Reverendo Edson Cortasio Sardinha *

Quando Jesus desceu do monte, grandes multid?es o seguiam. E eis que veio um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. Jesus, pois, estendendo a m?o, tocou-o, dizendo: Quero; s? limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra. Disse-lhe ent?o Jesus: Olha, n?o contes isto a ningu?m; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Mois?s determinou, para lhes servir de testemunho. (Mateus 8.1-4).

O Senhor Jesus realizou o milagre da cura sobre um leproso, mas exige que esse v? e se mostre ao sacerdote para que este pudesse examin?-lo e depois do diagn?stico, apresentar uma oferta segundo est? determinado nos livros da Lei de Mois?s. (Conforme Lev?ticos 13 e 14).

Os sacerdotes exerciam uma fun??o de autoridade para determinar o estado de sa?de do leproso, sua poss?vel cura e at? mesmo o agravamento da doen?a.

A cura divina continua sendo exercida por Deus. A Igreja Crist? (ortodoxas, cat?licas e protestantes) acreditam na cura divina.

Alguns fil?sofos desejaram negar a exist?ncia de Deus, mas acabaram nomeando-o com outros t?tulos. Spencer dizia que a cren?a no Ser Absoluto era uma cren?a irresist?vel; Straus nega a exist?ncia de Deus, mas cultua o Cosmos, a quem atribui ordem, lei, raz?o e bondade; Haeckel afirma s? existir a mat?ria, mas menciona um tal de Cosmos Universal.

O escritor Vince Rause e o neurologista Andrew Newberg escreveram o livro: Por que Deus n?o vai embora? Andrew ? professor da Universidade da Pensilv?nia. Ele trabalhou a teoria biol?gica da religi?o. Diz que h? uma base neurol?gica para a “fome” de Deus. Andrew se baseia numa pesquisa iniciada pelo psiquiatra e antrop?logo Eugene d?Aquili no inicio dos anos 70. Atrav?s de v?rias pesquisas, chegaram a criar uma tecnologia chamada de SPECT para mapear o c?rebro de religiosos em ora??o. As tomografias fotografaram o fluxo sangu?neo – indicando n?veis de atividade neural – no c?rebro de cada indiv?duo no momento em que atingiam um ?xtase religioso. As pesquisas demonstraram que o sentimento religioso tem origem n?o na emo??o ou no poder da sugest?o, mas sim na fia??o geneticamente estruturada do c?rebro. Por isso, numa ?poca da raz?o, a religi?o prospera. A fia??o do c?rebro foi projetada para experimentar a realidade de Deus. O c?rebro ? capaz de experimentar duas realidades. Em uma delas, a percep??o alcan?a a mente por meio do filtro do Eu. Na outra, o eu ? afastado e a percep??o da mente se amplia e se unifica. Isso ? a conclus?o das tomografias que observaram as atividades dos l?bulos parietais.

Os apologistas da Igreja buscaram explica??o para a f? do ser humano. Aristides de Atenas (morto em 130) numa carta ao Imperador Adriano diz: "Depois de considerar o c?u, a terra, os mares, o sol e tudo mais, admirei a ordem do mundo. Compreendi, com efeito, que o mundo – e tudo o que nele h? – ? movido necessariamente por outro, e entendi ser Deus quem move, o qual nele est? escondido e lhe ? oculto. Uma coisa ? clara: o que move ? mais poderoso que o movido".

S?o Justino (morto em 165) no seu di?logo com Trif?o diz:

__ E o que ? que chamas Deus? Perguntou.

__ Aquilo que sempre ? o mesmo e se comporta da mesma maneira, e ? a causa da exist?ncia dos outros seres: a isto chamo Deus.

S?o Te?filo de Antioquia (morto em 181) testemunhou: "Deus ? percebido pelos que podem v?-lo depois que se lhes abriram os olhos da mente. Todos t?m olhos, mas alguns s? os t?m velados, ficando inaptos para ver a luz solar. Se os cegos n?o v?em, n?o ? porque a luz solar n?o brilhe: a causa est? neles mesmo, em seus olhos."

Para S?o Bas?lio (329-379) "A f? ?, pois, um assentimento dado sem reserva ao que se ouve dizer, na convic??o de ser verdadeiro tudo o que foi proclamado na gra?a de Cristo".

S?o Agostinho revela que o ser humano n?o consegue viver sem acreditar em Deus. Porque "Deus nos ? mais ?ntimo que o nosso ?ntimo". "Deus vive ocultamente na alma". "H? em n?s um homem interior e um homem exterior".

Segundo o Reformador Calvino, (s?culo XVI) – "Todo o ser humano tem o titilar de Deus dentro de si".

O ser humano acredita em Deus. No momento da doen?a se agarra com mais for?a a f? no sobrenatural. N?s crist?os direcionamos a nossa f? para a pessoa de Jesus. Pela nossa f? acreditamos que Ele continua curando qualquer doen?a.

Mas n?s religiosos e cl?rigos n?o somos autorizados para declarar se uma pessoa foi curada ou n?o. N?s n?o podemos dar diagn?sticos como os sacerdotes faziam. A sociedade est? provida de m?dicos e cientistas que s?o agentes de Deus (os sacerdotes de Lev?ticos da Atualidade) para diagnosticar e medicar. ? verdade que os erros m?dicos se agravam no mundo inteiro, mas ainda assim n?o temos autoriza??o legal (nem na Palavra de Deus nem a legisla??o brasileira) para impedir que uma pessoa deixe o tratamento m?dico por causa da f?. Deus cura e ser?o os m?dicos com seus diagn?sticos que mostrar?o a cura operada por Deus. Somente eles devem ter a palavra de diagn?stico final. Isso n?o ? falta de f?. ? para dar testemunho, como Jesus disse ao leproso.

Pior do que qualquer doen?a ? a falta de f?. Quantas pessoas doentes s?o felizes, realizadas e otimistas por causa da f?? E quantas pessoas s?s no corpo est?o doentes na alma? Al?m da cura f?sica est? a paz interior. Muitas vezes, pior do que a doen?a est? a espera desesperada pela cura.Deus cura. Podemos orar por cura, mas nunca desprezando o trabalho m?dico respons?vel.

Conheci v?rias pessoas que pararam o tratamento m?dico por causa da f?, pioraram e acabaram morrendo. Uma senhora sofria de diabete. Simplesmente parou com os medicamentos crendo na cura e morreu em poucos dias. Um jovem em processo de hemodi?lise parou com o tratamento e seu resultado foi ? morte. Um rapaz recusou o tratamento m?dico para a cura da depend?ncia qu?mica (era viciado em removedor de tintas). Fizemos de tudo para intern?-lo numa cl?nica especializada. N?o quis. Disse que Deus iria cur?-lo. Infelizmente tive que fazer o of?cio f?nebre daquele jovem de 25 anos que morreu com overdose.

N?o recuse o tratamento m?dico. N?o deixe um parente seu parar de se tratar. Se for o caso, troque de m?dico ou consiga mais de um diagn?stico, mas n?o pare o tratamento. A f? em Deus n?o te autoriza parar. Deus n?o ? menos Deus por causa da doen?a nem da morte. Ele continua sendo o Senhor. O avivalista pentecostal T.L. Osborn dizia que os m?dicos s?o parceiros de Deus no tratamento do ser humano. V? ao m?dico confiando em Deus. A f? em Deus dar? for?as ao seu organismo. O pensamento positivo e confiante em Deus ? um "santo" rem?dio. Mas nunca substitua os medicamentos sem a autoriza??o de um especialista.

A f? n?o te faz invenc?vel diante das doen?as. Ela te faz confiante no conforto e no consolo de Deus.

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