Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 27/12/2010

Ano que vai, ano que vem

O que, de fato, termina quando um ano se encerra? A vida das pessoas é feita de muitas etapas, que se somam, resultando em realizações ou frustrações pessoais, profissionais e familiares. O final de um ano e início de outro é sempre uma etapa de avaliação, de retrospectiva. O povo de Deus na Bíblia, muitas vezes, fez esse tipo de “balanço”, para destacar a força da presença divina em cada momento do ano ou da sua história (Sl 78).
Um balanço da vida

No Salmo 124, quem ora afirma que a luta da vida foi muito grande, ao dizer: “Não fosse o Senhor que estivesse ao nosso lado...” (v.1). Para o salmista, apenas a proteção divina pode impedir que as ameaças destruam a vida. Ele se sente livre, depois do desafio, e afirma: “O nosso socorro está em o nome do Senhor, que fez o céu e a terra” (v. 8). Para o orante do Salmo 67, o período das colheitas encerra um ciclo de esperanças e expectativas que tem um final feliz: “A terra deu o seu fruto. E Deus, o nosso Deus, nos abençoa” (v. 6).
Outro momento de avaliação do povo de Deus aconteceu quando, depois de uma luta contra os filisteus, Samuel, profeta e juiz, coloca uma pedra entre as cidades de Mispá e Sem, como um marco do avanço de Israel. Com este gesto, Samuel declara: “Até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Sm 7.12). Os marcos, aliás, são algo muito importante em nossas vidas. Quando atingimos determinada etapa, sonho ou fase da caminhada, é muito comum que esses momentos se tornem marcos para nós. Desta forma, o final de um ano não é, necessariamente, o final de uma etapa, mas a possibilidade do passo seguinte; da revisão das metas; do novo olhar para dentro de nós mesmos; para uma nova aproximação de Deus.

Viver e amadurecer
Com o final de mais um ano, percorremos o caminho da maturidade pessoal, familiar e religiosa. Vivemos um ano muito difícil e cheio de pedras e espinhos. Vimos como a violência entrou nas casas, levando filhos a matar os pais e vice-versa. Vimos conflitos internacionais e demonstrações de poder e subjugo dos povos. Vimos, no caso da nação brasileira, um sentimento de vitória e renovo na posse da nova presidenta.
Mas, por outro lado, presenciamos a continuidade da impunidade pública e a continuação do domínio dos chefões do narcotráfico por toda a parte, apesar das afirmativas em contrário. Todas essas situações podem ser oportunidade de todos/as nós, como sociedade, pararmos para refletir sobre nossa atuação cidadã. Se fizermos isso de forma consciente e libertadora, é possível que o ano de 2011 nos permita escrever linhas mais solidárias, justas e igualitárias... (Jr 29; 31.17; Pr 23.18).
Em síntese, o final do ano é um marco em nossa trajetória. Olhando para trás, podemos aprender com nossas limitações, dúvidas e ansiedades, tornando-nos mais amadurecidos para o ano seguinte (Lm 3.21). Também é preciso fazer prospectivas, projetos para o novo ano que se aproxima.

Expectativas de futuro
O salmo 121 fala das expectativas diante dos desafios apresentados pela vida: “Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro” (v. 1)? Ao iniciar um novo ano, este mesmo conflito se coloca diante de nós. De onde vem a nossa esperança, onde depositamos nossas expectativas? Hoje, porém, as pessoas estão colocando sua confiança sobre outras bases, que não o Senhor, quando pensam em seu futuro. Pesquisas divulgadas em todos os anos nos meios de comunicação afirmam que os/as jovens estão se preocupando primeiro com a segurança do diploma universitário e de uma carreira profissional. Depois vêm os outros fatores, como a constituição de uma família, por exemplo.

O salmista prossegue em sua oração dizendo que o seu socorro vem do Senhor, que é maior do que os montes, porque fez o céu e a terra (v. 2). A esperança precisa estar depositada na fonte correta, para que não se desfaça ou leve ao desengano. A esperança de um futuro melhor não pode estar centrada no eu, tão somente se eu consigo um bom emprego ou um curso superior; mas na soma dessas coisas com a minha fé, minha família e demais valores de uma existência.

E, por fim, essa esperança correta dá coragem para se tornar um peregrino, um caminhante em direção ao local da adoração, em Jerusalém. São diversas as expressões do salmo sobre essa caminhada confiante: “o Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma” (v. 5-7). Entre essas expressões, destaca-se ainda: “... não permitirá que teus pés vacilem” (v. 3). Além do sentido próprio deste texto, também podemos inferir que a presença de Deus em nossa vida nos permite tomar decisões firmes, sem ter que “pisar em ovos” ou percorrer “areia movediça”.
A certeza de que Deus caminha conosco é a grande fonte que alimenta a chama de nossa vida. Assim, o ano que vem não será aguardado com ansiedade e temor, mas com alegre expectativa e regozijante esperança: pois Deus é aquele que te guarda, que guarda a tua saída e a tua entrada em cada ano e em cada decisão, até a chegada final aos portões eternos! (v. 8).

Rev. Otávio Júlio Torres
Igreja Metodista em Caguases, MG, 4ª Região
www.sofiaeteo.blogspot.com


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