E quando se aproximava da descida do Monte das Oliveiras, toda a multid?o dos disc?pulos passou, jubilosa, a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinham visto, dizendo: Bendito ? o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no c?u e gl?ria nas maiores alturas! Ora, alguns dos fariseus lhe disseram em meio ? multid?o: Mestre, repreende os teus disc?pulos. Mas ele lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se calarem, as pr?prias pedras clamar?o.
Lucas 19.37-40
No domingo que antecede a P?scoa, o roxo lit?rgico de muitas igrejas mescla-se ao verde. Folhas ornamentam e integram dramatiza?es que relembram os momentos da festiva entrada de Jesus
Naquela manh? de j?bilo, palavras de louvor brotavam espontaneamente dos l?bios do povo. Sim, certamente eram palavras espont?neas, mas de forma alguma vazias ou descompromissadas… N?o era a repeti??o mec?nica de "am?ns" e "gl?rias a Deus" que se ouve em muitas igrejas a cada frase proferida numa prega??o. Eram palavras que envolviam uma atitude de profundo compromisso e muita coragem. Louvar o nazareno Jesus como Rei e enviado de Deus,
Ap?s a festiva entrada de Jesus em Jerusal?m n?o se passariam muitos dias at? a morte de cruz. ? prov?vel que algumas daquelas pessoas que testemunhavam a majestade de Jesus tenham sofrido posteriormente a?oites e pris?es, tal como sofreram os ap?stolos, no per?odo que sucedeu a ressurrei??o. Contudo, naquela manh? festiva, nenhum poder seria capaz de fazer calar a voz que brotava do Esp?rito de Deus. Se o louvor n?o soasse de suas gargantas, soaria das pr?prias pedras que se acumulavam no ch?o seco de Jerusal?m.
Ser? que os disc?pulos tinham plena consci?ncia do que viria a seguir? Jesus certamente sabia, e j? os havia alertado. "Dizia a todos: Se algu?m quer vir ap?s mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lc 9.23). Depois dos ramos da ?rvore, em louvor ao Rei, viria a morte infame no madeiro. Seguir a Jesus, firmar um compromisso com o Reino de Deus, sempre foi assumir uma atitude de coragem, compromisso e, muitas vezes, sofrimento e resigna??o.
N?o ? diferente nos dias de hoje. Louvar a Jesus pode implicar no enfrentamento das for?as que promovem a injusti?a e a morte: salvar crian?as do abuso sexual, salvar jovens do tr?fico, salvar mulheres da viol?ncia dom?stica, abrigar sem-teto, dar acolhida ? prostituta… Tudo isso ? muito perigoso; e exige n?o apenas coragem individual, mas organiza??o institucional e uni?o de esfor?os. Contudo, n?o nos enganemos mais. ? este o verdadeiro louvor e adora??o que Deus espera de sua Igreja. "Ele te declarou, ? homem, o que ? bom; e que ? que o Senhor pede de ti, sen?o que pratiques a justi?a e ames a miseric?rdia, e andes humildemente com o teu Deus?" (Miqu?ias 6.8) Por isso, se a Igreja se calar, toda a natureza clamar?. Clamar?o as m?es que perdem seus filhos para a viol?ncia, clamar?o os pobres que perdem a esperan?a, clamar?o os animais em extin??o e o meio-ambiente em desequil?brio…
Domingo de Ramos ? dia de louvar a Jesus. Mas louvar com os olhos voltados para a cruz, com a consci?ncia de que nossos atos e palavras de compromisso com o Reino de Deus ter?o conseq??ncias. Sim, o sofrimento h? de vir, pois n?o h? quem se comprometa com a Verdade sem pagar um pre?o… Houve um dia, por?m, em que, antes de voltar ao Pai, Jesus orou por n?s. Ele disse: "N?o rogo somente por estes, mas tamb?m por aqueles que vierem a crer em mim, por interm?dio de sua palavra" (Jo?o 17.20). Ele sabia que ter?amos d?vidas e medo. Ele sabia que precisar?amos de ora??o. Ele ?, e sempre ser?, "Deus conosco".
Suzel Tunes