gospel, lixo da pós-modernidade

Rev. Antonio Carlos Soares dos Santos


Igreja Metodista A?ude II – Volta Redonda-RJ


 


Cada vez mais me conven?o de que estamos vivendo um tempo de grandes perdas, de grandes "desvios", de sepultamento das ra?zes do mais puro cristianismo. E o algoz tem um nome: Cultura Gospel. N?o ? protestantismo, nem mesmo pentecostalismo, mas ? um lixo oriundo da tal p?s-modernidade. Uma das caracter?sticas dessa "dita-cuja" p?s-modernidade ? justamente a ojeriza ao passado, ?s tradi?es e tudo que possa indicar algo que um dia chamamos de IDENTIDADE.  N?o entendo muito bem o que seja essa tal p?s modernidade…mas uma coisa digo..n?o ? coisa boa n?o…mas vamos recorrer a especialistas. O soci?logo polon?s Zygmunt Bauman diz que p?s modernidade ? "uma realidade amb?gua, multiforme, na qual, como na cl?ssica express?o marxiana, tudo o que ? s?lido se desmancha no ar". J? o filos?fo franc?s Gilles Lipovetsky declara ser "uma exarceba??o de certas caracter?sticas das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ?tica hedonista, a fragmenta??o do tempo e do espa?o". Agora pergunto: nosso ador?vel mundo gospel n?o ? p?s moderno? Com toda sua busca individualista, com seu capitalismo religioso, com as estat?stica de mercado, suas estrat?gias de Marketing…A verdade ? que o p?s modernismo (leia-se: cultura gospel) esvaziou o cristianismo e n?s ainda batemos palmas para isso. Trocamos a seriedade e serenidade pelo ?xtase moment?neo do sucesso a qualquer pre?o.


             O Prof. Isa?as Lob?o Pereira J?nior em seu artigo "A Igreja Brasileira na P?s-modernidade" faz a seguinte declara??o: "Na Igreja, o que antes era convic??o, hoje ? op??o. Os mandamentos divinos passaram a ser sugest?es divinas. A igreja ? orientada por aquilo que d? certo e n?o por aquilo que ? certo". Que grande e triste verdade! Podemos perceber cada vez mais essa realidade quando nos deparamos com algumas mensagens que exaltam tanto a busca de poder e os dons individuais e nada dizem a respeito da comunh?o partilhada, da necessidade do arrependimento, do car?ter de Jesus, da compaix?o com os injusti?ados em uma sociedade corrompida, cruel e impune. Vivemos tempos em que a B?blia n?o ? mais a nossa ?nica regra de f?, pois, as experi?ncias pessoais acabam por suplantar o conceito b?blico de Igreja, suas doutrinas e orienta?es mais essenciais. ? lament?vel vermos nossa amada Igreja Metodista, de tantas hist?rias e Hist?ria, de tanta tradi??o, se perder em meio a uma salada "gospel" de consumismo mercadol?gico. E todos sabem que os olhos do mercado n?o enxergam o individuo e sim a multid?o. Vivemos uma contradi??o eclesiol?gica, pois adotamos o discipulado como estilo de vida, mas a pr?tica ? cada vez mais de agrupamento de pessoas sem rosto e sem identidade.  E n?o importa os meios que se usa para alcan?ar esse "agrupamento", o importante ? que o "n?mero" aumente!


            Deus ? o produto…os fi?is, os consumidores…Deus ? encontrado com v?rias faces de acordo com o gosto e a tend?ncia…Tem o Deus dos ricos, o Deus dos "guerreiros", o Deus curandeiro, o Deus-G?nio da L?mpada…Onde antes era "Senhor, seja feita a Tua vontade" hoje ? " eu reinvidico, eu exijo, eu determino…" Uma prega??o triunfalista, ufanista…triste, dolorida para quem antes buscava a Igreja para encontrar uma palavra de consolo, carinho e at? mesmo de exorta??o e n?o uma chamada para sucesso continuo e ininterrupto. N?o existe mais aquela sede pelo conhecimento a Deus, n?o ? mais o que quero conhecer, mas o que eu sinto ? o que importa, se a Palavra n?o me agradou eu busco uma que me agrade e com isso o corpo pastoral passa n?o mais a aplicar o que a Igreja necessita, mas sim o que o povo quer. Jazie Guerreiro explana muito bem isso ao dizer "Na cultura p?s-moderna o religioso se expressa com um forte predom?nio da experi?ncia sobre a raz?o e sobre a pr?pria explica??o da f?". Enquanto o esp?rito ecum?nico ? duramente criticado e at? visto como jocoso, o sincretismo religioso vai ganhando espa?o nas Igrejas e alimentando a supersti??o popular. Quando vemos que o s?mbolo se torna maior que o significado, alguma coisa est? muito errada!


                Ao que parece, j? n?o sabemos mais como o autor de I Pedro nos convida a "estarmos sempre preparados para responder a qualquer pessoa que nos pedir a raz?o de nossa esperan?a" (I Pedro 3.15), talvez por considerarmos que Rick Warren com sua "obra prima" Uma igreja com prop?sitos tenha mais a dizer ao povo de Deus do que a pr?pria tradi??o b?blica e hist?rica da Igreja. Como pastor metodista, de tradi??o Wesleyana, me preocupo muito…hoje estou vendo que n?o sou festeiro, que n?o sou alegre o tempo todo, que tenho momentos de tristeza, de solid?o…por isso compreendo que n?o posso prometer a Igreja nada al?m daquilo que Deus revela na B?blia…Felizmente, ou infelizmente, para alguns, levo meu pastorado muito a s?rio. Em meio a tantas heresias ditas ? vontade nos p?lpitos, televis?o e r?dios, quero citar um "herege" aben?oado por Deus e l?cido: "J? n?o espero que uma rela??o com Deus me blinde de percal?os. N?o acredito, e nem quero, que Deus me revista com uma carca?a impenetr?vel. Acho um despaut?rio prometer, em meio a tanto sofrimento, que uma vida obediente e pura gere seguran?a contra doen?as, acidentes, viol?ncia".  (Pr. Ricardo Gondim). Hoje vivemos uma p?s modernidade, "uma mistura de ilus?o com esperan?a"[1], para que no fim de tudo, Deus venha a restaurar a ordem e confirmar os valores de seu Reino.


             






[1] Gondim, Ricardo: Repensando a f?.

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