade que fortale?a a f? para as diversas a?es ministeriais.
Espiritualidade tem a ver com a vida integral da pessoa em sociedade. Devemos considerar que a espiritualidade acontece em meio ? vida concreta e n?o imagin?ria. Ela se evidencia na viv?ncia do Evangelho, na pr?tica do servi?o crist?o, no cumprimento das responsabilidades, na luta pelo direito e pela cidadania, na evangeliza??o, no testemunho, na vida familiar, etc. Ningu?m se tornar? mais espiritual atrav?s do escapismo, do intimismo ou do individualismo.
O metodismo ? resultado de uma espiritualidade din?mica pessoal e comunit?ria vivida pelos primeiros metodistas e cultivada pelas gera?es que se seguiram. Atrav?s da espiritualidade os meios de Gra?a s?o exercidos com disciplina: ora??o, estudo b?blico, jejum, vig?lias, louvor, culto, prega??o, etc. A Igreja Metodista enfatiza a espiritualidade pois ela ? resultado da a??o da Gra?a de Deus e do mover do Esp?rito Santo. "N?o h? metodismo aut?ntico sem a din?mica pessoal e comunit?ria da f? em sua express?o de espiritualidade".[3]
F? crist? e vida
A rela??o entre f? e vida crist? deve ser fortalecida. A igreja n?o ? meramente um ajuntamento de pessoas que encontraram pontos comuns, mas sim a comunh?o de entre aqueles e aquelas que alcan?ados pela gra?a de Deus aprenderam a import?ncia e o valor da f? crist? e a convic??o de que esta f? deve ser agente de transforma??o na vida pessoal, familiar, social, profissional, no exerc?cio da cidadania e na pr?tica dos mais altos valores do Reino de Deus. Os metodistas afirmam em sua doutrina social a "responsabilidade crist? pelo bem-estar integral do ser humano como decorrente de sua fidelidade ? Palavra de Deus expressa nas Escrituras do Antigo Testamento e Novo Testamento". Neste sentido, a Igreja de Cristo deve promover os direitos humanos, a ?tica em todos os relacionamentos, o respeito aos valores da cidadania, a valoriza??o dos la?os familiares, pois a vida ? um dom de Deus.
Discipulado
Temos uma heran?a que nos motiva a viver o discipulado, pois as "sociedades" ou "classes" eram dirigidas por l?deres escolhidos por Jo?o Wesley e tinham a responsabilidade de visitar todos os membros; aconselhar, repreender, orientar, informar aos ministros sobre a situa??o dos membros e suas fam?lias. Atividades com apelo pastoral. O discipulado combina a espiritualidade com a a??o em prol das pessoas e a heran?a metodista nos delega os atos de piedade e as obras de miseric?rdia. Havia entre os membros das "sociedades" e "classes" um sentimento de unidade e de solidariedade. Jo?o Wesley adquiriu este h?bito, que transformou em uma das caracter?sticas do metodismo, desde os temos de estudante em Oxford, onde alguns alunos se reuniam em grupos pequenos para estudo da B?blia, ora??o e busca da verdadeira santidade do cora??o e da vida.[4]
Discipulado, na perspectiva b?blico-teol?gica, n?o ? desenvolvido de forma centralizadora ou personalista, em que o l?der exerce autoritarismo ou coa??o sobre as pessoas. Os metodistas n?o seguem este modelo. O discipulado promove o pastoreio entre os membros do grupo, ?nfase que marca a Igreja Metodista. Discipulado nasce num contexto de convite ? miss?o, especificamente no atendimento as necessidades da multid?o (Mt 9.35-38). A Igreja Metodista estabeleceu como tema ser uma Igreja Comunidade Mission?ria a Servi?o do Povo.
Discipulado oferece condi?es para os membros da igreja se desenvolverem na vida crista e vivenciarem na sociedade os valores do Reino de Deus. O discipulado deve ser gra?a de Deus na vida dos membros e n?o lei que imp?e determinados estere?tipos. O discipulado n?o ?, portanto, mais um programa da Igreja, mas est? em rela??o direta com a din?mica de Dons e Minist?rios, que orienta os membros no cumprimento da miss?o, sobretudo da Grande Comiss?o (Mt 28.18-20).
Pastoreio
O cuidado pastoral desafia a igreja numa sociedade contextualizada, relativizada, discriminadora, excludente e individualizada. Com o tema do pastoreio queremos destacar a?es ministeriais, portanto de todos os membros da igreja, e que passam pelo contato, acolhimento e integra??o. Pastorear "…? o processo de prote??o para com o minist?rio de pessoas e comunidades em nome de Deus. ? uma express?o do crist?o para com o outro e para aqueles para quem Cristo viveu e morreu".[5] Dentro do cuidado pastoral est? o aconselhamento pastoral que tem como objetivo trabalhar com indiv?duos, grupos ou fam?lias, quest?es relacionadas a emotividade, sexualidade, bem como aspectos psicol?gicos, espirituais, mentais, f?sicos e outros.
James Reaves Farris considera que o pastorado envolve cura, apoio e guia. Cura no sentido de "ajudar as pessoas a se tornarem sadias f?sica, mental e espiritualmente". Apoio no sentido de "sustentar e nutrir as pessoas com amor, diariamente e na totalidade de suas vidas… apoiar, sustentar e encorajar o povo, quando ele est? faminto, sedento, solit?rio, ferido e inseguro… alimentar, vestir e suprir outras necessidades b?sicas do povo necessitado". E guia no sentido de "dar conselhos, dirigir e funcionar como uma autoridade".[6]
Sal da terra e luz do mundo
A Igreja que vai permanecer cumprindo com os prop?sitos b?blicos, teol?gicos, mission?rios, pastorais e doutrin?rios, ? aquela que desenvolver o cuidado pastoral para com os seus membros. Neste sentido, a igreja ? sacerdotal, terap?utica, acolhedora, comunidade de amor e de amparo. Mas, ao contr?rio disto, a igreja que seguir o caminho da massifica??o, do crescimento como fim em si mesmo, da promo??o da auto-ajuda no lugar da reflex?o b?blica, teol?gica e pastoral, do culto destitu?do de atos de arrependimento, confiss?o e dedica??o a Deus, da falta de ?tica, do individualismo, da discrimina??o e da exclus?o, estar? minimizando a sua presen?a na sociedade e, conseq?entemente, deixando de ser o sal da terra e a luz do mundo.
O desafio da miss?o nos coloca um imperativo conciliar: n?o podemos encerrar o 18? Conc?lio Geral sem restabelecer o que o ap?stolo Paulo chama de "unidade do Esp?rito no v?nculo da paz" (Ef 4.3). Que Deus nos d? esta gra?a.
[1] IGREJA METODISTA, Plano Nacional – Objetivos e Metas, 2002, p. 20.
[2] Lazier, Josu? Adam, Estudos B?blicos sobre o Crescimento da Igreja, s?rie Kair?s Estudos B?blicos Pastorais – no. 04, Belo Horizonte, 2005, pg .
[3] As Marcas B?sicas da Identidade Metodista, Biblioteca Vida e Miss?o, pg 22
[4] HEITZENRATER,p. 61
[5] Farris, James Reaves, Teologia pr?tica, cuidado e aconselhamento pastoral: um resumo da hist?ria recente e suas conseq??ncias atuais,em Teologia Pastoral, Estudos de Religi?o 12,S?o Paulo, UMESP, 1997,p. 19.
[6] Farris, James Reaves, idem,1997, p. 20-23.


