![]() | Jornal Aqui, de Volta Redonda, RJ, faz uma reportagem especial sobre D?zimos nas Igrejas |
POL?MICA: Cobran?a de d?zimos e ofertas por igrejas gera a?es judiciais e muita discuss?o
Uma quest?o delicada
Por L?via Venina
13/06/2009
O publicit?rio Jonas (nome fict?cio) afirma fazer de tudo para ser um bom crist?o. Sempre que pode, doa roupas, sapatos e cestas b?sicas para fam?lias carentes. Se algu?m lhe procura pedindo ajuda para comprar rem?dios, atende ao pedido se estiver em condi?es de faz?-lo. Para ele, ? uma forma muito mais pr?tica de ajudar ao pr?ximo do que separar 10% de seu sal?rio e entregar ? igreja. "A quest?o do d?zimo ? muito pol?mica. Como crist?o, sei que ? b?blico – ? uma ordenan?a de Deus. Mas n?o concordo com a forma como isto ? tratado pela maioria das igrejas evang?licas", afirma o publicit?rio, que por mais de dez anos pertenceu a uma igreja neopentecostal de Volta Redonda.
Afastado h? cerca de dois anos das atividades da igreja, Jonas deixa claro que s? deixou de frequentar os cultos por conta da import?ncia excessiva que os pastores, segundo ele, d?o ao assunto. "N?o deixei de ter minha cren?a, apenas me afastei de igrejas que fazem do d?zimo e da oferta uma ?moeda de troca? com Deus", explica. Segundo Jonas, a gota d??gua foi quando um pastor, em visita ? Volta Redonda, fez, dentro da igreja que frequentava, um apelo por ofertas financeiras. "Achei exagerado e de mau gosto. Ele dizia que dever?amos ofertar o que Deus colocasse no cora??o da gente: cinquenta, cem, cinco mil reais. E que Deus poderia, por conta disso, fazer de n?s pessoas muito endinheiradas", recorda o publicit?rio, que dispara: "Como se ser endinheirado fosse a coisa mais importante do mundo".
Segundo ele, durante o culto, muitos fi?is – sem condi?es de dar dinheiro e influenciados pela ret?rica convincente do pastor – ofertaram rel?gios, vales-transporte e at? sapatos, que depois foram vendidos na pr?pria igreja em uma esp?cie de ?bazar?. "N?o estou falando de gente que saiu de casa sem pegar dinheiro ou tal?o de cheques. Estou falando de gente humilde, que n?o tem dinheiro, que vive de sal?rio m?nimo. O que esses pastores fazem ? agir de m?-f?, ? abusar da boa vontade das pessoas", opina Jonas, contando que um amigo seu, certa vez, tocado pelo apelo pastoral, chegou a ofertar uma j?ia de fam?lia – sem o conhecimento e autoriza??o da mesma – ? igreja.
"O que mais irrita ? que sabemos que, pelas Escrituras, o dinheiro dos d?zimos e das ofertas deveria ser investido na manuten??o do templo e em obras sociais. Infelizmente, s?o poucas as igrejas que fazem isso", opina o publicit?rio, que completa: "O que vemos hoje s?o pastores ricos, andando em carr?es, gastando R$ 500,00 em restaurantes chiques e morando em casas com piscina, enquanto milhares passam fome e mal t?m o que vestir", sentencia.
Jonas vai al?m. Afirma que n?o v? problema algum em ter prosperidade financeira. Desde, ? claro, que ela seja adquirida atrav?s do trabalho. "N?o acho justo ofertar a d?cima parte do meu sal?rio a igrejas que n?o t?m compromisso com o social e se preocupam mais em pedir a Deus que fa?am de seus membros pessoas ricas e poderosas. Prefiro usar o meu dinheiro para ajudar a quem precisa, como acredito que o pr?prio Jesus faria", conclui.
A quest?o, sem d?vida, provoca debates acalorados. Chegou, inclusive, a gerar uma a??o judicial na qual a r? – uma igreja evang?lica – foi obrigada pela Justi?a a devolver ao fiel Edson Luiz de Mello, de Belo Horizonte (MG), todos os d?zimos e doa?es feitas por ele, que ? portador de enfermidade mental permanente e frequentava a igreja desde 1996. De acordo com o processo, movido pela m?e de Edson, o rapaz – que chegou a entregar todo o seu sal?rio de zelador ? igreja – era induzido a participar de reuni?es onde contribui?es financeiras eram sempre pedidas. Tem mais. Ainda segundo o processo, "promessas extraordin?rias" eram feitas na igreja em troca das ofertas e do d?zimo. Os dizimistas mais fi?is ganhavam, inclusive, um "Diploma de Dizimista" assinado – pasmem!- por Jesus Cristo.
Este n?o ? o ?nico caso. Em General Salgado/SP, Luciano Rodrigo Spadacio – ex-frequentador de uma igreja evang?lica – disse ? Justi?a ter sido convencido por um pastor a se desfazer dos seus bens materiais para ter uma ?vida melhor?. Por isso, h? dez anos ele vendeu tudo o que tinha – uma propriedade e um carro Del Rey – por R$ 2.600,00 e entregou o dinheiro ? igreja. Arrependido, ele conseguiu sustar um cheque de R$ 600,00, mas o outro, de R$ 2.000,00, foi resgatado pelos pastores.
Luciano, ent?o, entrou na Justi?a para reaver o valor doado. No in?cio deste ano, o ministro do Supremo Tribunal de Justi?a (STJ), Lu?s Felipe Salom?o, negou o pedido de recurso especial da igreja e manteve a decis?o dos desembargadores do Tribunal de Justi?a, que em 2007 condenaram a r? a devolver a doa??o a Luciano, em valores corrigidos desde 1999.
Que o assunto ? pol?mico ningu?m duvida. Afinal, envolve componentes muito pessoais, como a quest?o da f? e da cren?a. Mas, por outro lado, chama a aten??o quando entra na esfera judicial e suscita um debate sobre at? que ponto ? l?cito ? religi?o levar seus fi?is a contribuirem com quantias cada vez maiores de dinheiro. Como a quest?o ? delicada, n?o s?o poucos os religiosos que se recusam a falar sobre ela. O pastor Joel Pereira, l?der de uma das maiores igrejas evang?licas da cidade do a?o, a Comunidade Evang?lica Projeto Vida, ? um deles. Foi procurado pelo aQui para dar sua opini?o acerca dos processos judiciais que envolvem a doa??o de d?zimos e ofertas.
Muito sucintamente, ele disse por e-mail que, em sua opini?o, o assunto n?o era "relevante para ser exposto e debatido numa mat?ria de jornal". Tem mais. "O assunto d?zimos e ofertas ? algo muito particular e pessoal daqueles que s?o crentes e conhecem a B?blia, e que querem viver num padr?o e nos princ?pios b?blicos", afirmou o pastor Joel em sua mensagem. "? um tema de car?ter espiritual e meramente especulativo para quem n?o tem discernimento e nem olha para este tema como algo espiritual", concluiu, sem responder, entre outras, se a Projeto Vida possui algum projeto de cunho social mantido com o dinheiro arrecadado em seus cultos.
| Padre Bernardo: "O d?zimo ? um dever para quem ? convicto na f?" |
J? o padre Bernardo Thus, vig?rio-geral da Diocese de Volta Redonda, posiciona-se de forma bastante enf?tica contra o abuso na cobran?a de d?zimos e ofertas. Ele explica que, assim como nas igrejas evang?licas, a Igreja Cat?lica tamb?m recomenda que seus fi?is sejam dizimistas. Mas de uma forma completamente diferente. "A Igreja Cat?lica cobra apenas 1%, at? por causa da pobreza do povo, que deve ser levada em conta. Quem quiser contribuir com mais, pode. Mas n?o ? uma regra. A doa??o ? volunt?ria", revela padre Bernardo, que vai al?m. Diz que ? b?blico, sim, fazer a arrecada??o de d?zimos e ofertas, desde que haja bom senso. "A B?blia diz que ? um dever, mas para quem ? convicto na f?. N?o fazemos lavagem cerebral", sublinha.
Segundo ele, na Igreja Cat?lica todo o dinheiro arrecadado ? revertido em obras da congrega??o e em sua manuten??o. "Al?m disso, as igrejas t?m suas pastorais, que tamb?m s?o beneficiadas", diz ele, que n?o se furta a revelar o valor mensal arrecadado pela Igreja de Bom Jesus, no Retiro. "N?o temos problemas em revelar o valor. S?o R$ 5 mil por m?s. N?o ? muito dinheiro, mas com ele pagamos ?gua, luz, a limpeza da igreja, o jornalzinho da comunidade e, ?s vezes, ? utilizado para ajudar fam?lias que estejam passando por necessidades", informa o padre, lembrando que todo sacerdote faz, quando ? ordenado, um voto de sobriedade. "Nos comprometemos a viver uma vida s?bria, sem luxos", enfatiza, acrescentando, por?m, que todos os padres recebem uma pequena ajuda de custo da comunidade para fazer seu trabalho.
Durante as missas cat?licas, diz padre Bernardo, tamb?m h? o recolhimento de ofertas, a exemplo do que acontece nas igrejas evang?licas. Mas tudo de forma bem diferente. "Sem lavagem cerebral, sem for?ar a barra, sem amea?as. Oferta quem quer", enfatiza o vig?rio-geral. Ele vai al?m. Afirma que a Igreja Cat?lica Apost?lica Romana n?o aderiu e n?o concorda com a Teologia da Prosperidade (ver box) – largamente aceita e praticada em algumas igrejas evang?licas.
Padre Bernardo explica os motivos: "Deus n?o se compra. Somos radicalmente contra esta Teologia da Prosperidade, que ? falsa. H? pessoas que acham que, por serem bons crist?os, n?o ter?o problema nenhum. Por maus bocados todos n?s passamos; faz parte da vida, n?o ? castigo de Deus. Deus ? misericordioso", argumenta o religioso.
Para padre Bernardo, a figura do ?devorador? – apontado por muitos l?deres religiosos como o respons?vel pelo fracasso na vida financeira dos fi?is – n?o passa de "papo furado". "Isso ? para enganar o povo", ressalta. Segundo ele, a prova cabal de que muitos religiosos est?o usando de m?-f? para enriquecer ?s custas da popula??o, ? o que vem acontecendo em certas igrejas evang?licas de Volta Redonda. "J? encontrei pessoas, daqui de Volta Redonda, que eram obrigadas, todo m?s, a mostrar o contracheque para o pastor da igreja. Quanto mais o fiel ganha, mais ele ? cobrado e levado a contribuir", denuncia padre Bernardo, preferindo n?o revelar o nome da igreja onde tal pr?tica ? comum.
Ele aponta outro problema envolvendo a quest?o: o preconceito. "A pessoa que ? cat?lica ?s vezes n?o consegue emprego em casas ou empresas de protestantes. E alguns protestantes deixam de comprar material de constru??o, por exemplo, na loja de um cat?lico, para favorecer a loja do irm?o protestante. Isso prejudica a vida de muita gente", salienta. Mas apesar dos pesares, diz padre Bernardo, os d?zimos e ofertas s?o fundamentais para manter as atividades sociais e religiosas das igrejas – sejam elas protestantes ou cat?licas. O importante, frisa o religioso, ? que o dinheiro seja recolhido de forma honesta, respeitando as possibilidades financeiras de cada fiel. "Sem o d?zimo, a comunidade p?ra", conclui.
Protestantismo
Embora a pr?tica de fazer apelos visando a levar os fi?is a contribu?rem financeiramente seja comum nas igrejas de raiz protestante, n?o s?o todas as que concordam com ela. O pastor Jorge Luiz Gouvea Vieira, da 1? Igreja Batista de Volta Redonda, tem 27 anos de sacerd?cio. E afirma que jamais ouviu falar de um ?nico fiel de sua denomina??o que tenha reivindicado a devolu??o de d?zimos e ofertas – seja na Justi?a ou por outros meios. "Em uma Igreja Batista a pr?tica do d?zimo e oferta ? muito bem orientada, muito bem conscientizada, de tal forma que somente os membros da Igreja – depois de bem ensinados – assumem voluntariamente o compromisso de exercer essa pr?tica", explica, acrescentando que nos cultos da igreja n?o s?o feitos pedidos de oferta e muito menos de entrega de d?zimos. "Jamais foi pedido d?zimo ou oferta em nossos cultos", reafirma.
De acordo com o pastor Jorge, todos os que se tornam batistas aprendem, baseados na B?blia, o que ? dizimar e ofertar. "S? depois ? que entregam seus d?zimos e fazem isto com tanta consci?ncia e convic??o que, mesmo que algu?m tentasse induzi-los a n?o faz?-lo, dificilmente conseguiria sucesso em seu intento", explica, aproveitando para posicionar-se contra a pr?tica de pedir ofertas indiscriminadamente. E justifica: "Tal pr?tica acaba nisso; pessoas reivindicando devolu??o e que, a meu ver, devem ser atendidas em sua reivindica??o", frisa.
| Para Pastor Jorge, ? preciso ter bom senso |
Assim como o padre Bernardo Thus, o pastor Jorge Vieira afirma que dar d?zimos e ofertas ?s igrejas ? algo que o crist?o deve fazer com alegria, assim como orienta a B?blia Sagrada. "Em Malaquias 3:10 est? escrito: ?Tragam todos os d?zimos ? Casa do Senhor. E depois fa?am prova de mim, Eu vos abrirei as janelas dos c?us. Assim diz o Senhor?. Em Prov?rbios 3:9 diz: ?Honra ao Senhor com as prim?cias de todos os seus rendimentos?. E em II Cor?ntios 9:6-7 est? escrito, entre tantas coisas, que o Senhor ama ao que contribui com alegria", informa.
Uma curiosidade que muitas pessoas n?o-evang?licas t?m, diz respeito ? contribui??o financeira dos pastores para com a obra religiosa. Jorge, que ? batista h? 35 anos, orgulha-se de ser um dizimista fiel h? 34 anos e seis meses. Ele, todos os meses, separa 10% de seu sal?rio para entregar ? igreja. "Depois de entregar minha vida a Jesus e ingressar na Igreja, passei pela classe da Escola B?blica e, conscientizado desse ensino, passei a pratic?-lo e sou feliz por faz?-lo", revela o pastor, que ensinou aos filhos a import?ncia de contribuir. "Ensinei isso aos meus filhos ainda bem pequenos. As ?mesadinhas? eram dizimadas", conta.
A 1? Igreja Batista de Volta Redonda, segundo o pastor Jorge Vieira, possui cerca de 250 membros. L?, de acordo com ele, os fi?is entregam os d?zimos e ofertas em um momento especial do culto – sem cantoria exagerada e, principalmente, sem falsas promessas. "Este momento do culto dura, no m?ximo, de cinco a dez minutos. O dinheiro ? colocado num envelope numerado, contendo o nome do fiel", diz Jorge, explicando que, a partir disso, uma comiss?o de di?conos – membros antigos da igreja e id?neos – recolhe os envelopes e registra as entradas em um livro pr?prio.
Ao contr?rio dos outros cinco pastores que foram procurados pelo aQui para participar da reportagem, o pastor Jorge Vieira foi o ?nico a concordar com a entrevista e a revelar a arrecada??o mensal de sua igreja. "Numa igreja com membros das diversas classes sociais da cidade – pedreiros, carpinteiros, eletricistas, comerciantes, v?rios engenheiros, advogados, m?dicos, professores etc -, nossa arrecada??o mensal varia entre R$ 23 mil e R$ 25 mil", revela o pastor, acrescentando que o valor arrecadado ? investido, a exemplo do que acontece na Igreja Cat?lica, na manuten??o do templo e nos projetos desenvolvidos pela comunidade religiosa.
Sobre a mania que alguns l?deres religiosos – em especial, os neopentecostais – t?m de dizer que Deus lan?ar? um castigo caso a contribui??o financeira n?o seja feita, o pastor Jorge ? taxativo: "N?o creio no castigo de Deus em hip?tese alguma. Isso ? chantagem, fere completamente o esp?rito crist?o da contribui??o", salienta.
J? em rela??o aos pastores que afirmam que a vida financeira dos fi?is n?o prosperar? caso quantias cada vez maiores de dinheiro n?o sejam doadas ? igreja, Jorge Vieira opina: "Se esses l?deres n?o forem ignorantes em rela??o ao verdadeiro ensino b?blico sobre o assunto, ent?o, s?o mal-intencionados".
Quanto ? Teologia da Prosperidade – que tem encontrado cada vez mais espa?o nas denomina?es pentecostais e neopentecostais brasileiras -, ele diz apenas que se trata de uma inven??o americana que se desenvolveu motivada pelo esp?rito consumista da sociedade moderna. Um esp?rito bem capitalista, diga-se de passagem.
Justi?a
Embora a doa??o de d?zimos e ofertas a igrejas seja – ao menos teoricamente – volunt?ria, aqui e ali surgem casos de fi?is que, arrependidos, exigem reparos pelos danos financeiros e morais que dizem ter sofrido. Nessas horas, deixam de lado a Justi?a Divina e procuram a Justi?a dos homens. De acordo com o advogado Raphael Cajazeira Brum, de Barra Mansa, a quest?o ? extremamente pol?mica e provoca diverg?ncias no meio jur?dico. Mas, em sua opini?o, todo cidad?o que se sentir lesado financeiramente por ter acreditado em promessas feitas por religiosos, tem o direito de buscar a ajuda da Justi?a.
"Partindo da premissa de que uma doa??o – n?o importa para qual finalidade – se trata de um neg?cio jur?dico, comungo do entendimento de que esta doa??o deve ser revestida dos mesmos elementos de qualquer outro neg?cio. Ou seja, a parte doadora – no caso, o fiel – deve estar plenamente consciente do ato que est? prestes a cometer", opina o advogado.
Para ele, o que falta na concretiza??o da doa??o de dinheiro para as igrejas ? justamente a consci?ncia. "A pessoa tocada pela f?, ou pelas promessas de vida p?s-morte, felicidade e plenitude eterna, possivelmente n?o est? agindo imbu?da da pura raz?o. Certamente est? agindo movida pelo seu sentimento religioso", explica Raphael Brum.
Assim sendo, diz ele, ? cab?vel que os fi?is busquem o Poder Judici?rio para que lhes sejam devolvidos os valores doados a t?tulo de d?zimo ou oferta. "Isso, tendo em vista que naquele momento da doa??o, eles n?o estavam plenamente conscientes de seus atos", analisa o advogado, ressaltando que os discursos religiosos – recheados de promessas de prosperidade em troca de valores monet?rios – t?m um forte componente emocional que pode induzir as pessoas a agirem de um modo que, normalmente, elas n?o agiriam.
De acordo com Raphael, j? h? precedentes na Justi?a brasileira para a?es como essas. "O Tribunal de Justi?a de Minas julgou procedente uma a??o proposta por um fiel contra sua congrega??o religiosa por entender que a institui??o religiosa que recebe como doa??o um valor muito superior ?s posses do doador, sem a devida cautela, responde civilmente pela conduta desditosa", explicou, acrescentando que as ?promessas extraordin?rias? feitas por l?deres religiosos em troca de dinheiro podem ser utilizadas em processos assim.
Para finalizar, o advogado afirma que decis?es como esta, tomada pela Justi?a mineira, podem ser consideradas um verdadeiro avan?o no meio jur?dico. "E ? a ?nica forma de manuten??o de um Estado laico e independente, pois apesar de a f? ser uma importante estrutura para a sociedade moderna, n?o podem alguns homens, desprovidos de boa-f?, utilizarem o nome de Deus para obter lucros em detrimento do povo deste pa?s, j? t?o sofrido", concluiu Raphael Brum.
Teologia da Prosperidade
A Teologia da Prosperidade ? conhecida por v?rios outros nomes: palavra de f?, movimento da f?, Evangelho da sa?de e da prosperidade e confiss?o positiva. Surgiu nas primeiras d?cadas do s?culo XX, nos EUA, e ? baseada em interpreta?es b?blicas que afirmam que os verdadeiramente fi?is a Deus devem desfrutar de uma excelente situa??o financeira. Noutras palavras: t?m ?direito? a boa sa?de, carro do ano, sucesso profissional, viagens, roupas caras, casas grandes, dentre outros luxos. Isso ? claro, partindo do princ?pio de que "? preciso dar para receber" – o que justifica os milh?es de reais que s?o movimentados, todos os anos, nos templos evang?licos.
No Brasil, a novidade chegou no final da d?cada de 1970 e in?cio de 1980. Ao longo dos anos, a nova doutrina foi abra?ada, principalmente, pelas igrejas neopentecostais, como a Igreja Apost?lica Renascer em Cristo – fundada pelo casal Estevam e S?nia Hernandez – e a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, dentre outras.



