Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Deus que é mãe e pai

Deus que é Pai e Mãe

Uma imagem fala mais que mil palavras... Sinta essa imagem...

Para uma mulher criada por uma mãe que cumpriu o papel do pai ausente para quatro filhas, essa imagem é de fazer chorar.

Como tantas meninas, meu referencial de pai veio de minha mãe, uma mulher cujo nome também é Maria - Josefa Maria - Maria, como eu e como a mãe de Jesus.

Quando criança, recordo o martírio que eram os festejos do "Dia dos Pais" na escola e na igreja. Com o tempo me chegou a Bíblia e com ela o entendimento de Deus, não apenas como Pai, mas como Mãe. Na adolescência me lembro do Deus da Bíblia que como, uma uma galinha, acolhia seus pintainhos sob as asas... (Mateus 23:37). Eu adorava ouvir essa passagem da Bíblia. Saía da igreja me sentindo filha de um Deus que me amava e me cuidava igualzinho minha mãe. Tenho certeza que veio daí minha confiança no Deus do cristianismo. Não poderia confiar num Deus apenas macho, como meu pai. Tinha aprendido que o pai abandonava suas filhas, que não cuidava delas. Antes de conhecer o Deus-mãe, isso com 11 anos, havia decidido não casar, nem ter filhos. Era pé no chão, não iria correr riscos.

Quando vejo a abominação que alguns religiosos têm da imagem de Deus como Mãe, essas lembranças voltam. Felizmente tenho as lembranças do encontro com o Deus-Mãe. Todavia me preocupam as meninas que ainda não o encontraram. Quantas ainda têm a figura do pai violento que as abusam ou abusaram sexualmente? Dos que as abandonaram? Dos que dizem que elas não prestam para nada? Dos que a renegaram no nascimento por serem meninas e não meninos?

Minha mãe, uma mulher simples, sem estudo e que nos criou trabalhando de boa-fria, conta que no meu nascimento  e de minhas irmãs, nosso pai ao chegar em casa e constatar que não éramos meninos, diziam que podíamos ter nascido mortas. Ele não era uma pessoa má, era pobre, ignorante e machista. O fato é que crescemos com essa carga de rejeição paterna e não fomos as primeiras nem as únicas. O mundo está cheio de meninas cujo sentido de um Deus só significa quando ele se revela na figura de mãe.

Enquanto religiosos insistem na figura exclusivamente masculina de Deus, meninas e mulheres, meninos e homens permanecem órfãos; mesmo que muitos nem tenham consciência disso.

Quer aceitem ou não os religiosos, a essência materna está impregnada na raça humana. Os que renegam esse fato demonstram falência de capacidade de anunciar um Deus que é masculino e feminino. O lado feminino de Deus remete ao afago de mãe que consola, cuida e perdoa até mesmo aos maiores pecados que cometemos.

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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Coordenadora da Spiritual care Consultoria.


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