Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

carta a lula integra


Porque muitas são as suas transgressões e graves os seus pecados: afligem aos justos! aceitamsuborno e negam o direito dos necessitados!

Amós 5

Senhor Presidente Luis Inácio Lula da Silva,

A sociedade brasileira acaba de sofrer pelo menos dois atos de violência no dia 13 de dezembro de 2006.

Violências estruturais e históricas que se atualizam no cotidiano bárbaro das elites empresariais brasileiras contra 300 indígenas Tupinikim e Guarani no Espírito Santo e a violência da omissão e da morosidade do Estado brasileiro e suas autoridades e agências em garantir a integridade de vida e dos territórios das populações tradicionais.

A CPT tem o dever e a missão de exigir das autoridades brasileiras rápidas e enérgicas providências no sentido de estabelecer a segurança dos brasileiros e brasileiras mais pobres contra os desmandos e arrogância destrutiva dos setores empresariais que se acham os garantidores da vida nacional quando, na verdade, são movidos pelos interesses do capital internacional e pela reprodução de seus privilégios.

A produção e a segurança nacional, senhor Presidente, têm sido construção diária das maiorias pobres desse país, suas organizações e seus movimentos contra a ação predatória de elites empresariais que praticam a pirataria ambiental, social e dos recursos públicos em detrimento dos reais interesses da população brasileira.

O "potencial de qualidade" que as empresas dizem ter atingido, junto com a propalada contribuição ao equilíbrio da balança comercial e à geração de empregos, não passam de truques utilizados para influenciar e controlar setores do judiciário e da mídia. A "segurança de uma democracia responsável" tem sido usada como elemento desestabilizador do processo democrático vivido pelas bases na luta por garantir sua sobrevivência. Setores empresariais tem sido "arruaceiros e criminosos" pois devoram a terra e água com homens e mulheres e seus modos de vida gerando desemprego, exclusão social, marginalidade, insegurança alimentar e envio de riquezas socialmente produzidas no Brasil para o exterior. Estes são os entraves reais da economia brasileira

A Aracruz Celulose está ocupando indevidamente terras indígenas e quilombolas. Não é o primeiro crime do setor empresarial... e infelizmente não será o último. São atos que se constituem em desafios à autoridade do Governo Federal, de modo especial à liderança do Presidente. Apesar de seu governo, senhorPresidente, ter oferecido um tratamento político privilegiado para estes setores da elite violenta brasileira que se nega a pensar e construir o país de modo efetivo e democrático a partir das necessidades, dos interesses e das propostas das maiorias, temos confiança em que não irá admitir o desrespeito à ordem constituída.

Esperamos que seu governo, de maneira firme e pronta, vá acionar os mecanismos de proteção efetiva dos direitos de Tupinikins e Guaranis no Espírito Santo e vá restabelecer a liberdade de manifestação de trabalhadores e povos tradicionais contra a desordem das elites do capital, que não têm demonstrado capacidade para o exercício democrático, não são motivados por valores de inclusão e de partilha e são completamente incapazes do respeito à vida e seus seres, dom de Deus.

Esperamos ainda, que seu governo garanta os espaços reais de discussão, negociação e planejamento como exercício político real de estabelecimento de políticas de vida para todos e todas. O projeto de desenvolvimento para o Brasil terá que ser discutido e implementado por toda a sociedade organizada, senhor Presidente, com a participação ativa dos pobres e suas organizações.

Não pelos seus cabelos brancos, senhor Presidente, nem pela sua história pessoal política, mas em nome da história e da luta dos milhões de brasileiros e brasileiras pobres - os preferidos de Deus - é que a CPT pede e exige a imediata punição da empresa Aracruz por posse indevida de território e pronto restabelecimento do direito sagrado à terra Tupinikim e Guarani.

Buscai a Deus e Vivei!

Não busqueis nos santuários nem nos palácios porque os projetos deles é fogo que leva à destruição. Eles convertem a justiça em migalhas e pisoteiam sobre a justiça! Buscai a Deus que destrói o projeto dos fortes e traz ruína sobre a fortaleza. Contra aqueles que odeiam os que fazem profecia e abominam os que falam a verdade! Pisam o pobre, roubam a terra e seus frutos, constroem suas moradas maravilhosas... seus projetos serão frustrados!Porque muitas são as suas transgressões e graves os seus pecados: afligem aos justos! aceitamsuborno e negam o direito dos necessitados!

Ai de vós!

baseado na profecia de Amós capítulo 5, versículos 4 a 12

Dom Xavier Gilles

Presidente da CPT

Goiânia, 15 de dezembro de 2006

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

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