Pax, paix, pace, paz; do latim ?s l?nguas neolatinas; eirene, shalom, respectivamente grego e hebraico, e, em todas as l?nguas e dialetos, P A Z ? o voc?bulo que expressa a realidade ardentemente almejada por todos os povos, em todos os tempos; dos indiv?duos ?s fam?lias, das tribos ?s na?es. O eterno conflito humano remonta a tempos imemoriais, desde o alvorecer da presen?a humana na terra, em conson?ncia com a narrativa b?blica: Caim tirou a vida de Abel (Gn 4.8-9).
Examinando a Hist?ria, constatamos que os grandes imp?rios: o Eg?pcio, Ass?rio, Babil?nico, Persa, Grego, o Imp?rio Romano e at? os do s?culo XX, todos se envolveram em guerras sangrentas acompanhadas do insepar?vel s?quito de corrup??o, imoralidade e mentiras, sinalizando o decl?nio de sua hegemonia, e consequente desaparecimento.
Nos ?ltimos seis mil anos 14 mil guerras macularam a caminhada da "civiliza??o".
No ?ltimo s?culo, o mais violento de todos, foram travadas duas guerras mundiais, o Oriente M?dio foi palco de conflitos permanentes e o continente africano, em flagrante desrespeito ?s conven?es internacionais, tem sido selvagem campo de batalhas, sem tr?guas e sem armist?cio.
A Segunda Grande Guerra Mundial (1939-45) envolveu 72 pa?ses, mobilizou 110 milh?es de homens e mulheres e deixou um saldo catastr?fico de, aproximadamente, 55milh?es de mortos, 35 milh?es de feridos, 28 milh?es de mutilados, 20 milh?es de crian?as ?rf?os e 19 milh?es de refugiados. As duas bombas at?micas lan?adas pelos Estados Unidos, em agosto de 1945, provocaram o holocausto de Hiroshima e Nagakaki, no Jap?o.
Ao terminar esta guerra, os l?deres mundiais reuniram-se e, em nome dos sobreviventes, criaram a Organiza??o das Na?es Unidas (ONU) com o prop?sito de evitar novas guerras e impedir, pelo menos por cem anos, a eclos?o de conflitos entre os povos. Debalde! Frustrados foram tais prop?sitos! Poucos anos ap?s, o rastilho da disc?rdia e da viol?ncia reiniciou pavoroso inc?ndio em v?rias partes do mundo: houve as guerras da Indochina, da Coreia, da Arg?lia, coloniais, na ?frica, do Vietnam, do Yom Kippur, do Timor Leste, Ir?-Iraque, Falklands, do Golfo, dos Balc?s, Afganist?o e a atual e famigerada guerra do Iraque, cujo fim ? de imposs?vel previs?o.
Atualmente, os arsenais nucleares de inimagin?vel pot?ncia, as armas qu?micas e bacteriol?gicas s?o capazes de destruir o mundo milhares de vezes! Existem 10 pa?ses que disp?em de armas nucleares e suas For?as Armadas mant?m um efetivo de l0 milh?es de combatentes, al?m de mais 30 pa?ses prestes a dominar a tecnologia nuclear.
O Pecado e o Predom?nio da Viol?ncia
Observando a descri??o acima, que demonstra a que lastim?vel ponto de indignidade ? capaz de chegar o ser humano, conclu?mos incontinenti que, por ?bvio, os protagonistas destas cenas dantescas n?o agiram sob inspira??o divina. A corrup??o universal do g?nero humano corrompeu-o integralmente, por isto ? permanentemente tendente ? pr?tica do mal; ? escravo do pecado e o escravo obedece as ordens do seu senhor.
O homem ? o ?nico ser da cria??o dotado de personalidade e livre arb?trio; no entanto optou, deliberadamente, por uma conduta de agressividade em rela??o ao pr?ximo e ? Natureza em ostensiva viola??o ? lei divina que ensina a amar a Deus sobre todas as coisas e ao pr?ximo como a si mesmo (Mt 22.36-40), por isso, sofre as inexor?veis consequ?ncias de sua equivocada op??o.
O fil?sofo ingl?s Tomas Hobbes cunhou esta frase emblem?tica: Homo lupus homini (o homem ? o lobo do homem). Movido por uma for?a maligna, que o domina, o seu objetivo ? devorar o seu irm?o.
O cientista Albert Einstein, pai da Teoria da Relatividade, judeu, nascido em Wirttenberg, na Alemanha, considerado o maior g?nio de todos os tempos, afirmou que o tra?o mais distintivo da natureza humana ? a agressividade. Respondendo ? pergunta sobre quais seriam as armas usadas na 3? Guerra Mundial, asseverou que preferia dizer quais ser?o usadas na 4? Guerra Mundial, se restar algum ser vivo: ser?o paus e pedras, pois tudo que foi constru?do at? hoje, ser? reduzido a cinzas. Segundo o fil?sofo Karl Jasper a guerra existe desde os prim?rdios da vida porque ela tem origem na pr?pria natureza humana e o escritor Tennesse Williams escreveu que o homem destr?i a si mesmo e acabar? por destruir toda a sua esp?cie.
A guerra ? a s?ndrome da viol?ncia e do ?dio, o embotamento da consci?ncia enferma, a coisifica??o brutal da obra-prima do Criador, atestado incontest?vel da submiss?o ?s hostes das trevas.
N?o s? os humanos, mas tamb?m a Terra foi atingida pela universalidade e maldi??o do pecado. Ap?s a queda do homem, Deus disse a Ad?o: "… maldita ? a terra por tua causa" (Gn 3.17b). A viol?ncia, a ambi??o desregrada e o ego?smo, frutos do pecado da desobedi?ncia, infelicitaram a pr?pria Natureza: 40% da ?rea dos oceanos est? gravemente prejudicada pela a??o do homem. A grande quantidade de di?xido de carbono (C02) despejada na atmosfera provoca o aquecimento do planeta, o que causa secas e a diminui??o dr?stica da produ??o de alimentos gerando fome, inunda?es, acidifica??o dos oceanos e extin??o de esp?cies. Metade dos rios da terra est? contaminada por esgoto, agrot?xicos e lixo industrial. A degrada??o e a pesca predat?ria amea?am reduzir em 90% a oferta de peixes utilizados para a alimenta??o.
A Verdadeira Paz
A causa fundamental de todos os conflitos, erros e desacertos humanos ? o pecado resultado do afastamento de Deus. "Quando Ad?o e Eva ouviram a voz do Senhor… esconderam-se de Sua presen?a" (Gn 3.8b). Ap?s cometer o fratric?dio (crime de morte de irm?o por irm?o) "Retirou-se Caim da presen?a do Senhor…" Gn 4.16a).
A t?o almejada paz e conc?rdia, sob todos os aspectos, ser? poss?vel quando Cristo reinar em todos os cora?es. A paz ? o fruto de uma vida de comunh?o com Deus, portanto, de submiss?o e obedi?ncia ?s suas ordenan?as e respeito a toda a cria??o A condi??o sine qua non, absolutamente necess?ria para alcan??-la, ? ouvir a voz de Deus. O salmista declara "a voz do Senhor ? poderosa, a voz do Senhor ? cheia de majestade" (Sl 29.4), "Ele p?e termo ? guerra at? aos confins do mundo, quebra o arco e despeda?a a lan?a: queima os carros no fogo" (Sl 46.9).
Enquanto a voz da astuciosa serpente, personificando o tentador, na dic??o do G?nesis, 3.1-7, estiver substituindo a voz de Deus levando ? desobedi?ncia, e a oferta do tentador no deserto, -"… mostrou-lhe num momento todos os reinos do mundo. Disse o diabo a Jesus: Dar-te-ei toda esta autoridade e a gl?ria destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser. Portanto, se prostrado me adorares, tudo isto ser? teu." (Lc 4.5-8)-, continuar despertando o incontido fasc?nio dos homens emulheres, a pazjamais reinar? no mundo. A oferta diab?lica que Jesus rejeitou na tenta??o no deserto foi aceita integral e incondicionalmente pelo homem. A humanidade sem Deus vive "… segundo o curso deste mundo, segundo o pr?ncipe da potestade do ar, do esp?rito que agora atua nos filhosdadesobedi?ncia" (Ef 2.2).
Celebrando esta data que come?ou a ser comemorada em 1? de janeiro de 1968, lembremo-nos de que a P A Z, o Shalom do Antigo Testamento, necessita, urgentemente, ser estabelecida no mundo. (Este voc?bulo hebraico ? de dif?cil tradu??o tal a riqueza de seu conte?do. Os tradutores da Septuaginta, LXX, a mais importante tradu??o grega deste Testamento, traduziram-na com vinte e cinco sentidos diferentes). Con-sideremos esta palavra com o sentido de algo completo, harmonia, bem-estar, realiza??o, felicidade plena e paz perfeita. Em o Novo Testamento, a paz precede o estabelecimento da comunh?o com Deus e a remo??o da inimizade centrada no pecado. A paz entre os homens faz parte do prop?sito pelo qual Cristo morreu na cruz e das opera?es do Esp?rito Santo. A paz h? de ser o sublime prop?sito de cada pessoa a irradiar-se por todo o universo das rela?es humanas. Todos n?s devemos ser agentes e instrumentos de sua promo??o. "Assim, pois, sigamos as coisas da paz… uns para com os outros" (Rm 14.19). "Vivei em paz uns com os outros" (1Ts 5.13b). "Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos d? continuamente a paz em todas as circunst?ncias" (2Ts 3.16). A verdadeira paz Cristo deixou para toda a humanidade: "Deixo-vos a PAZ a minha PAZ vos dou; n?o vo-la dou como o mundo a d?…" (Jo 14.27 a).
Quando a humanidade toda, homens e mulheres, receberem, volunt?ria e cordialmente, t?o preciosa d?diva deixada por Cristo, n?o haver? no calend?rio dos povos, t?o somente um dia dedicado ? Paz. O presente e o futuro, o tempo e o espa?o, e, a pr?pria eternidade, ser?o permanente cen?rio para a universal celebra??o da Paz, dom divino, que excede a toda compreens?o humana.
Prof. Dr. Ivam Pereira Barbosa
Bibliografia
* Silva, Francisco de Assis
Hist?ria Geral :Antiga e Medieval
S?o Paulo, Ed.Moderna, 1985
* Pazzinato, Alceu Luiz
Hist?ria Moderna e Contempor?nea
S?o Paulo, Ed.?tica, 1994
* O Novo Dicion?rio da B?blia
S?o Paulo, Vida, 1995
* Diccion?rio de La B?blia
Editorial Herder Barcelona, 1963
(dezembro de 2008)
