Fonte: ALC Not?cias
Setores da comunidade mu?ulmana internacional pediram ? Santa S? que esclare?a a posi??o em rela??o ao Isl?, depois de se sentirem afetados pelas afirma?es do papa Bento XVI, que, durante visita a Alemanha, afirmou que a viol?ncia da jihad (guerra santa) ? “algo irracional”.
L?deres isl?micos exigiram que o chefe da Igreja Cat?lica se desculpe por esses coment?rios, que consideraram ofensivos. A queixa faz men??o ao discurso que Bento XVI pronunciou na ter?a-feira, 12, na Universidade de Regensburg, sua terra natal.
O diretor do Departamento de Imprensa da Santa S?, padre Federico Lombardi, divulgou a resposta do Vaticano ?s cr?ticas dos l?deres isl?micos. A resposta assinala que uma leitura clara do texto permite observar que “o que interessa ao Santo Padre ? uma rejei??o clara e radical da motiva??o religiosa da viol?ncia”.
A vontade do Sumo Pont?fice ? especificada na ?ltima declara??o que fecha a mensagem: “Portanto, fica clara a vontade do Santo Padre de cultivar uma atitude de respeito e di?logo para as outras religi?es e culturas, evidentemente tamb?m para o Isl?”.
A origem da pol?mica: trecho da palestra proferida pelo Papa na Alemanha
Fonte: Deutsche Welle
Durante sua visita ? Baviera, Bento 16 encontrou-se na ?ltima ter?a-feira (12/09) com cerca de 1500 representantes da ?rea cient?fica no audit?rio da Universidade de Regensburg, onde proferiu uma palestra intitulada “F?, raz?o e universidade -lembran?as e reflex?es”.
No papel do te?logo Joseph Ratzinger, o papa come?ou a exposi??o falando sobre os tempos em que atuou na Universidade de Bonn, e do contato que manteve na ?poca com professores de outras disciplinas, al?m dos de Teologia. Ele lembrou que, apesar de haver casos de “ceticismo radical” em rela??o ?s faculdades de Teologia, “por tratarem de algo que n?o existe – Deus”, nunca se duvidou na universidade de que era necess?rio e sensato questionar a exist?ncia de Deus atrav?s da raz?o e de fazer isso considerando a tradi??o da f? crist?.
Em seguida, ele proferiu o seguinte trecho pol?mico de sua palestra (em tradu??o livre, a partir do texto original em alem?o, publicado no site do Vaticano):
“Tudo isso novamente me veio ? mente, quando, h? pouco, li a parte do di?logo que o s?bio imperador bizantino Manuel II Palaeologos manteve em 1391, na resid?ncia de inverno em Ancara com um estudioso persa sobre o cristianismo e o isl? e ambas as verdades, e que foi editado pelo te?logo Theodore Khoury (M?nster). O imperador provavelmente anotou o di?logo durante a ocupa??o de Constantinopla entre 1394 e 1402; assim se entende porque suas explica?es s?o muito mais minuciosas do que as de seu interlocutor persa.
O di?logo abrange todo o espectro da estrutura??o da f? descrita pela B?blia e pelo Cor?o e gira em torno da imagem de Deus e do ser humano, mas tamb?m sempre necessariamente em torno da rela??o das chamadas “tr?s leis” ou “tr?s ordens de vida”: Antigo Testamento – Novo Testamento – Cor?o.
Aqui, nesta palestra, n?o desejo tratar disso, apenas tocar num ponto marginal da constru??o do di?logo, que, em rela??o ao tema f? e raz?o, me fascinou e que serve de ponto de partida para minhas reflex?es sobre este tema.
Na s?tima parte das conversa?es (Controversas), editada pelo professor Khoury, o imperador aborda o tema do Jihad, da guerra santa. O imperador sabia, certamente, que na Sura [capitulo do Cor?o] 2, 256 est? escrito: Nenhuma coa??o em coisas da religi?o – trata-se de uma das mais antigas Suras, como os peritos nos dizem, da ?poca em que o pr?prio Maom? ainda era impotente e amea?ado.
Mas o imperador naturalmente conhecia tamb?m a determina??o escrita no Cor?o – surgida mais tarde – sobre a guerra santa. Sem entrar em detalhes, como o tratamento diferenciado de “detentores da escrita” e “incr?dulos”, ele se dirige de forma brusca ao seu interlocutor, surpreendentemente brusca para n?s, simplesmente com a quest?o central da rela??o entre religi?o e viol?ncia: “Mostre-me ent?o, o que Maom? trouxe de novo, e ali s? encontrar?s coisas m?s e desumanas, como esta, de que ele determinou, que se propague atrav?s da espada a f? que ele prega”.
Ap?s ter atacado deste jeito, o imperador argumenta, ent?o, pormenorizadamente, por que a propaga??o da f? atrav?s da viol?ncia ? absurda. Ela est? em contradi??o com a ess?ncia de Deus e da alma. “Deus n?o tem prazer no sangue”, diz ele, “e agir de forma irracional contraria a ess?ncia de Deus. A f? ? fruto da alma, n?o do corpo. Quem, portanto, pretende conduzir algu?m ? f?, precisa da habilidade do bom discurso e de um racioc?nio correto, mas n?o de viol?ncia e amea?a… Para convencer uma alma sensata, necessita-se n?o de seu bra?o, n?o de instrumentos de agress?o nem de outros meios pelos quais se pode amea?ar algu?m de morte …”
A frase decisiva nesta argumenta??o contra a convers?o pela viol?ncia ?: agir de forma insensata contraria a ess?ncia de Deus”.