palavra episcopal março de 2006

De acordo com as pesquisas que s?o realizadas por aqueles (as) que se aventuram na hist?ria do Metodismo, a mulher tem exercido, desde o princ?pio do movimento, fun??o preponderante na caminhada da nossa Igreja.


Os historiadores afirmam categoricamente que Susana Wesley desempenhou um papel fundamental, especialmente na forma??o dos filhos e na caminhada religiosa. Conta-se que, em certa ocasi?o, sabendo que seu esposo, o Rev. Samuel Wesley, n?o chegaria a tempo, Susana dirigiu o culto agendado demonstrando sua responsabilidade e compromisso para com a obra de divulga??o da Palavra de Deus.


Neste contexto, quero convidar o leitor/a a abrir sua B?blia no livro de Rute (1.1-22) e relembar, comigo, o interessante epis?dio que envolve tr?s mulheres: Noemi, Orfa e Rute. Sintetizando, Elimeleque, casado com Noemi, foi habitar a terra de Moabe onde seus filhos se casam com as moabitas Orfa e Rute. Com a morte de Elimeleque e seus filhos, Noemi, ?rf? e Rute ficam vi?vas.


Diante das perdas, Noemi, que perdera o marido e os dois filhos, toma a decis?o de regressar sozinha a Bel?m, sua cidade de origem. ?rf?, ent?o,  regressa para a sua cidade enquanto Rute decide acompanhar a sogra afirmando categoricamente: "… aonde quer que fores, irei eu, onde quer que pousares, ali pousarei eu…" (Rute 1.16).


Esta hist?ria fala um pouco de cada um de n?s pois ? a express?o do nosso cotidiano, do nosso dia-a-dia, do nosso viver e de tudo aquilo que nos envolve.
As perdas, o sentimento que envolve, o abandono, o isolamento s?o quest?es inerentes ? vida. Apesar de nosso esfor?o, muitas vezes n?o temos for?as e condi?es de vencer e superar tais momentos. Pode-se perguntar: O que fazer diante de tantas perdas? Como reagir? Estamos preparados?


Compartilho aqui dois destaques do texto:


I – O desafio do rein?cio
 
Reiniciar projetos ? proposta que raramente imaginamos ou almejamos. Voltar ao in?cio nos amarga, entristece e neurotiza pois imaginamos que o que vale ? o caminho percorrido. Recome?ar tem, para n?s, o sentido de voltar ao in?cio o que alonga por demais a caminhada.
E se, de uma hora para outra, perd?ssemos tudo (casa, ve?culo, trabalho etc) e precis?ssemos come?ar de novo, desde o princ?pio? Muito provavelmente ficar?amos sem rumo, sem um norteador que possibilitasse uma tomada de decis?o no sentido de reiniciarmos nossa caminhada. O pavor, a ang?stia, a ansiedade, a culpa, as cr?ticas, nos agrediriam de tal modo que, como seres humanos, encontrar?amos dificuldades para uma nova etapa. N?o se trata de pessimismo, falo como ser humano:  despreparado, talvez,  para enfrentar situa??o como essa.


No texto b?blico, as mulheres regressam ?s origens de Noemi de forma bem diferente daquela de quando partiu ("Ditosa eu parti, por?m o Senhor me fez voltar pobre" – Rt 1.21) o que leva Rute a, inclusive, tomar a decis?o de colher espigas, no verdadeiro sentido do trabalho para sobreviv?ncia.


Ao contextualizarmos o nosso caminhar de f?, temos que pensar naqueles momentos em que inevitavelmente nos convidam para algum tipo de rein?cio. Quantas vezes cometemos falhas, erros e, a partir de um momento de introspec??o, somos desafiados a consertar aquilo que foi errado? Deparamo-nos com as grandes quest?es da f?, esta f? que tem que nos incomodar, pois ela mexe com os nossos compromissos, em especial, com nosso compromisso com Deus.


Desta forma, reiniciar, sob o ponto de vista da f? crist?, ? nascer de novo, ? crer no poder de Deus e sentir o que Ele pode fazer com a nossa decis?o, com a nossa vida e com os nossos prop?sitos; Reiniciar ? ter a ousadia de compartilhar com Deus as nossas ang?stias, opress?es e fraquezas e tamb?m confessar a nossa incompet?ncia de vivermos sozinhos; Reiniciar ? viver o novo  de novo; Reiniciar ? sentir a experi?ncia do filho pr?digo: "…irei ter com o meu pai e direi: Pai, pequei… aceita-me de novo".


Noemi e Rute nos incentivam ? fant?stica experi?ncia de reiniciarmos de novo pois este rein?cio est? sintetizado na Gra?a e no Amor de Deus.


II – Fidelidade e fraternidade.


A postura de fidelidade de Rute serve de exemplo e li??o para todos n?s: "Aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu…".


Fidelidade ? uma exig?ncia que Deus faz a todos n?s: fidelidade na verbaliza??o, no testemunho, nas grandes e pequenas coisas, no trabalho, no lar, na Igreja. ? o compromisso que o(a) crist?o(?) tem com o Reino de Deus. Entretanto, como ser fiel em um mundo infiel, marcado e espremido pela morte? Como ser fiel neste mundo que procura nos subornar, agredir e nos tornar insens?veis?


O texto nos revela que Rute foi n?o s? fiel ao compromisso assumido mas tamb?m solid?ria e fraterna ao escolher ficar ao lado daquela que no passado lhe ofereceu, entre outras, a oportunidade de fazer parte de sua fam?lia.


Como Igreja e povo de Deus temos o compromisso de colocarmos na pr?tica a fidelidade e a fraternidade inseridas em nossos cora?es para que, atrav?s de n?s e de nosso testemunho, possamos oferecer algo de novo a tantos cora?es que necessitam deste compromisso.


O calend?rio registra neste m?s de mar?o o Dia Internacional da Mulher. Que ao relembrarmos a data possamos faze-lo atrav?s de mulheres que marcaram e sinalizaram a caminhada hist?rica da nossa Igreja. S?o mulheres que fizeram e continuam fazendo hist?ria, como Susana, Noemi e Rute. Fa?o votos que as mulheres da nossa Igreja continuem firmes, inabal?veis e perseverantes na caminhada de f?, sinalizando atrav?s da prega??o, da educa??o e da reflex?o o Reino de Deus, que ? marcado pela justi?a, paz e amor. Envio ?s mulheres metodistas e n?o-metodistas o meu fraternal abra?o, almejando que voc?s continuem sendo ricamente aben?oadas por Deus. Recebam os meus cumprimentos.


Rev. Jo?o Alves de Oliveira Filho
Bispo da 5? Regi?o Eclesi?stica

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