brigas conjugais fazem mal ao coração



Tara Parker-Pope

Discutir ? uma parte inevit?vel da vida de um casal. Agora, entretanto, os pesquisadores est?o colocando a briga conjugal sob o microsc?pio, para ver se a forma como a pessoa briga com seu c?njuge pode afetar sua sa?de.

Estudos recentes mostram que a freq??ncia e o assunto das brigas dos casais, em geral, n?o importam. Em vez disso, s?o as nuances das intera?es entre homens e mulheres e como reagem e resolvem o conflito que parecem fazer uma diferen?a significativa na sa?de do casamento e do casal.

Em um estudo, perguntou-se a quase 4.000 homens e mulheres de Framingham, Massachusetts, se ventilavam seus sentimentos ou ficavam quietos nas discuss?es com seus c?njuges. Notavelmente, 32% dos homens e 23% das mulheres disseram que, em geral, engoliam seus sentimentos durante uma briga conjugal.

Manter o sil?ncio em uma briga n?o provocou efeito mensur?vel na sa?de dos homens. Mas as mulheres que n?o se expressavam nas brigas apresentaram quatro vezes mais chance de morrer durante o per?odo de 10 anos do estudo, assim como mulheres que n?o diziam aos seus maridos como se sentiam, de acordo com artigo publicado em julho na Psychosomatic Medicine. O fato de a mulher declarar estar em um casamento feliz ou infeliz n?o mudava seu risco.

A tend?ncia de engolir sentimentos durante uma briga ? chamada de auto-silenciamento. Para os homens, pode ser simplesmente uma decis?o calculada e inofensiva de manter a paz. Mas quando as mulheres ficam quietas, isso tem um pre?o f?sico surpreendente.

“Quando voc? suprime a comunica??o e os sentimentos durante o conflito com o marido, faz algo muito negativo com sua fisiologia e, no longo prazo, afeta sua sa?de”, disse Elaine Eaker, epidemiologista em Gaithersburg, Maryland, principal autora do estudo. “Isso n?o significa que as mulheres devem come?ar a jogar pratos nos maridos, mas ? preciso haver um ambiente seguro, em que os dois possam se comunicar igualmente.”

Outros estudos chefiados por Dana Crowley Jack, professora de estudos interdisciplinares na Universidade Western Washington em Bellingham, Washington, ligaram o auto-silenciamento a in?meros riscos psicol?gicos e f?sicos, inclusive depress?o, dist?rbios alimentares e doen?a card?aca.

Manter o sil?ncio durante uma briga com um c?njuge ? algo “que todos temos que fazer algumas vezes”, disse Jack. “Mas nos preocupamos com as pessoas que o fazem em uma forma mais extrema.”

O tom que os homens e mulheres assumem durante as discuss?es com um c?njuge tamb?m pode afetar sua a sa?de. Pesquisadores do Utah filmaram 150 casais para medir o efeito que o estilo da discuss?o conjugal tinha sobre o risco card?aco. Os participantes tinham quase 60 anos, estavam casados em m?dia por mais de 30 anos e n?o tinham sinais de doen?a card?aca. Os casais receberam assuntos estressantes para discutir, como dinheiro e tarefas dom?sticas, e os coment?rios feitos durante as discuss?es que se seguiram foram categorizados como calorosos, hostis, controladores ou submissos. Os participantes tamb?m passaram por avalia?es card?acas para medir o c?lcio na art?ria coron?ria, indicador de risco de doen?a card?aca.

Os pesquisadores descobriram que o estilo de briga detectado nas sess?es de v?deo era uma forma poderosa de prever risco de doen?a card?aca subjacente. De fato, a forma como o casal interagia era t?o importante como fator de risco card?aco quanto se fumavam ou se tinham altos n?veis de colesterol, disse Timothy W. Smith, professor de psicologia da Universidade de Utah, que apresentou o estudo no ano passado ? Sociedade Psicossom?tica Americana.

Para as mulheres, se o estilo de discuss?o do marido era caloroso ou hostil tinha maior efeito na sa?de card?aca delas. Smith observou que, em uma briga sobre dinheiro, por exemplo, um homem dizia: “Voc? conseguiu passar em matem?tica na escola?”

Enquanto outro dizia: “Ainda bem que, mesmo n?o sendo t?o boa no controle do livro de cheques, voc? ? boa em outras coisas.” Nas duas trocas, o marido estava criticando as habilidades de gerenciamento de dinheiro da mulher, mas o segundo coment?rio envolvia certa afetividade. No estudo, um estilo carinhoso de discuss?o por qualquer um dos dois diminuiu o risco da mulher desenvolver doen?a card?aca.

O estilo de discuss?o afetou homens e mulheres diferentemente. O n?vel de calor ou hostilidade n?o teve efeito na sa?de card?aca dos homens. Para eles, o efeito na sa?de surgia se, na discord?ncia com a mulher, houvesse uma batalha por controle. E n?o importava se era ele ou a mulher quem fizesse os coment?rios controladores. Um exemplo de um estilo de discuss?o controlador apareceu em um v?deo de um homem que discutia com sua mulher sobre dinheiro: “Voc? realmente deveria me ouvir nisso”, disse a ela.

O que ? particularmente not?vel sobre o estudo ? que homens e mulheres preencheram question?rios sobre a qualidade de seus relacionamentos, mas suas respostas n?o foram boas para prever o risco cardiovascular. A diferen?a no risco apresentou-se apenas quando a qualidade do estilo de briga do casal foi avaliada.

“Os desacordos em um casamento s?o inevit?veis, mas (o que faz diferen?a) ? como voc? se conduz”, disse Smith. “Voc? consegue discutir de uma forma que suas preocupa?es s?o abordadas, mas sem causar danos ao mesmo tempo? Essa n?o ? uma meta f?cil para alguns casais.”

Tradu??o: Deborah Weinberg


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