8 de Mar?o: conquistas e controv?rsias
Por Eva Alterman Blay, abril de 2004
O Dia Internacional da Mulher foi proposto por Clara Zetkin em 1910 no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas. Nos anos posteriores a 1970 este Dia passou a ser associado a um inc?ndio que ocorreu
O dia 8 de mar?o ? dedicado ? comemora??o do Dia Internacional da Mulher. Atualmente tornou-se uma data um tanto festiva, com flores e bombons para uns. Para outros ? relembrada sua origem marcada por fortes movimentos de reivindica??o pol?tica, trabalhista, greves, passeatas e muita persegui??o policial. ? uma data que simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferen?as biol?gicas sejam respeitadas mas n?o sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher.
As mulheres faziam parte das “classes perigosas”
No s?culo XIX e no in?cio do XX, nos pa?ses que se industrializavam, o trabalho fabril era realizado por homens, mulheres e crian?as, em jornadas de 12, 14 horas, em semanas de seis dias inteiros e freq?entemente incluindo as manh?s de domingo. Os sal?rios eram de fome, havia terr?veis condi?es nos locais da produ??o e os propriet?rios tratavam as reivindica?es dos trabalhadores como uma afronta, oper?rias e oper?rios considerados como as “classes perigosas”. Sucediam-se as manifesta?es de trabalhadores, por melhores sal?rios, pela redu??o das jornadas e pela proibi??o do trabalho infantil.
A cada conquista, o movimento oper?rio iniciava outra fase de reivindica?es, mas em nenhum momento, at? por volta de
Subjacente aos grandes movimentos sindicais e pol?ticos emergiam outros, construtores de uma nova consci?ncia do papel da mulher como trabalhadora e cidad?. Clara Zetkin, Alexandra Kollontai, Clara Lemlich, Emma Goldman, Simone Weil e outras militantes dedicaram suas vidas ao que posteriormente se tornou o movimento feminista.
Clara Zetkin prop?s o Dia Internacional da Mulher
Clara Zetkin (1857-1933), alem?, membro do Partido Comunista Alem?o, deputada em 1920, militava junto ao movimento oper?rio e se dedicava ? conscientiza??
L?deres do movimento comunista como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai ou anarquistas como Emma Goldman lutavam pelos direitos das mulheres trabalhadoras, mas o direito ao voto as dividia: Emma Goldman afirmava que o direito ao voto n?o alteraria a condi??o feminina se a mulher n?o modificasse sua pr?pria consci?ncia.
Ao participar do II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagem, em 1910, Clara Zetkin prop?s a cria??o de um Dia Internacional da Mulher sem definir uma data precisa.. Contudo, v?-se erroneamente afirmado no Brasil e em alguns pa?ses da Am?rica Latina que Clara teria proposto o 8 de Mar?o para lembrar oper?rias mortas num inc?ndio
O movimento oper?rio nos Estados Unidos
Assim como na Europa, era intenso o movimento trabalhador nos Estados Unidos desde a segunda metade do s?culo XIX, sobretudo nos setores da produ??o mineira e ferrovi?ria e no de tecelagem e vestu?rio.
A emergente economia industrial norte-americana, muito inst?vel, era marcada por crises. Nesse contexto, em 1903 formou-se, pela a??o de sufragistas e de profissionais liberais, a Women's Trade Union League para organizar trabalhadoras assalariadas. Com as crises industriais de 1907 e 1909 reduziu-se o sal?rio dos trabalhadores, e a oferta de m?o-de-obra era imensa, dada a numerosa imigra??o proveniente da Europa. Grande parte dos oper?rios e oper?rias era de imigrantes judeus, muitos com um passado de milit?ncia pol?tica.
No ?ltimo domingo de fevereiro de 1908, mulheres socialistas dos Estados Unidos fizeram uma manifesta??o a que chamaram Dia da Mulher, reivindicando o direito ao voto e melhores condi?es de trabalho. No ano seguinte, em Manhatan, o Dia da Mulher reuniu 2 mil pessoas.
Problemas muito conhecidos do operariado latino-americano impeliam trabalhadores e trabalhadoras a aderir ?s manifesta?es p?blicas por sal?rios e pela redu??o do hor?rio de trabalho. Embora o setor industrial tivesse algumas grandes empresas, predominavam as pequenas, o que dificultava a agrega??o e unicidade das reivindica?es. O movimento por uma organiza??o sindical era intenso e liderado no setor de confec?es e vestu?rio por trabalhadores judeus com experi?ncia pol?tica sindical, especialmente da Uni?o Geral dos Trabalhadores Judeus da R?ssia e da Pol?nia (Der Alguemayner Yiddisher Arbeterbund in Russland un Poyln – BUND).
Para desmobilizar o apelo das organiza?es e controlar a perman?ncia dos trabalhadores/
Uma das f?bricas, a Triangle Shirtwaist Company (Companhia de Blusas Tri?ngulo), para se contrapor ? organiza??o da categoria, criou um sindicato interno para seus trabalhadores/
Uma greve geral come?ou a ser considerada pelo presidente da Associa??o dos Trabalhadores Hebreus, Bernardo Weinstein, sempre com o objetivo de melhorar as condi?es de trabalho da ind?stria de roupas. A id?ia se espalhou e, em 22 de novembro de 1909, organizou-se uma grande reuni?o na Associa??o dos Tanoeiros liderada por Benjamin Feigenbaum e pelo Forward. A situa??o era extremamente tensa e, durante a reuni?o, subitamente uma adolescente, baixa, magra, se levantou e pediu a palavra: “Estou cansada de ouvir oradores falarem em termos gerais. Estamos aqui para decidir se entramos em greve ou n?o. Proponho que seja declarada uma greve geral agora!” . A plat?ia apoiou de p? a mo??o da jovem Clara Lemlich.
Pol?tica e etnia
No movimento dos trabalhadores as rela?es ?tnicas tinham peso fundamental, raz?o pela qual, para garantir um compromisso com a greve, Feigenbaum usou um argumento de extraordin?ria import?ncia religiosa para os judeus. Ele perguntou ? assembl?ia: “Voc?s se comprometer?o com o velho mandamento judaico?” Uma centena de m?os se ergueram e todos gritaram: “Se eu esquecer de v?s, ? Jerusal?m, que eu perca minha m?o direita”. Era um juramento de que n?o furariam a greve.
Cerca de 15 mil trabalhadores do vestu?rio, a maioria mo?as, entraram em greve, provocando o fechamento de mais de 500 f?bricas. Jovens oper?rias italianas aderiram, houve pris?es, tentativas de contratar novas trabalhadoras, o que tornou o clima muito tenso. A dire??o da greve ficou com a Associa??o dos Trabalhadores Hebreus e com o Sindicato Internacional de Trabalhadores na Confec??o de Roupas de Senhoras (International Ladies' Garment Workers' Union – ILGWU).
? medida que as grandes empresas cederam algumas reivindica?es, a greve foi se esvaziando e se encerrou em 15 de fevereiro de 1910 depois de 13 semanas.
O inc?ndio
Pouco tinha sido alterado, sobretudo nas f?bricas de pequeno e m?dio porte, e os movimentos reivindicat?rios retornaram. A rea??o dos propriet?rios repetia-se: portas fechadas durante o expediente, rel?gios cobertos, controle total, baix?ssimos sal?rios, longas jornadas de trabalho.
O dia 25 de mar?o de 1911 era um s?bado, e ?s 5 horas da tarde, quando todos trabalhavam, irrompeu um grande inc?ndio na Triangle Shirtwaist Company, que se localizava na esquina da Rua Greene com a Washington Place. A Triangle ocupava os tr?s ?ltimos de um pr?dio de dez andares. O ch?o e as divis?rias eram de madeira, havia grande quantidade de tecidos e retalhos, e a instala??o el?trica era prec?ria. Na hora do inc?ndio, algumas portas da f?brica estavam fechadas. Tudo contribu?a para que o fogo se propagasse rapidamente.
A Triangle empregava 600 trabalhadores e trabalhadoras, a maioria mulheres imigrantes judias e italianas, jovens de
Morreram 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, na maioria judeus.
A como??o foi imensa. No dia 5 de abril houve um grande funeral coletivo que se transformou numa demonstra??o trabalhadora. Apesar da chuva, cerca de 100 mil pessoas acompanharam o enterro pelas ruas do Lower East Side. No Cooper Union falou Morris Hillquit e no Metropolitan Opera House, o rabino reformista Stephen Wise.
A trag?dia teve conseq??ncias para as condi?es de seguran?a no trabalho e sobretudo serviu para fortalecer o ILGWU.
Para autores como Sanders, todo o processo, desde a greve de 1909, mais o drama do inc?ndio da Triangle, acabou fortalecendo o reconhecimento dos sindicatos. O ILGWU, de conota??o socialista e um dos bra?os mais 'radicais' do American Federation of Labour (AFL), se tornou o maior e mais forte dos Estados Unidos naquele momento.
Atualmente no local onde se deu o inc?ndio foi constru?da a Universidade de Nova Iorque . Uma placa, lembrando o terr?vel epis?dio, foi l? colocada:
“Neste lugar, em 25 de mar?o de 1911, 146 trabalhadores perderam suas vidas no inc?ndio da Companhia de Blusas Triangle. Deste mart?rio resultaram novos conceitos de responsabilidade social e legisla??o do trabalho que ajudaram a tornar as condi?es de trabalho as melhores do mundo (ILGWU)”.
Mulheres e movimentos sociais
No s?culo XX, as mulheres trabalhadoras continuaram a se manifestar em v?rias partes do mundo: Nova Iorque, Berlim, Viena (1911); S?o Petersburgo (1913). Causas e datas variavam. Em 1915, Alexandra Kollontai organizou uma reuni?o em Cristiana, perto de Oslo, contra a guerra. Nesse mesmo ano, Clara Zetkin faz uma confer?ncia sobre a mulher. Em 8 de mar?o 1917 (23 de fevereiro no Calend?rio Juliano), trabalhadoras russas do setor de tecelagem entraram em greve e pediram apoio aos metal?rgicos. Para Trotski esta teria sido uma greve espont?nea, n?o organizada, e teria sido o primeiro momento da Revolu??o de Outubro.
Na d?cada de 60, o 8 de Mar?o foi sendo constantemente escolhido como o dia comemorativo da mulher e se consagrou nas d?cadas seguintes. Certamente esta escolha n?o ocorreu em conseq??ncia do inc?ndio na Triangle, embora este fato tenha se somado ? sucess?o de enormes problemas das trabalhadoras em seus locais de trabalho, na vida sindical e nas persegui?es decorrentes de justas reivindica?es.
Lenin: o que importava era a pol?tica de massas e n?o o direito das mulheres
Mulheres e homens jovens tinham muitas outras preocupa?es al?m das quest?es trabalhistas e do sistema pol?tico. Nem sempre a lideran?a comunista entendia essas necessidades, como foi o caso de Lenin e de muitos outros l?deres.
Para alcan?ar este objetivo, afirmava ele, era necess?rio discutir exclusivamente os problemas pol?ticos e n?o perder tempo com aquelas discuss?es que os jovens trabalhadores traziam para os grupos pol?ticos, como casamento e sexo. Lenin estendia suas cr?ticas ao trabalho de Rosa Luxemburgo com prostitutas: “Ser? que Rosa Luxemburgo n?o encontrava trabalhadores para discutir, era necess?rio buscar as prostitutas?”
Esta vis?o de Lenin fez escola na esquerda. A experi?ncia do 'amor livre' nos primeiros anos p?s-Revolu??o trouxe enormes conflitos que levaram ? restaura??o do sistema de fam?lia regulamentado pelo contrato civil. Temas relativos ao corpo, ? sexualidade, ? reprodu??o humana, rela??o afetiva entre homens e mulheres, aborto, s? foram retomados 40 anos mais tarde pelo movimento feminista.
O 8 de Mar?o no Brasil
No Brasil v?-se repetir a cada ano a associa??o entre o Dia Internacional da Mulher e o inc?ndio na Triangle quando na verdade Clara Zetkin o tenha proposto em 1910, um ano antes do inc?ndio. ? muito prov?vel que o sacrif?cio das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imagin?rio coletivo da luta das mulheres. Mas o processo de institui??o de um Dia Internacional da Mulher j? vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e europ?ias h? algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin.
Nas primeiras d?cadas do s?culo XX, o grande tema pol?tico foi a reivindica??o do direito ao voto feminino. Berta Lutz, a grande l?der sufragista brasileira, aglutinou um grupo de mulheres da burguesia para divulgar a demanda. Ousadas, espalharam de avi?o panfletos sobre o Rio de Janeiro, pedindo o voto feminino, no in?cio dos anos 20! Pressionaram deputados federais e senadores e se dirigiram ao presidente Get?lio Vargas. Afinal, o direito ao voto feminino foi concedido em 1933 por ele e garantido na Constitui??o de 1934. Mas s? veio a ser posto em pr?tica com a queda da ditadura getulista – s? ent?o foram restabelecidas as elei?es – , e as mulheres brasileiras votaram pela primeira vez em 1945.
Em 1901, as oper?rias, que juntamente com as crian?as constitu?am 72,74% da m?o-de-obra do setor t?xtil, denunciavam que ganhavam muito menos do que os homens e faziam a mesma tarefa, trabalhavam de
Os jornais oper?rios, especialmente os anarquistas, reproduziam suas reclama?es contra a falta de higiene nas f?bricas, o ass?dio sexual, as p?ssimas condi?es de trabalho, a falta de pagamento de horas extras, um sem n?mero de abusos. Para os militantes oper?rios, a f?brica era um local onde as mulheres facilmente se prostitu?am, da? reivindicarem a volta das mulheres para casa. Patr?es, chefes e empregados partilhavam dos mesmos valores: olhavam as trabalhadoras como prostitutas.
Entre as militantes das classes mais altas, a desqualifica??
Como as anarquistas americanas e europ?ias, as brasileiras (imigrantes ou n?o) defendiam a luta de classes mas tamb?m o div?rcio e o amor livre, como escrevia A Voz do Trabalhador de 1? de fevereiro de 1915: “Num mundo em que mulheres e homens desfrutassem de condi?es de igualdade… Vivem juntos porque se querem, se estimam no mais puro, belo e desinteressado sentimento de amor”.
A distin??o entre anarquistas e comunistas foi fatal para uma eventual alian?a: enquanto as comunistas lutavam pela implanta??o da “ditadura do proletariado”, as anarquistas acreditavam que o sistema partid?rio reproduziria as rela?es de poder, social e sexualmente hierarquizadas.
No PC a diferencia??o de g?nero continuava marcante: as mulheres se encarregavam das tarefas 'femininas' na vida quotidiana do Partido. Extremamente ativas, desenvolveram a?es externas de organiza??o sem ocupar qualquer cargo importante na hierarquia partid?ria. Atuavam, por exemplo, junto a crian?as das favelas ou dos corti?os, organizavam col?nias de f?rias, supondo que poderiam ensinar ?s crian?as novos valores.
Zuleika Alembert, a primeira mulher a fazer parte da alta hierarquia do PC, eleita deputada estadual por S?o Paulo em 1945, foi expulsa do Partido quando fez cr?ticas feministas denunciando a sujei??o da mulher em seu pr?prio partido.
O feminismo dos anos 60 e 70 veio abalar a hierarquia de g?nero dentro da esquerda. A luta das mulheres contra a ditadura de 1964 uniu, provisoriamente, as feministas e as que se autodenominavam membros do 'movimento de mulheres'. A uni-las, contra os militares, havia uma data: o 8 de Mar?o. A comemora??o ocorria atrav?s da luta pelo retorno da democracia, de den?ncias sobre pris?es arbitr?rias, desaparecimentos pol?ticos.
A consagra??o do direito de manifesta??o p?blica veio com o apoio internacional – a ONU instituiu, em 1975, o 8 de Mar?o como o Dia Internacional da Mulher.
Entrou-se numa nova etapa do feminismo. Mas velhos preconceitos permaneceram nas entrelinhas. Um deles talvez seja a confusa hist?ria propalada do 8 de Mar?o, em que um antiamericanismo apagava a luta de tantas mulheres, obscurecendo at? mesmo suas origens ?tnicas.
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- Rago, Margareth. Do cabar? ao lar: a utopia da cidade disciplinar. 1890-1930. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Dados biogr?ficos da Autora
Eva Alterman Blay: Prof? Titular de Sociologia da Universidade de S?o Paulo. Coordenadora Cient?fica do NEMGE (N?cleo de estudos da Mulher e Rela?es Sociais de G?nero) da USP. Autora de Trabalho Domesticado – a mulher na ind?stria paulista (?tica, 1978); As Prefeitas, Avenir (s/d), e outros livros e artigos sobre g?nero, habita??o oper?ria, participa??o pol?tica. Foi Senadora da Rep?blica entre 1992/1994.