Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

amor pela vida prof horizontina

 

Profa. Horizontina Mello Canfield, Pastoral Escolar do Colégio Metodista de SBC.

Todos os dias somos bombardeados pelas mídias com uma série de atitudes que demonstram descaso para com a vida. Em outras palavras, é como afirmou um jornalista, diante das últimas notícias, "parece que estamos nos acostumando com tantas mortes". É como se tivéssemos tomado a vacina da indiferença e desinteresse! Mas, onde encontrar, hoje, força e ânimo para pensar a morte e sair dessa indiferença?

Sou cristã e, diante disso, penso a Páscoa como um convite para sonhar com os pés no chão. Sonhar com uma utopia que leva em conta a vida em si mesma, boa, plena e rica em amor entre todos(as). Isso porque a Páscoa traz à tona o tema da morte. O que, nas palavas do teólogo Jürgen Moltmann, quando fala da vida e morte de Jesus diz que: "Aceitamos a brutalidade. Não queremos admitir a miséria dos outros. Evitamos, destarte, sofrer com eles. Perdemos a paixão pela vida. Evitamos os conflitos. A morte se aninha em nós".É como se, na nossa indiferença, a vida fosse se esvaindo porque a luta pela sobrevivência, nesses tempos, transforma-nos em "seres injustos e desumanos". E, se, tempos atrás, faltava amor entre as pessoas, hoje perdemos até o amor pela vida.

Trata-se de, na Páscoa, olhar para Deus com o olhar de quem O sente apaixonado pela vida. A morte de Cristo é transformada em testificação do amor de Deus pela vida diante da morte. É como se Deus quisesse mostrar-nos um exemplo de relacionamento: aquele que, apesar de todo sofrimento e injustiça, apesar das maiores e piores dores, assim mesmo continua amando. Aí está o segredo: Jesus cria vida entre os que sofrem porque os ama e não por causa do grande poder.

A tristeza, a felicidade, a alegria e o sofrimento ensinam-nos que amar é enfrentar os momentos tanto de vida como de morte! O alerta é quando deixamos que as decepções, as amarguras, o individualismo e o medo sejam os parâmetros para os nossos relacionamentos porque, com isso, isolamo-nos e morremos para os outros.

Nesse período de preparação para a Páscoa, amar a vida pode significar não se acostumar, não ficar indiferente, mas expor-se, abrir-se para o(a) outro(a) que sofre, que se angustia e que se sente abandonado(a). Mesmo que corramos riscos, é melhor viver plenamente em amor do que chegar ao final e nos arrependermos por não termos vivido, pois afinal "o que permanece da paixão pela vida é o amor, o ´sim´ apaixonado para a vida e a resistência apaixonada contra a negação da vida. Eis aí o segredo da vida e da morte. A apatia nos quer livrar da morte, mas na verdade nos tira a vida. Espalha entre nós a rigidez da morte. O amor, porém, transforma a vida em paixão e nos dispõe ao sofrimento. A orientação da paixão de Deus e a história do sofrimento de Cristo levam-nos da morte para a vida e nos preservam, a nós e ao mundo, do naufrágio na apatia".


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